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sexta-feira, 17 de outubro de 2014

A Escolha de Presbíteros
Certa ocasião, conversando com um crente ele me perguntou: por que vocês presbiterianos elegem presbíteros e diáconos? Esse ministério não deve ser fruto de uma vocação pessoal e interna? A resposta que eu dei a este irmão é o conteúdo deste artigo.
Os sentimentos são maus indicadores em nossas escolhas. Há muitos que, tais como Herodes, movidos pelos impulsos do momento, tomam decisões passíveis de arrependimento (Mt 6.23). Na Palavra de Deus, Abraão não tinha vontade de sair de Ur, tampouco ir para Canaã, mas Deus o chamou (Gn 15.7); Moisés tinha uma lista de indicadores que, humanamente, o desqualificavam à missão de libertar os judeus e conduzi-los a terra prometida; Isaías quer ser enviado (Is 6.8), mas sua vontade é submissa e até motivada pelo Senhor.
Acreditamos que Deus escolhe aqueles que ele quer para o seu serviço, contudo essa escolha pessoal e íntima se exterioriza em atitudes práticas. Vemos que Abrão foi escolhido, porque ele saiu de Ur e depois de Harã; Moisés enfrentou Faraó e soube conduzir o povo de dura cerviz; Isaías saiu a profetizar, Davi foi ungido por Samuel etc. Assim a admissão a qualquer ofício depende de dois indicadores: a vocação do Espírito reconhecida pelo povo e a investidura solene (Manual Presbiteriano Art.28)
A eleição de presbítero é realizada seguindo às Sagradas Escrituras, pois Paulo e Barnabé passam pelas igrejas de Listra, Icônio e Antioquiaelegendo presbíteros (At 14.23). O verbo cheirotonéo (χειροτονέω), utilizado neste versículo para se referir à eleição, originalmente significava escolher alguém pelo levantar das mãos. Esse mesmo verbo aparece na Segunda Carta de Paulo aos Coríntios (8.19) se referindo ao irmão que acompanha Tito.
As igrejas na época de Paulo podiam escolher alguém não pelo trabalho que desempenhava, tampouco pelo seu testemunho, mas pela amizade ou interesse pessoal. Dessa maneira, poderia existir na igreja um presbítero adepto da poligamia, dos vícios mundanos ou com um lar destruído. Paulo, inspirado pelo Senhor, sabia que uma igreja dirigida por uma pessoa assim não conseguiria refletir Cristo ao mundo.
Paulo afirma a Timóteo que o presbítero deve ser irrepreensível (1Tm 3.1), ou seja, estar acima de qualquer censura tanto pelos que estão dentro da igreja, quanto pela sociedade que está fora da igreja (1Tm 3.7). Essa pessoa deve ser homem de uma só esposa, por isso demonstrar em sua vida o zelo pela família e a fidelidade conjugal (Hb 13.4).
O presbítero precisa ser temperante e sóbrio (nefalios, palavra usada para sóbrio, não implica apenas o vício, mas o autocontrole também) (1Ts 5.6,7), pois muitas vezes precisará reavaliar suas intenções para o bem da igreja. As suas atitudes precisarão ser modestas, sensíveis, capazes de se relacionar com os membros sem causar escândalo.
A hospitalidade também deve ser uma marca do presbítero que deve acolher as pessoas e, especialmente, ser didático para ensiná-las atravas da palavra e não das suas convicções pessoais (2Tm 2.24).
Palavra de Deus diz que quem ama o mundo o Pai não está nele (1Jo 2.15), por isso, o homem que é chamado ao presbiterato não pode ser dado (paroinos, ou seja, viciado) ao vinho, violentou ou avarento, mas alguém centrado e disposto a colaborar com a obra (Tit 1.7).
A Bíblia diz que aquele que almeja o episcopado, excelente obra almeja (1Tm 3.1), aqueles que trabalham na Palavra e na doutrina são dignos de duplicada honra (1 Tm 5.17), porém o Senhor açoita a quem ama (Hb 12.6) e permitira que os seus líderes passam pelo fogo para serem provados (1 Pe 1.7) com mais intensidade como fez com Paulo (2 Cor 11. 23-28). Muitas vezes a família do presbítero será o alvo de satanás para enfraquecer as fileiras de Cristo, mas lembremo-nos que passaremos aflições aqui, mas Cristo venceu o mundo (Jo 16.33).

Precisamos orar para que Deus nos capacite nesta árdua tarefa de escolher a liderança desta igreja. Pedir a sensibilidade do Espírito Santo para escolher os representantes imediatos do povo capazes de, com o pastor, disciplinar segundo as escrituras; visitar os crentes; instruir os neófitos; consolar os aflitos; cuidas da infância e da juventude; zelar pelos enfermos; orar pelos crentes e com eles levantar o estandarte de Cristo mesmo que isto custe a sua vida.

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