Translate

sábado, 2 de setembro de 2017

Uma Igreja Desanimada


UMA IGREJA DESANIMADA
E, por este motivo, porque és morto, não és frio nem quente, estou a ponto de vomitar-te da minha boca” (Apocalipse 3.16)
A palavra desânimo vem do latim e significa estar sem alma, sem a força vital que move a criação. Talvez, todos nós tivemos aquele dia em que nossa vontade de prosseguir parece diminuída e o único desejo que, realmente, temos é de nos isolar no feudo de nossas preferências e mesmices. Em alguns casos, não passa do reflexo da quase ininterrupta correria de todos os dias, mas existem aqueles, aos quais, esse torpor, esse desejo de fuga se torna uma patologia e, sem a graça, um terrível obstáculo à vida cristã. Pois as debilidades físicas, psíquicas e morais do homem são os materiais mais caros para se forjar as mais duras tentações, especialmente, aquelas que o afastam da intimidade com o Altíssimo.
Pedro passa por uma debilidade moral, porque, depois de negar Jesus por três vezes, sendo peneirado por satanás (Lucas 22.31), foi tentado a largar tudo e voltar ao seu antigo empreendimento (Veja 21.3). Os discípulos, que outrora seguia Jesus, encorajaram-no nessa empreitada e o seguiram às antigas redes de pescar.
Os discípulos de Emaús foram vítimas da fraqueza psíquica. Obviamente, não estavam loucos, mas o sofrimento ceifou toda a disposição para que fossem a Galileia como o Mestre pedira (Mateus 26.32). Estavam tão tristes e deprimidos com os eventos que aconteceram em Jerusalém, que eram incapazes de reconhecer o Cristo que lhes dirigia. Elias sofre a mesma letargia pedindo a morte debaixo do zimbro (1Reis 19.4). O Rei Asa (2Crônicas 16.11-14) é um exemplo de como moléstias físicas podem fazer alguém que tivera uma vida piedosa desagradar a Deus. A gloriosa mensagem das Escrituras aos entorpecidos pelo cansaço da alma é que o Senhor não os abandona, mesmo que abandonemos, de maneira imprudente os meios de preservação/graça, pois vemos Jesus perdoando Pedro, Deus mando um anjo a Elias.
O desanimado tem um sinistro poder de aglutinar todos aqueles que conhece e estejam dispostos a dar um peso descomunal aos problemas ao invés de seguir a orientação bíblica em Tiago 1.2. É mórbido como, para algumas pessoas, é prazeroso permanecer na assento da murmuração. Existem inúmeros homens que acreditaram que seria confortável passar alguns momentos nesse falso conforto, mas ficaram inertes uma vida toda sempre procurando nos outros o erro e os defeitos que estava dentro delas, porque “todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Romanos 3.23). Uma vida vivida na piedade preguiçosa e relaxada é incapaz de produzir os frutos que os Senhor requer de nós (Efésios 2.10).
Dessa maneira, pessoas desanimadas não só murmuram aglutinando discípulos para o seu louco desespero, mas têm o diabólico poder de drenar toda a energia daqueles que querem ir além. Quantas vezes você teve uma ideia ou quis fazer algo novo na igreja, mas alguém disse: “isso não dá certo!”. Da mesma maneira, o crente morno, no seu trabalho evangelístico, nunca consegue fazer o ímpio sair totalmente de sua figura moribunda, porque transmite um cristianismo superficial, farisaico e descomprometido. O crente desanimado é aquele que vive morno e transmite essa temperatura a todos aqueles que o cercam
Parafraseando o historiador francês Fernand Braudel (1902-1985), não existe vácuo no poder do eu coração, conforme Romanos 6.16, porque ou seremos escravos do bondoso Senhor obedecendo-o para justiça ou da morte para perdição. O maior exemplo de igreja morna/desanimada é a de Laodiceia, pois ,ao invés te confiar no Senhor e servi-lo, optava a servir sua indústria têxtil, sua produção farmacêutica e suas reservas financeiras, contudo porque estavam sem Jesus, permaneciam nus, cegos e miseráveis (Apocalipse 3.17).
Portanto, parafraseando o profeta Jeremias 1.17: arregace as mangas, levanta, faça tudo o que o Senhor lhe ordenar e não te desanimes diante dos desafios, para que o Senhor não te desanime diante deles.



Nenhum comentário:

Postar um comentário