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sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Pai, a transmissão de um legado


Pai, a transmissão de um legado

O tolo despreza as orientações de seu pai, mas quem compreende bem a repreensão demonstra sabedoria (Provérbios 15.5) 



A fim de estudar, frequentemente, tenho que ir a São José do Rio Preto e o ônibus que utilizo para  essa atividade é um ótimo lugar para ver todo tipo de pessoas e ouvir os mais variados assuntos. Há alguns meses, dois jovem sentaram-se atrás do banco em que eu estava acomodado e entre uma linha e outra do meu livro foi impossível não acompanhar os assuntos variados que tratavam, mas um específico me chamou a atenção. Os rapazes começaram a falar da beleza que havia na figura paterna. Entendiam que o pai se diferencia da mãe. Para eles, enquanto estas exercem a tarefa do cuidado, aqueles davam segurança e orientação. Caro leitor, entenda que não sou daqueles demasiadamente curiosos que ficam farejando a conversa alheia, mas todos que já usaram esse meio de transporte sabem que para não escutar as muitas conversa só sendo surdo. Em um mundo em que o planejamento familiar é rígido, a família tida como falida e os jovem cada vez mais incentivados a postergar indefinidamente a responsabilidade matrimonial, fiquei feliz por ouvi-los sonhando com o dia em que seriam pais e por terem um exemplo a seguir.

Esse fato nascido no acaso traz luz para uma sociedade que se acostumou a menosprezar a figura do pai. Quem nunca ouviu a respeito da importância e do tamanho descomunal do amor de mãe? Pode se acrescentar aquela chula expressão: mãe só se tem uma, pai se acha um em cada esquina. A teóloga norte americana Nancy Pearcey explica um pouco da origem dessa indiferença. Ela afirma que antes da Primeira Revolução Industrial entre os séculos XVIII e XIX as famílias estavam unidas de maneira singular, pois as oficinas ora ficavam contíguas a casa ou muito próximas a ela, mas, com o advento das indústrias, os homens foram obrigados a se distanciarem do lar e, até hoje, esse é a única maneira de se trabalhar válida a nossa sociedade e, por isso, ela fica tão alarmada com a crescente escassez da oferta nesse modelo. Com o tempo, o homem foi ficando cada vez mais ausente, carente de ser domado pela família e aparentemente dispensável na educação das crianças. Podemos comprovar essa realidade com um teste muito rápido: quantos homens dão aula na Escola Bíblica Dominical? Quantos homens desejam assumir alguma atividade no União de Crianças Presbiterianas? Quantos de nós foram alfabetizados por homens? Quem geralmente vai à reunião de pai e mestres? Percebeu? Não estou dizendo que as mulheres estão dominando o mundo, mas que elas têm ocupado o vácuo deixado pelos homens.

Esse mundo, que jaz no maligno, deseja calar a boca dos homens, porque eles têm a função de transmitir um legado a seus filhos. Certamente, existem situações que fogem a essa regra, temos Timóteo que vira exemplo de fé em sua mãe e sua avó (2Tm 1.5) ou uma viúva que tenha que instruir seus filhos na fé, mas essas exceções—bem sucedidas devido a misericórdia divina— não incentivam a ver a figura masculina como de somenos. Salomão, em toda a sua sabedoria, sabia que era insensatez desprezar a correção do pai e prudência ouvir sua admoestação. Davi, pai de Salomão, transmite admoestações a Salomão e com elas o seu legado em 1 Crônicas 28.9,10:

· Conhecer a Deus: na agenda de Davi para seus filho, a prioridade era que seu filho tivesse intimidade com Deus. Davi apresenta-lhe sua fé como exemplo vivo. Pais, saibam que um legado é abre alicerce na rocha da fé;

· Servir a Deus: Davi sabia que não bastava apenas ter intimidade com Deus, mas era necessário servi-Lo, mas não sem a inteireza de coração e espírito voluntário, porque o Senhor conhece nosso coração e sabe de nossas reais disposições. Ninguém pode fazer média a Deus, tampouco iludi-Lo com uma piedade superficial;

· Tomar cuidado: a grande preocupação que Salomão deveria ter era em exercer sua vocação de maneira a agradar a Deus;

· Esforçar e fazer: o esforço de Salomão não deveria ser dirigido a outro senão a Deus.

Salomão foi sábio enquanto permaneceu fiel a essas admoestações, mas quando deixou perverter seu coração(1Rs 11.5) abandonando essas orientações tornou-se extremamente insensato. Portanto, imitemos nossos pais naquilo que imitam a Cristo e nós pais ofereçamos nossa vida como exemplo e legado àqueles que Deus nos confiou.


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