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sexta-feira, 2 de março de 2018

A fuga da mediocridade



A fuga da mediocridade

Dietrich Bonhoeffer (1906-1945), nos anos de Barcelona, em 1928, afirma aos jovens em uma palestra: “o cristianismo oculta em si um gérmen à igreja”. Esse pensamento pode nos soar quase que herética, porque parece que anula e combate o valor da igreja. Contudo não foi isso que a última vítima de Hitler quis dizer. Contudo mostra que a vivência religiosa pode colaborar para uma autêntica vida cristã, mas pode oferecer os subsídios que falsos crentes se utilizam para mascarar suas mais terríveis mazelas em um cristianismo artificial e legalista.

Sem dúvida nenhuma, a igreja, como agência do céu, tem um papel fundamental na formação do crente, contudo os Fariseus, o “Eu” de Romanos 7.14-25 e o Jovem Rico sabem que todo o tesouro que a igreja pode oferecer, separado de um coração regenerado e sincero, é desperdiçado pela vaidade e desejo de glórias humanas (Veja Lucas 18.10-14; Romanos 7.24 e Lucas 18.23). Dessa maneira, vemos uma tendência à mediocridade no sistema religioso que só pode ser combatido pela Palavra pregada e vivida com fidelidade, o que chamamos de Reforma.

A mediocridade é a busca pelo mediano, pelo meramente satisfatório. Será que se essa fosse a têmpera dos mártires teriam dado a vida pelo Evangelho? Tampouco lhes seria requisitado o sangue, porque o cristão medíocre prima por não viver o Evangelho além das paredes da igreja e, por isso, não causa grande impacto, nem destoa tanto assim do mundo ao seu redor.

Esse degenerativo estado de mediocridade leva aquilo que Bonhoeffer chamou de graça barata, ou seja, qualquer obediência que esteja aquém daquela que deve ser dada só a Deus. O crente, nesse estado de letargia, esquece-se do imperativo que Jesus lhe deu: “fazei discípulos” (Mateus 28.19) e só desperta desse vil torpor acordado pela “teologia do martelo”, ou seja, quando os princípios da Palavra são evidenciados e exigem uma postura radical. Um cristão letárgico e entocado em convicções medianas e legalistas provavelmente, em um primeiro momento, pode entender a fiel exposição da Palavra como um acinte, mas todo aquele que é acordado repentinamente só não fica irritado se os motivos que o levaram a despertar são justificados. O mundo urge pela pregação genuína.
Portanto, apesar de muitos crentes decantarem nos momentos calmos a regiões medíocres de cristianismo, contudo esse conforto pode esconder uma falsa piedade cheia de ritos e regras, mas sem o coração contrito e compungido.

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