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sábado, 26 de agosto de 2017

DEUS E O LIVRE-ARBÍTRIO


Deus e o livre-arbítrio




“Deus não é homem, para que minta; nem filho do homem, para que se arrependa. Porventura, tendo ele dito, não o fará? ou, havendo falado, não o cumprirá? (Números 23.19)



Tomás e de Aquino (1225-1274) respondeu o famoso paradoxo da onipotência no qual se questionava: “Deus pode criar uma pedra tão pesada que não possa carregar?” Essa pergunta, muito utilizada por ateus, tenta enganar os incautos afirmando que a soberania do Senhor lhe é impossível, pois como todo bom paradoxo todas as respostas levarão ao mesmo lugar: a anulação da possibilidade da onipotência divina. Se alguém vociferar: Deus é soberano e, por isso, pode criar até mesmo uma pedra dessa proporção, sua onipotência é ameaçada pelo fato de não poder carregá-la. Entretanto, alguém, temeroso pelas razões erradas, pode acreditar que não possa fazer tal proeza e, igualmente, confessar contra o augusto poder do Senhor.

Contudo, é necessário se atentar para o fato de que esse paradoxo parte de uma distorção daquilo que se entende por onipotência. Deus é todo poderoso naquilo que lhe é possível. Obviamente, é infinito o número de possibilidades que, apesar de nos serem impossíveis não o são ao Criador, tal como uma virgem conceber e dar à luz ou um morto voltar à vida, como Lázaro e a filha de Jairo, e, acima de tudo, a salvar o pecador, o maior milagre empreendido por Aquele que faz todas as coisas segundo o conselho se sua vontade (Veja Lucas 18.27).

Podemos confiar na Palavra inspirada do Arcanjo Gabriel: “não haverá impossíveis para Deus em toda a Palavra” (Lucas 1.35), ou seja, o Senhor não pode ser visto como um igual a nós, sujeito às mesmas mazelas e dificuldades (Veja Gênesis 18.14). Acreditar que Deus poderia fazer uma pedra que não possa carrega-la é tão absurdo quanto conceber um quadrado com três ângulos. Portanto existem impossíveis para Deus:

· É impossível que peque (Levítico 19.1);

· É impossível que Deus minta ou se arrependa (Números 23.19);

· É impossível que não cumpra sua Palavra (Lucas 1.37);

· É impossível que mude de ideia (Tiago 1.17); Etc.

Essa realidade mostra como a liberdade é um sórdido devaneio da imaginação humana. Os Iluministas fiaram-se nessa ilusão como uma dos maiores valores entre a igualdade e a fraternidade. Todavia ninguém é completamente livre. Esse é um diabólico desejo que só pode conduzir o homem a mais vil rebeldia. A liberdade criada não permite de modo algum que alguém faça aquilo que bem quiser sem que tenha que lidar com as responsabilidades inerentes a cada uma das escolhas que nascem de sua livre-agência (capacidade de escolher a partir da natureza de seu coração). Inevitavelmente, optaremos entre possibilidades distintas e até opostas e, sem a ação do Espírito Santo, inclinar-nos-emos àquilo que desagrada o Criador, porém, em harmonia com a Palavra—iluminada pelo Espírito Santo—,encontraremos os meios necessários para agir de maneira prudente e que glorifica o Pai que está no céu.

Não faltam aqueles que almejam exercer uma liberdade quase infinita. Contudo, partindo do pressuposto de R.C. Sproul, em que o livre arbítrio “é a capacidade fazer escolhas sem nenhum preconceito, inclinação ou disposição anteriores”. Apenas nossos primeiros pais tiveram tal incumbência e encontraram o desastre da queda. Nem Deus possui livre-arbítrio, pois não tem neutralidade tal que possa se inclinar para o pecado. Logo, desejar tal liberdade é querer tomar nos ombros a pedra que nem  o Criador deseja, é o reflexo do pecado original almejando ser igual a Deus.

Quando formos tolhidos pela pouca abrangência de nossas opções e a angústia de querer mais do que se pode, lembremo-nos de que, apesar da liberdade divina ser muitíssimo ampla, não é de maneira alguma infinita. Portanto, quando o néscio reclama o livre-arbítrio e o poder de escolher tudo, de maneira rebelde quer uma liberdade maior do que aquela que o Senhor desfruta na glória.

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