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segunda-feira, 20 de outubro de 2014


O CATOLICISMO ROMANO
INTRODUÇÃO
Conhecer o culto e a estrutura de uma religião nos ajuda a fazer uma justa avaliação sobre e ela e, assim termos os subsídios necessários para erigirmos um conceito e destruirmos todos os preconceitos. De fato os preconceitos falam exaustivamente e eles só podem ser corrigidos pelo exaustivo estudo. Sobre esse aspecto Greschat (2005, p. 126) afirma:
Quanto menos sabemos a respeito de uma coisa, mais seguros nos sentimos em nossa avaliação a seu respeito. Quanto melhor conhecemos, porém, mais cuidadosos são nossos julgamentos, uma vez que o elemento conhecido possui diversos lados que, por vezes, se contradizem. Comparações aprofundam nosso conhecimento, levam novos insights
Nenhum conhecimento pode partir de outro ponto de vista a não ser daquele que observa. Dessa maneira, o observador que vai até o seu objeto de estudo, com o intuito de conhecê-lo, o faz com relativa imparcialidade, sobre as ferramentas teóricas que possui e, terminado esse processo gnosiológico, possui material capaz de entender melhor o outro e a si mesmo. No acréscimo de conhecimento sobre uma religião que não é a nossa ganhamos novos insights sobre a nossa própria maneira de cultuar.
Os teólogos utilizam as informações das ciências da religião para direcionar a atividade apologética e dar maior precisão as argumentos utilizados. Mesmo que Greschat afirme: “muitos cientistas da religião ficariam gratos se os resultados de seu trabalho não fossem usados abusivamente como munição contra outras religiões” (GRESCHAT, 2005, p. 126).
Paulo ficou revoltado no espírito ao ver Atenas entregue a idolatria (At 17.16), porém podemos perceber que seu natural distanciamento da religião pagão no o impediu de compreender sua teologia e inclusive sua literatura, mas não par seu deleite, tampouco porque a verdade da Palavra seja insuficiente, mas para saber como expor e aplicar a Palavra a determinada cultura.
Portanto, nesse trabalho temos como objetivo expor as questões mais básicas do catolicismo romano, ou seja, como lida com a liturgia, a hierarquia, as devoções, a Revelação, os Sacramentos, o perdão, e dar ênfase ao sacramento da Eucaristia.
I.              A Liturgia: celebração do mistério pascal
A própria palavra liturgia significa serviço sagrado e para a fé romana. Segundo o documento conciliar, Sacrosanctum Concilium (2), é na liturgia que se opera o fruto da redenção, ou seja, nela se atualizaos beefícios do sacrifício de Cristo. Sobre esse aspecto o Catecismo da Igreja Católica (1104) afirma:
A liturgia cristã não somente recorda os acontecimentos que nos salvaram, como também os atualiza, tornando-os presentes. O ministério pascal de Cristo é celebrado, não é repetido; o que se repete sãos as celebrações; em cada uma delas vem sobrevém a efusão do Espírito Santo que atualiza o único mistério
Dessa maneira, nenhuma ação litúrgica se orienta pela beleza ou pelo pragmatismo, mas com o intuito de comunicar os sinais sensíveis traz no seu interior para que, assim, os fiéis possam contemplar seus sinais invisíveis. O próprio Bento XVI, tratando sobre essa questão, na Encíclica Sacramentum Caritatis, afirma que a melhor maneira do povo participar ativamente da liturgia é zelando pela sua arte, ou seja, a maneira fiel de celebrá-la.
A celebração litúrgica deve ser bela, todavia sua estética não é orientada pelo padrão dos tempos e das culturas, mas no esplendor da verdade. Bento XVI (35) afirma:
A relação entre mistério acreditado e mistério celebrado manifesta-se, de modo peculiar, no valor teológico e litúrgico da beleza. De facto, a liturgia, como aliás a revelação cristã, tem uma ligação intrínseca com a beleza: é esplendor da verdade (veritatis splendor). Na liturgia, brilha o mistério pascal, pelo qual o próprio Cristo nos atrai a Si e chama à comunhão.
De acordo com o mesmo Sacrosanctum Cocilium, é na celebração litúrgica, que, por ser humana, se apresentam sinais visíveis e, por ser divina, mostram-se sinais invisíveis para a contemplação dos fieis. Se a relação entre esses sinais estão vinculados a arte da celebração, todo processo de inculturação do rito precisa estar submissa às orientações do missal romano.
O responsável por zelar pela liturgia na igreja é o Bispo, o ordinário diocesano, de tal maneira que os padres conciliares afirmaram:
O Bispo deve ser considerado como o sumo-sacerdote do seu rebanho, de quem deriva e depende, de algum modo, a vida de seus fiéis em Cristo. Por isso, todos devem dar a maior importância à vida litúrgica da diocese que gravita em redor do Bispo, sobretudo na igreja catedral. (Sacrosanctum Concilium, 41)
Dessa maneira, toda inculturação que não seja orientada e supervisionada pelo Bispo diocesano é herética e arbitrária e seus idealizadores estarão sujeitos a admoetações. A esse respeito afirma o Código de Direito Canônico (CIC[1]) (Cân. 528 § 2):
Vele o pároco por que a santíssima Eucaristia seja o centro da Sqüência paroquial dos fiéis; trabalhe para que os fiéis se alimentem pela devota celebra­S dos sacramentos e que de modo especial se aproximem com Sqüência dos sacramentos da santíssima Eucaristia e da penitência; esforce-se de igual modo ainda por que os mesmos sejam levados à prática da oração também em família, e tomem parte consciente e activa na sagrada liturgia, que o pároco, sob autoridade do Bispo diocesano, deve orientar na sua paróquia, e na qual está obrigado a vigiar para que subrepticiamente se não introduzam abusos.(grifo nosso)
A liturgia fielmente celebrada fortalece os indivíduos que dela participam com o corpo místico como um todo, que, unido a sua cabeça, Cristo, se dirige ao Pai Eterno.
A Igreja Católica Apostólica Romana celebra ao longo do ano a memória da sagrada salvação, por isso, quatro semanas antes do natal inicia o ano litúrgico com o advento, passa pelo natal, o tempo comum, a páscoa, a festa do pentecostes, o tempo comum e termina com a celebração de Cristo rei do universo.
O ápice da celebração é o mistério pascal de Cristo, por isso, como veremos a Eucaristia pode estar em todos os momentos da via da igeja e não uma ato da igreja que não leve o fiel a adoração do Cristo vivo no sacramento do altar.
II.            A Hierarquia da Igreja: o primado do bispo de Roma e a sucessão apostólica
A Igreja Católica Apostólica Romana, segundo o documento conciliar Lumen Gentium (20), acredita que Jesus deu a Pedro o múnus e apascentar a igreja e este foi transmitido sucessivamente ao longo dos anos e exercido pela ordem dos Bispos, o que pode ser claramente visto nas palavras do próprio documento: “Ensina, por isso, o sagrado Concílio que, por instituição divina, os Bispos sucedem aos Apóstolos, como pastores da Igreja; quem os ouve, ouve a Cristo; quem os despreza, despreza a Cristo e Aquele que enviou Cristo (cfr. Luc. 10,16)” (Lumen Gentium, 20).
Os Bispos recebem pela sucessão apostólica a tarefa de apascentar a igreja o que se dá no serviço de santificá-la, ensiná-la e governá-la (o tríplice ministério), porém nunca de forma independente ou rebele ao sucessor de Pedro e cabeça do colégio episcopal (CIC, Cân. 375).
O Código de Direito Canônico entende o Bispo de Roma da seguinte maneira:
O Bispo da Igreja de Roma, no qual perdura o múnus concedido pelo Senhor singularmente a Pedro, primeiro dos Apóstolos, para ser transmitido a seus sucessores, é a cabeça do Colégio dos Bispos, Vigário de Cristo e aqui na terra Pasto da Igreja universal; ele, pois, em virtude de seu múnus, tem na Igreja o poder ordinário supremo, pleno, imediato e universal, que pode sempre exercer livremente. (CIC, Cân. 331, grifo nosso)
A igreja interpreta que Jesus, no Evangelho de Mateus 16.18, na expressão: tu S Petrus et super hanc petram aedificabo ecclesiam meam et portae inferi non praevalebunt adversum eam[2], como se Jesus tivesse dado singularmente a ele a autoridade de reger a igreja que está firmada nele, o que pode ser confirmado (no pensamento da fé romana) em João 21.15-17.
O poder papal é ordinário, ou seja, não cessa com ela mas segue uma ordem, por isso, o Papa Francisco é 266º papa da Igreja. A autoridade do Papa é suprema, ou seja, ela não pode ser questionada por nenhum órgão superior, nem mesmo sua vontade de renunciar ao múnus pode ser questionada se for livre e publicamente manifesta (CIC, Cân.332 § 2).
O papa não precisa de meios para exercer poder, tampouco está restrito (pela jurisdição eclesiástica) a nenhum território específico, logo é Papa até dos pagãos ou daqueles que não reconhecem sua autoridade.
A partir dessa concepção o Papa Francisco se sentiu a vontade para enviar uma mensagem aos líderes evangélicos reunidos no Texas ou entrar em uma Igreja Assembleia de Deus na Comunidade de Manguinhos rezando o Pai-Nosso em visita ao Brasil pela Jornada Mundial da Juventude em 2013.
O Papa quando se pronuncia ex cathedra, ou seja, “ato definitivo que tem de ser aceite uma doutrina acerca da fé ou dos costumes” é infalível, assim como os Bispos reunidos em Concílio Ecumênico (CIC, Cân. 749 e parágrafos). Dessa maneira, o papa pode ter opiniões pessoais falíveis, assim como pode falhar ao falar de ciência ou geografia (como a igreja falhou na Idade Média e Moderna), mas quando assume falar como Papa com o firme propósito de definir um problema restrito à fé e a moral ele é assistido de caráter infalível.
De fato essa doutrina se torna cada vez mais extravagante em mundo que não aceita nenhum tipo de autoritarismo de tal maneira que, em entrevista no avião que o levava do Brasil para a Europa em 2013, disse: “Se uma pessoa é gay e procura Deus e tem boa vontade, quem sou eu para julgá-lo”. Com certeza a diplomacia requerida do Cardeal Bergóglio leva-o a ter cuidado em questões de moral que poderia julgar e definir, assim esse pronunciamento do Papa no avião não é infalível, porque é pessoal.
O documento conciliar Lumen Gentium (22) entende o Papa como vínculo da unidade, da caridade e da paz, de tal forma que toda a igreja está segura de seu pastoreio e os demais bispos só pertencem ao colégio apostólico em comunhão com o Servo dos Servos de Deus.
Os Bispos regem suas respectivas dioceses ou Arcebispos[3] em suas arquidioceses, ou seja, da igreja particular e trabalha para a edificação do rebanho auxiliado pelos presbíteros(padres) e diáconos. A esse respeito o Cerimonial dos Bispos (10) afirma:
O Bispo exerce o governo da Igreja particular que lhe está confiada, não somente por meio de conselhos, persuasões e exemplos, mas também usando da autoridade e do poder sagrado que recebeu pela ordenação episcopal para edificar o próprio rebanho na verdade e na santidade. “Os fiéis, por seu lado, devem aderir ao seu Bispo, como a Igreja adere a Jesus Cristo e Jesus Cristo ao Pai, de modo que todas as coisas concorram para a unidade e cresçam para glória de Deus.
A palavra cardeal vem do latim cardo, cardinis que significa eixo ou gonzo, o que revela muito de sua própria função, pois constitui o colégio peculiar de sua santidade podendo ser convocado para decidir assuntos de interesse da Santa Sé ou em Conclave para eleger o Sumo Pontífice.
III.           As devoções: Maria mãe da igreja
A Igreja Católica Apostólica Romana acredita na intercessão dos santos e os dedica especial veneração. Apesar do imaginário popular canonizar diversas pessoas como a Menina Izildinha, Padre Cícero ou Padre Donizete, o Código de Direito Canônico (Cân. 1187) afirma: “só é lícito venerar com culto público os servos de Deus, que foram incluídos pela autoridade da Igreja no álbum dos Santos ou Beatos”.
A igreja entende que no seu culto e lícito prestar honra aos santos, pois entende que dessa forma fomenta a santificação das pessoas (CIC, Cân. 1186), ou seja, o fiel lendo a hagiografia de um determinado santo sente-se inspirado a ser fiel a Cristo e a Igreja tal como ele foi.
Quando um homem ou uma mulher devidamente incluído no álbuns de santos ou beatos pelo Santo Padre é reverenciado na celebração litúrgica isso recebe o nome de dulia (palavra que vem do verbo grego Δουλεύω: ser escravo, servir, obedecer), quando a virgem Maria é venerada sempre de forma mais especial recebe o nome de hiperdulia (implica uma servidão maior e mais especial), a latria (palavra que vem do verbo grego Λατρεύω: ser mercenário, servir, adorar) só e dada a Deus.
Entretanto na prática cotidiana a igreja às vezes tem de fazer vistas grossas para não condenar uma série de atitudes da religiosidade popular que burlam seu próprios preceitos, haja vista, que um católico humilde e expremamente devoto de Santa Rita de Cássia pode precedê-la a Deus. O Cerimonial dos Bispos traz como uma de suas celebrações (neste caso paralitúrgica) a coroação de Maria.
A veneração para com as imagens da Bem-aventurada Virgem Maria manifesta-se de modo peculiar, ornando com a coroa real a cabeça da Virgem santa e, se for o caso, também a de seu Filho. Com este rito, os fiéis professam que a Santíssima Virgem, elevada à glória celeste em corpo e alma, é com razão considerada e invocada como Rainha, sendo como é Mãe e Cooperadora de Cristo, Rei do Universo, que, com o seu precioso sangue adquiriu todos os povos em herança. (Cerimonial dos Bispos, 1033, grifo nosso)
A propósito a ideia de que Maria foi assunta e coroada é um dogma mariana sem viabilidade Escriturística e que foi legitimado ex cathedra por Pio XII em 1950, na Encíclica Munificentissimus Dei, na qual diz:
A augustíssima Mãe de Deus, associada a Jesus Cristo de modo insondável desde toda a eternidade ‘com um único decreto’ de predestinação, imaculada na sua concepção, sempre virgem, na sua maternidade divina, generosa companheira do divino Redentor que obteve triunfo completo sobre o pecado e suas conseqüências, alcançou por fim, como suprema coroa dos seus privilégios, que fosse preservada da corrupção do sepulcro, e que, à semelhança do seu divino Filho, vencida a morte, fosse levada em corpo e alma ao céu, onde refulge como Rainha à direita do seu Filho, Rei imortal dos séculos (cf. 1Tm 1,17)
Esse devocionalismo, muitas vezes, caminha paralelo a igreja sendo praticado especialmente por aqueles mais humildes. Quem não se recorda da obra O Pagador de Promessa de Dias Gomes, que narra a saga de Zé do Burro para pagar sua promessa a Santa Bárbara na igreja de salvador, porém encontra resistência do Padre, porque, na falta de imagens da santa d devoção nas igrejas firma a promessa de levar uma cruz tão pesada como de Cristo por sete léguas.
As idas e vindas internas e externas das grandes instituições religiosas descartam a ideia de uma evolução linear porque está na essência da religião o esforço no sentido do eterno retorno as suas origens místicas, assim como para a manifestação de uma ordem sempre ameaçada pelo caos (Mendonça in TEIXEIRA, 2008, p. 126).
Podemos perceber, como Wolters (2006, p.99), que a atenção do catolicismo é o exterior e, por isso, lega-lhe ritos que visam consagrar coisas, animais e pessoas no intuito de tornar santo.
IV.          A Revelação: a Palavra e a Tradição
O documento conciliar Dei Verbum (9) entende que a Palavra de Deus e a Tradição da Igreja procedem da mesma fonte divina e, por isso, tendem para o mesmo fim. Dessa maneira, ambas devem ser recebidas com igual reverência, porque, como vimos anteriormente, o Papa e os Bispos em concílio são infalíveis, tal como a Palavra.
A igreja detém a autoridade última na interpretação do texto sagrado (Dei Verbum, 12), por divino mandato e ministério. Os teólogos podem proceder suas pesquisas, mas desde que estejam submissos a autoridade última da Santa Sé.
A mesma coisa acontece quanto às traduções. Apenas a autoridade eclesiástica competente pode ceder autorização para publicar traduções vernáculas até mesmo contando com a ajuda dos irmãos separados. A esse respeito o Código de Direito Canônico (Cân. 825 § 1) afirma:
Os livros das sagradas Escrituras não podem ser editados sem aprovação da Sé Apostólica ou da Conferência episcopal; do mesmo modo, para serem editadas as versões dos mesmos nas línguas vernáculas, requer-se a aprovação da mesma autoridade, e devem ainda ser anotados com explicações necessárias e suficientes.
A igreja Católica Apostólica Romana incentiva os clérigos e sobretudo os scerdotes, diáconos e catequistas a se consagrarem ao ministério da Palavra estudando-a exaustivamente (Dei Verbum, 25), pois, como afirma Jerônimo, “a ignorância das Escrituras é a ignorância do próprio Cristo”, todavia seu ensino deve ser ministrado de modo seguro para ser útil e penetrar o espírito (Dei Verbum, 25).
Especialmente no sacrifício da missa[4], há duas mesas que servem em abundância o povo: a mesa da Palavra e a mesa de Eucaristia. Nessa celebração litúrgica
V.           Os Sacramentos: sinais visíveis da graça de Deus
Segundo o Catecismo da Igreja Católica (774), a palavra grega μυστήριον (mysterion) foi traduzida no latim por sacramentum, assim o sacramento “exprime mais o sinal visível da realidade escondida da salvação” e servem como sinais e instrumentos pelos quais o Espírito Santo age. A própria Igreja serve como sacramento de Cristo, porque de maneira visível liga Deus ao homem (Catecismo da Igreja Católica, 775)
Dessa maneira, percebemos que os sacramentos são símbolos que acompanham o indivíduo por toda a sua vida: o Batismo, a Confissão, a Eucaristia, o Crisma, a Ordem, o Matrimônio e a Unção dos Enfermos, assim do nascimento a morte a igreja promove a essa íntima relação do homem com Deus. Não podemos nos esquecer que eles são celebrados in persona Christi, ou seja, quando os pais trazem à Igreja o filho para o batismo é o próprio Cristo quem procede esse rito e o mesmo acontece em todos os outros sacramentos que são da igreja e acontecem por meio dela (Catecismo da Igreja Católica, 1118). O documento conciliar Lumen Gentium (7) afirma:
O filho de Deus, vencendo, na natureza humana a Si unida, a morte, com a Sua morte e ressurreição, remiu o homem e transformou-o em nova criatura (cfr. Gál. 6,15; 2 Cor. 5,17). Pois, comunicando o Seu Espírito, fez misteriosamente de todos os Seus irmãos, chamados de entre todos os povos, como que o Seu Corpo.É nesse corpo que a vida de Cristo se difunde nos que crêem, unidos de modo misterioso e real, por meio dos sacramentos, a Cristo padecente e glorioso
Dos sete sacramentos o mais importante é a Eucaristia, porque, segundo Bento XVI, no Sacramentum Caritatis(17), “é fonte e ápice da vida e missão da igreja”. Por meio desse sacramentos fieis expressam visivelmente a unidade da igreja (Lumen Gentium, 11). O documento conciliar Sacrosanctum Concilium (10) afirma:
[...] pela renovação da aliança do Senhor com os homens na Eucaristia, e aquece os fiéis na caridade urgente de Cristo. Da Liturgia, pois, em especial da Eucaristia, corre sobre nós, como de sua fonte, a graça, e por meio dela conseguem os homens com total eficácia a santificação em Cristo e a glorificação de Deus, a que se ordenam como a seu fim, todas as outras obras da Igreja.
Segundo o Código de Direito Canônico (Cân. 844), “Os ministros católicos só administram licitamente os sacramentos aos fiéis católicos, os quais de igual modo somente os recebem licitamente dos ministros católicos”.
VI.          O Perdão: a igreja dispenseira das bênçãos de Deus
Segundo o Catecismo da Igreja Católica (1849), o pecado é uma falta contra a razão e é uma falta contra Deus e contra o homem e fere a ntureza do homem. O endurecimento do coração (a ignorância voluntária) não atenua o pecado, mas o agrava (1859). Todavia a ignorância involuntária pode ser considerar como um oitavo sacramento devido a sua eficácia em salavar.
A ignorância involuntária pode diminuir ou até escusar a imputabilidade de uma falta grave, mas supõe-se que ninguém ignora os princípios da lei moral inscritos na consciência de todo ser humano. Os impulsos da sensibilidade, as paixões podem igualmente reduzir o caráter voluntário e livre da falta, como também pressões exteriores e perturbações patológicas. O pecado por malícia, por opção deliberada do mal, é o mais grave. (Catecismo da Igreja Católica, 1860).
A Igreja Católica Romana faz gradação do pecado como pecado mortal (infração grave da lei de Deus) e venial (deixa substituir a caridade).
Segundo o Catecismo da Igreja Católica (1865, 1866), S. João Cassiano e S. Gregório Magno perceberam que o pecado cria propensão ao pecado e, assim, existem alguns vícios podem nascer da repetição dos mesmos pecados que são chamados capitais: orgulho, a avareza, inveja, a ira, a impureza, a gula, a preguiça ou acídia.
VII.         A Eucaristia: a presença real de Cristo no altar
A missa é propriamente um sacrifício incruento (não há sangue), mas, como vimos anteriormente, é atualizado pela liturgia de tal maneira que faz os participantes vivenciarem o mistério. A Igreja Católica acredita que quando o celebrante profere as palavras que Jesus usou na sua última ceia o pão e o vinho mudam a sua essência em corpo e sangue de Jesus, o que é chamado de transubstanciação. O Catecismo da Igreja Católica (1376) repete a resolução de Trento:
“[...] pela consagração do pão e do vinho opera-se a mudança de toda a substância do pão na substância do Corpo de Cristo Nosso Senhor e de toda a substância do vinho na substância do seu Sangue; esta mudança, a Igreja católica denominou-a com acerto e exatidão transubstanciação’”
Segundo Berkhof (2001, p. 596), no decorrer da Idade Média o conceito realista da ceia foi se convertendo na ideia de transubstanciação que foi proposto em 818 Paschasius Radbertus e encontrou grande oposição de Rabanu Maurus e Ratramnus. Segundo McGrath (2005, p. 590,591), essa disputa que se da no mosteiro de Corbie entre Radbertus e Ratramnus e suas obras como títulos idênticos De corpore et sanguine Christi. Aquele concluiu sua obra em 844 em que defendia a ideia de que o pão e vinho se tornavam corpo e sangue de Cristo, enquanto este a presença apenas simbólica do Senhor. Macgrath, citando Paschasius afirma:
“O mesmo Espírito que criou o ser humano Jesus Cristo no ventre da virgem, sem contar com a semente humana, cria diariamente o corpo e o sangue de Cristo, por intermédio de seu poder invisível, pela consagração desse sacramento, mesmo que isso possa ser compreendido extremamente pela visão ou pelo sabor” (Paschasius Radbertus apud MCGRATH , 2005, p.591)
Bento XVI, na Encíclica Sacramentum Caritatis (11), expõe uma visão escatológica da transubstanciação:
A conversão substancial do pão e do vinho no seu corpo e no seu sangue insere dentro da criação o princípio duma mudança radical, como uma espécie de ‘fissão nuclear’ (para utilizar uma imagem hoje bem conhecida de todos nós), verificada no mais íntimo do ser; uma mudança destinada a suscitar um processo de transformação da realidade, cujo termo último é a transfiguração do mundo inteiro, até chegar àquela condição em que Deus seja tudo em todos (1 Cor 15, 28)
A fissão nuclear consiste em separar o núcleo dos átomos, o que gera uma reação em cadeia, porque em uma fissão são liberados nêutrons que se encontrarão em outros núcleos promovendo sua fissão e assim sucessivamente. O que Bento XVI quis dizer é que na consumação do sacramento da Eucaristia acontece uma ruptura com esse mundo, o que proporciona um antegozo das realidades celestiais.
Essa realidade fornece subsídio a constante adoração a esse sacramento.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo do catolicismo romano se mostrou intenso e cheio de detalhes que nos levam a um diálogo mais intenso e efetivo no processo evangelístico. Esses detalhes precisam ser vistos com respeito, mas não deixa de nos municiar na formulação fundamenta de argumentos coerente e relevantes.
BIBLIOGRAFIA

Catecismo da Igreja Católica. São Paulo: Edições Loyola, 2000.
Código de Direito Canônico. São Paulo: Edições Loyola, 2001.
GRESCHAT, H.J. O que é Ciência da Religião. Trad.: Frank Usarski. São Paulo: Paulinas, 2005.
TEIXEIRA, F. (org.) A(s) Ciência(s) da religião no Brasil. 2. ed. São Paulo: Paulinas, 2008.
http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_const_19631204_sacrosanctum-concilium_po.html.
http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_const_19641121_lumen-gentium_po.html
http://www.vatican.va/holy_father/pius_xii/apost_constitutions/documents/hf_p-xii_apc_19501101_munificentissimus-deus_po.html




[1] A sigla para Código de Direito Canônico é CIC de Codex Iuris Canonici.
[2] tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Almenida Revista e Atualizada)
[3] O arcebispo preside uma província eclesiástica (CIC, Cân. 435).
[4] “Na antiguidade, o termo ‘missa’ significava simplesmente ‘despedida’; mas, no uso cristão, o mesmo foi ganhando um sentido cada vez mais profundo, tendo o termo ‘despedir’ evoluído para ‘expedir em missão” (Bento XVI, 2009, p. 76)

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