Translate

terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Lux Aeterna

Lux Aeterna



Nessa semana, fomos desafiados por nosso maestro, o irmão Jessé, a ouvirmos a música Lux Aeterna (Luz Eterna) do compositor austríaco Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791). Essa é uma canção de singular beleza que ouvir faz, no mínimo, bem ao ouvidos. Contudo gostaria de tecer algumas considerações sobre sua letra e contexto dessa bela canção.
Lux Aeterna compõe uma obra maior de Mozart: o sinistro e lendário Requiem, que nada mais é do que as músicas que serão cantadas em um ofício fúnebre.
Mozart nasceu em uma família de músicos e, como gênio, aos cinco anos já tocava e compunha chegando a ganhar um pequeno salário na igreja do Arcebispo de Schrattenbach. Há quem diga que o Requiem fora encomendado pelo músico italiano medíocre Antônio Salieri (1750-1850) que era o compositor oficial do arquiduque José II da Austria e que possuía uma rivalidade com o prodigioso compositor de Salzburgo. Outros dizem que um enviado do conde de Walsegg-Stuppach que perdera sua esposa encomendara no anonimato.
A realidade é que essa foi a última composição desse notável músico. Escrita em Ré Menor, mas que Mozart não conseguiu finalizar. Antes de sua morte prematura atribuída por alguns a um envenenamento provocado por Salieri, outros ao amante de sua esposa, mas, recentemente, a Universidade de Amsterdã constatou que esse gigante morrera de uma infeção de gargante que se espalhou afetando os seus rins. Quem finalizou o Requiem, inclusive Lux Aeterna, foi seu discípulo Franz Xavier Süßmayr (1766-1803).
Mozart foi ligado toda a sua vida a seita Romana. A morte lhe era um tema que misturava medo e atração. Lux Aeterna compõe as músicas de uma missa romana dedicada aos mortos. De fato, a intenção da música e a cosmovisão em que foi desenvolvida é fruto da heresia da seita romana que insiste em orar por aqueles que partiram. Contudo isso não atenua a sua beleza, muito menos nos impede de extrair dela algo a fomentar nossa reflexão.
Na Missa Romana, o Lux Aeterna encontrava-se no momento em que as pessoas se levantavam para participar da Ceia e ela é uma oração que roga que Deus dê a luz eterna ao que morreram confiando na misericórdia do Senhor. O grande erro da música está em acreditar que Deus possa rever seus decretos elegendo o ímpio que rejeitara antes da fundação do mundo. O Senhor não muda de ideia e seus decretos emanam de sua suprema perfeição.
Todavia há uma ideia verdadeira que se sobressaia até mesmo à idolatria e à heresia: a necessidade de uma luz eterna.
Moisés afirma que “a terra estava sem forma e vazia, havia trevas sobre a face do abismo” (Gênesis 1.2). A luz foi a primeira providência do Criador para dar forma ao informe, ordem (cosmos) à desordem (caos) e a primeira providência para dar encher o que estava vazio foi criar luzeiros: o sol para governar o dia e a luz para presidir a noite. Dessa maneira, percebemos que o natural era o caos e as trevas e que a ordem e a luz têm como fonte a graça.
Mesmo antes de Adão pecar luz e trevas alternavam-se, contudo, na sua infinita sabedoria, Deus fez que um amontoado rochoso branco fosse preso a terra pela gravidade. Apenas o Criador poderia calibrar o força gravitacional de tal maneira que a lua estaria sempre caindo, contudo sem ser tão pesada que caísse na terra e nos esmagasse e nem tão leve que se perdesse na imensidão do espaço, mas presa por esse miraculoso laço reflete a luz solar em nossas noites para nos advertir que a luz resplandece nas trevas.
O sol e a lua funcionaram como parábolas que apontavam para Jesus Cristo, o sol nascente que veio das alturas nos visitar (Lucas 1.78), uma luz que as trevas não podem prevalecer (João 1.5) e que erradia seu esplendor de tal maneira que aqueles que creem nele não andam nas trevas (João 12.46).
Se essa luz que emana de Jesus já irradia os crentes e os faz ter uma vida diferente (1João 2.9) agora, enquanto esperamos a “liberdade da glória dos filhos de Deus” (Romanos 8.21), muito mais quando o Senhor vier com novos céus e nova terra. João afirma que o Cordeiro será uma lâmpada tal que não será mais necessário nem o sol nem a luz, assim como sua luminosidade extinguirá a própria noite (Apocalipse 21.23-27).
A noite sempre inspirou medo no homem, pois o deixa cego e a mercê de perigos mortais. Até mesmo o ímpio Mozart em seu desespero diante da morte e sua angústia nas adversidades da vida sentia que era necessário o findar da noite. Então podemos dizer, amparados nas Escrituras, ó noite, teu lugar terá um fim. Aquele que criou a luz há de destruí-la naquele glorioso dia quando os eleitos verão a Luz Eterna que é o própria Jesus Cristo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário