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sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

O Crente e o Natal


O crente e o natal
Quem não se assustaria ao ver alguém vestindo um grosso agasalho de lã nos dias de mais denso calor? Contudo todos convivem e respeitam o Papai Noel que, como a advento do ar condicionado, tem dias mais agradáveis em centros comerciais. Quantos já viram um pinheiro coberto de neve? Tirando aqueles que puderam viajar para o exterior ou em filmes e cartões postais isso é algo inimaginável em nosso clima tropical. Com certeza, natal é um fenômeno que merecia um estudo mais aprofundado.
Sem dúvida o natal é uma festa singular, pois apesar de parecer avesso a nossa cultura clima irradia ternos sentimentos nas pessoas e permite um aquecimento ímpar de nossa economia. O missionário presbiteriano Rev. Ashebel Green Simonton registra em seu diário que não teria natal no ano de sua chegada, pois não concebia essa festa em pleno verão.
Tirando as datas cívicas, todas as nossas festividades são de influência europeia e foram transmitidas pelos nossos colonizadores ou pelos diversos imigrantes que encontraram em nosso solo oportunidade de vida. As misturas culturais de nosso pais (do europeu, do índio e do africano) permitiram que muitas festas ganhassem em nosso país um rosto único.
O Natal, por causa do catolicismo popular, se integrou em nossa cultura em sem perder os símbolos europeus. Tem forte apelo às pessoas o fato de ver uma criança entregue a futura morte em flagelo inominável. Todavia essa festa tem encontrado alguns problemas: o fato de sua influência pagã e o consumismo latente.
A influência da teologia neopuritana tem feito muitas igrejas a deixar de comemorar essa data. Puritano, segundo o Rev. Augustus Nicodemus Lopes, no texto “Sobre puritanos, puritânicos e neopuritanos”, foi um termo dado a ministros e pastores ingleses entre o séc. XVI e XVIII presbiterianos, batistas e congregacionais que defendiam um alto grau de pureza. Segundo Manoel Canuto, no texto “Em que os alcunhados Neopuritanos são semelhantes aos Puritanos, hoje no Brasil”, os puritanos eram conhecidos como teólogos da santidade e foram exemplos de piedade e ortodoxia.
Os puritanos tiveram um papel muito importante na história da igreja e assim como a Reforma Protestante nos deixaram um grande legado em obras teológicas de referência, mas suas ideias devem ser interpretadas à luz das Escrituras para não nos destruamos sendo demasiadamente justos (Ec 7.16)
De fato, o Natal não era uma data religiosa contemplada pelos puritanos e chegaram a proibi-lo na Inglaterra e Estados Unidos nos séculos XVI e XVII. Na Inglaterra, esta festa foi proibida em 1644 pelo parlamento puritano e só voltou a ser comemorado em 1660 com a ascensão de Carlos II e voltou a ser feriado apenas em 1856. As razões para isso são as seguintes:
·         O dia 25 de dezembro não é o dia do nascimento do Senhor Jesus. Partindo do pressuposto de que Zacarias servia no turno de Abias (Lc 1.5. Os levitas se dividiam em 24 turnos que ministravam durante 15 dias duas vezes ao ano no templo [Veja 1Cr 24.1-19] e o turno de Abias era o oitavo turno [1Cr 24.10]) que caia no mês de Tamuz (junho e julho, quarto mês judaico [Veja Jr 39.2 e Zc 8.19]) e quando terminou seu serviço sua esposa concebeu João Batista (Lc 1.23,24). Sabendo que Jesus tem seis meses de diferença de João (Lc 1.26) o Senhor teria sido concebido no fianl de Tebede (dezembro e janeiro) e início de sebate (janeiro e fevereiro), nascendo no mês de etenim (setembro e outubro) quando os judeus comemoravam a festa dos tabernáculos;
·         No dia 25 de dezembro, os romanos comemoravam a festa do Deus Sol conhecida como solis invictus (sol invicto) a mando do Imperador Aureliano. Nessa data acontece no hemisfério norte o solstício de inverno (a noite mais longa do ano) e na mentalidade pagã era o próprio nascimento do sol chamada de Brumália e era realizada logo após a Saturnália (festa e honra ao deus saturno) que acontecia do dia 17 a 24 de dezembro. Essas eram festa populares entre os pagãos e tem origem desde de o Egito, onde o sol tamém era visto como uma divindade (deus Rá ou Ré);
·         Não há nenhuma orientação bíblica para que essa data seja comemorada (por isso os puritanos também não comemoravam a Páscoa e o Pentecostes);
·         Passa a ser comemorado pela igreja a partir do século IV quando a Igreja começa a se desviar se transformado no que chamamos de Igreja Romana.
Os símbolos de natal eram igualmente repudiados, pois eram provenientes da cultura pagã:
·         A árvore de natal: os pagãos tinham o costume de enfeitas as árvores no inverno para que os espírito delas retornasse depois do inverno;
·         A guirlanda: era o ornamento próprio dos lugares de culto pagão.
Não vemos como um problema a comemoração do Natal pelos seguintes motivos:
1.)    O que a data significou no passado não é importante, mas que ele significa hoje: os pagãos só poderiam interpretar de maneira precária o solstício de inverno, pois, carentes da iluminação do Espírito, “mudaram a glória do Deus incorruptível em imagem de homem corruptível” (Rm 1.23). Contudo, nós que conhecemos a Palavra não podemos ver a revelação geral do Senhor de outra maneira a não ser contemplando seus atributos invisíveis, tal como seu eterno poder. Não estamos dizendo
Sobre essa tendência neopuritana concordamos quando o Rev. Augustus Nicodemus Lopes afirma que o transplante do puritanismo que floresceu na Inglaterra e na Escócia entre os séculos XVI e XVIII necessitam de traços históricos que não existem hoje, porém podemos com sucesso utilizar sua teologia e imitar sua piedade.

Rev. Diego José Gonçalves Dias

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