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terça-feira, 2 de dezembro de 2014

A Falsa Certeza da Prosperidade


A falsa certeza da prosperidade
Vivemos em um mundo que foge de todo e qualquer sofrimento. Proliferam em todos os lugares igrejas que prometem, em nome de Deus, uma vida fácil e abastada. Muitos Cristãos ligam a bênção do Altíssimo à aquisição de bens materiais.
O muito ter não é sinal da bênção de Deus sobre a vida, pois todo o esplendor de Herodes não o impediu e até o encaminhou a ser comido de vermes (At 12.21). Se nossa vida cristã não estiver centrada no Senhor onde há delícias eternas (Sl 16.11), somos os mais infelizes de todos os homens (1Cor 15.19). Jesus nos advertiu que deveríamos acumular tesouros no céu e não na terra, pois, enquanto os de cá são passíveis a ação da traça, ferrugem ou almejados por ladrões, os de lá estão seguros no Senhor (Mt 6.20) em quem “não pode existir variação ou sombra de mudança” (Tg 1.17). O cristão precisa desejar a “herança incorruptível, sem mácula, imarcescível, reservada nos céus” (1Pe 1.4).
Zaqueu, depois de sua conversão não se tornou mais rico, porém mais pobre aos olhos do mundo, pois decidiu doar metade de seus bens e devolver quatro vezes a quem a acaso tivesse defraudado (Lc 19.8). O pequeno Publicano de Jericó, mais de abnegado que o jovem rico, não foi justificado por sua doação ou justiça, pois somos salvos pela graça (Ef 2.5), contudo o seu desprendimento para com as riquezas mostra que a luz do Evangelho entrara em sua vida para iluminar os cantos mais escuros, mostrar seus pecados mais íntimos e forçar o abandono dos ídolos mais arraigados.
Como Moisés bem constatou (Ex 32.18), o clamor de um povo imerso na idolatria e na paixão perniciosa por este mundo caído não é guerra, nem derrota, mas festa vã que desagrada o Senhor
Diversos Cristãos, no mundo todo, usam de forma errada suas orações para esbanjar em prazeres mundanos esquecidos de que aqueles que são amigos do mundo são inimigos de Deus (Tg 4.3,4).
A fé Reformada sempre ensinou que em nossas igrejas há dois tipos de pessoas: aquelas que pertencem apenas ao rol de membros comungantes e aquelas que pertencem ao rol de membros nesta igreja na terra e têm seus nomes inscritos no livro da vida. A teologia entende que há uma igreja visível que consiste em todas as pessoas que pertencem a congregação, contudo existe uma igreja invisível, vista apenas por Deus em sua glória.
Devemos viver como pessoas que fazem parte da igreja invisível. Nossa vida, como membros de igreja, deve ser marcada pela concórdia e o esforço para garantir a paz (Fl 4.2,3) com todos (Rm 12.18), porque fazemos parte de uma mesma igreja que não possui placa ou denominação e que está no céu em perpétua adoração ao Cordeiro.
Naturalmente, o mundo, que elegeu o capital como seu deus supremo, não se contentará com uma pregação capaz de levar o fiel a viver “contente em toda e qualquer situação” (Fl 4.11). Ele não permitirá que as pessoas pensem que podem ser felizes na pobreza, humilhação, fome ou escassez, tampouco que relação delas com Cristo seja inabalável mesmo nas circunstâncias mais adversas (Rm 8.35). O ímpio jamais compreenderá como o crente zeloso pode enfrentar problemas diversos alegre (Tg 1.2) e confiante de quem o fortalece é o Senhor (Fl 4.13) em quem ele é mais que vencedor (Rm 8.37).
Igrejas corruptas e corrompidas nascem, porque o homem não suporta a sã doutrina e, assim, busca cercar-se de mestres que pregam segundo suas cobiças (2Tm 4.3). Entretanto Deus, que é livre para operar pelos meios diversos, sem eles, sobre eles ou contra eles segundo sua vontade (CFW V, 3), toma para si o seu povo desses arraiais, aparentemente, entregues a idolatria e a perdição para faze-los assentar nas regiões celestiais em Cristo Jesus (Ef 2.6).
A igreja fiel pode ser conhecida em três aspectos: a fiel pregação da Palavra; a fiel administração dos sacramentos e na disciplina segundo as Escrituras. Nesses lugares a pregação terá como objetivo mostrar ao crente que o seu maior problema é o pecado que, pela cobiça, gera morte (Tg 1.15).
Ouvindo essa pregação o crente será exortado a ir a Cristo e depositar seu pecado aos pés da Cruz, contudo não sairá dela sem passar por um processo de santificação que exige renuncia constante do mundo e seus atrativos. O pecador regenerado passava a compreender que vive neste mundo, mas não pertence a ele.

Há riquezas eternas para serem desfrutadas aqui nesta vida e no porvir a todos os que passam pela porta estreita e têm Cristo como seu único e verdadeiro caminho. Esse tesouro bendito não está recheado de ouro e prazeres temporais, mas da gloriosa providência do Senhor que, com sua boa mão, nos conduz às campinas verdejantes e às águas de descanso, mesmo que tenha que usar seu bordão e seu cajado para nos puxar do abismo ou bater em nossas pernas para não perdermos a ininterrupta marcha dos santos rumo à Jerusalém celeste.

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