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quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Dúvidas sobre Culto Familiar (II)


Dúvidas sobre o Culto Familiar
3. Quem convoca e dirige o Culto Familiar?
Com certeza, a artimanha satânica mais perniciosa propagada pelo feminismo, em todas as suas ondas, tenha sido o fato de que o homem não exerce liderança na família e que partilha ou troca com a esposa, de forma irresponsável e negligente, a regência de seu lar.
O Reverendo James W Alexander afirmava que “nenhum homem pode aproximar-se do dever de liderar sua família, em um culto espiritual, sem uma solene reflexão do papel que ocupa em relação aos seus deveres. O homem é o chefe do lar, por divina e inalterável instituição. Estes são deveres e prerrogativas que ele não pode transferir”.
Portanto, cabe ao homem convocar e estabelecer quem irá dirigir o culto familiar (é saudável que exista um rodízio entre os membros contando inclusive com as crianças que podem ser incentivadas a esse encargo), todavia é útil analisarmos as bases teológicas do Culto doméstico para nos aprofundarmos nessa questão.
O Pastor Joel Beeke afirma que a base teológica do culto doméstico está na Trindade, pois “o amor de Deus é expansivo e transbordante e compartilha as bem-aventuranças intertrinitárias. O amor entre as pessoas da Trindade era tão grande desde toda a eternidade, que o Pai decidiu criar um mundo de pessoas que, embora finitas, teriam personalidades que refletiriam o Filho”.
Dessa maneira, nossa família deve se moldar a esse amor expansivo e interpessoal, pois deve estar profundamente embasada no amor do marido pela sua mulher, mas também no respeito da esposa pelo seu marido (Ef 5.33) e ambos na iniciativa de criar seus filhos na disciplina e na admoestação do Senhor (Ef 6.4b). Todavia o marido amará sua esposa tendo como modelo Cristo, que deu a vida pela igreja (Mt 5.25); a esposa respeitará seu marido sendo-lhe submissa (Ef 5.22,24) e ambos criarão sua prole sem provocá-la a ira (Ef 6.4a). Uma família disciplinada a buscar e agradar a Deus e não aos seus desejos pessoais encontra grande felicidade, porque na presença do Senhor há plenitude de alegria e delícias eternas (Sl 16.11).
A Confissão de fé de Westminster, dissertando sobre a Trindade, defende: “na unidade da Divindade há três pessoas de uma mesma substância, poder e eternidade – Deus o Pai, Deus o Filho e Deus o Espírito Santo. O Pai não é de ninguém – não é nem gerado, nem procedente; o Filho é eternamente gerado do Pai; o Espírito Santo é eternamente procedente do Pai e do Filho” (II, 3).
Assim como na Trindade, os membros da família, especialmente o marido e a mulher, não podem se separar (Mt 19.6); todos são idênticos em dignidade e, por isso, é proibido qualquer tipo de insubmissão das partes ou tratamento hostil (Veja 1Pe 3.7; Pv 21.19; Dt 21.18); existe uma ordem representativa na família (o marido representa a esposa e ambos os filhos), pois, assim como toda a Trindade é chamada pelo Pai (Ef 3.14,15 compare com 1Jo 1.3), o homem representa toda a sua família.
Assim como as pessoas da Trindade se diferenciam por certas distinções pessoais (o Pai cria; o Filho redime e o Espírito Santo santifica), devemos buscar a rica diversidade de dons em nossos lares aproveitando-os e os educando ao serviço do Reino.
Louis Berkhof afirma que cada pessoa da Trindade não tem existência fora ou à parte da Trindade. Certa vez ouvi de um chefe de família: “o evento em que não couber um de nós, não caberá nenhum de nós”. Quantas vezes a família se esfacela por priorizar desejos pessoais? Precisamos entender que as decisões que tomamos devem honrar a Deus e, assim, beneficiar toda a nossa família. Eva e Adão decidiram viver de forma autossuficiente de Deus e tiveram grandes prejuízos na vida familiar. Davi imaginou que uma aventura amorosa não traria conseqüências para a sua vida espiritual, mas nossa vida espiritual está intimamente ligada a nossa vida familiar e vice-versa.
Nossos primeiros pais, Adão e Eva, foram criados para adorarem a Deus, mas, cedendo à tentação maligna, transformaram “a alegria da adoração e da comunhão com Deus em medo, temor, culpa e alienação” (Joel Beeke) (Gn 3.23,24). Nessa realidade de pecado, Deus fez uma aliança com nossos pais, prometendo o Salvador (Gn 3.15). Agora, em Jesus Cristo, não não precisamos mais ter medo, pois “No amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora o medo. Ora, o medo produz tormento; logo, aquele que teme não é aperfeiçoado no amor” (1Jo 4.18)
Além de uma aliança orgânica (alianças que acontecem na Palavra não de maneira isolada, mas progressiva), Deus lida com a raça humana por meio de lideranças ou representações que são plenamente visíveis nas Escrituras:
·   Sete, Noé e Jó oferecendo sacrifícios por seus filhos (Gn 8.20-21; Jó 1.5);
·   Em Abraão, todas as famílias da terra seriam abençoadas (Gn 12.3);
·   Na lei mosaica o pai deveria liderar a celebração da páscoa e a instrução dos filhos sobre o sentido dessa comemoração (Êx 13.14; Dt 6.20);
·   Pedro mostra que a promessa é para os pais e os filhos (At 2.39);
·   O marido crédulo santifica sua esposa (1Cor 7.14).
Cabe ao homem proclamar de forma vigorosa diante de todos: “agora, pois, temei ao SENHOR e servi-o com integridade e com fidelidade; deitai fora os deuses aos quais serviram vossos pais dalém do Eufrates e no Egito e servi ao SENHOR. Porém, se vos parece mal servir ao SENHOR, escolhei, hoje, a quem sirvais: se aos deuses a quem serviram vossos pais que estavam dalém do Eufrates ou aos deuses dos amorreus em cuja terra habitais. Eu e a minha casa serviremos ao SENHOR”. (Js 24.14-15)
Josué está com cem anos de idade. Sabe que não poderá mais conduzir o povo e reconhece que precisa influenciá-los na fidelidade ao Senhor, porque, assim como no passado o povo de Deus deuses egípcios, os ídolos dos povos pagãos lhe seriam encantadores a essa geração que entra na terra prometida.
Nós pais precisamos tomar as rédeas da formação espiritual de nossas casas cumprindo em nossas vidas e na vida de nossos filhos Deuteronômio 6.7, porque os ídolos pagãos do mundo podem encher os olhos deles e professores ateus poderão corrompê-los se não tomarmos a iniciativa de influenciarmos nossa família no serviço ao Senhor.
Assim como Josué colocou a sua adoração familiar como modelo para os demais chefes de família, precisamos colocar nossa adoração pessoal e a liderança sobre o culto familiar como exemplo para os nossos filhos certos de que o Senhor nos honrará como honrou o sucessor de Moisés (veja Js 24.31).
O Professor Neil Postman dizia: “os filhos são mensagem vivas que enviamos a um tempo que não veremos”. Dessa maneira, precisamos continuamente ensinar nossa prole a se lembrar do criador nos dias de sua mocidade (Ec 12.1) para que, pelo nosso exemplo de liderança e obediência ao Senhor, eles venham no futuro a imitar esse procedimento em suas famílias.

O Reino requer homens que tenham a coragem de olhar nos olhos de sua família e dizer: “Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo” (1Cor 11.1). Essa tarefa exige total abnegação e dependência de Deus, mas “entrega o teu caminho ao SENHOR, confia nele, e o mais ele fará” (Sl 37.5).

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