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terça-feira, 4 de novembro de 2014

A mulher na Bíblia

A mulher na Bíblia
Com freqüência, ouvimos intelectuais, ativistas e, até, cristãos mal informados afirmarem que a Bíblia é machista, porque foi escrita em uma cultura profundamente marcada pelo patriarcalismo. Se olharmos para a Palavra de Deus com espírito criterioso e desarmado das ideologias mundanas que visam desacreditar a mensagem do Senhor, veremos algo diferente daquele que é apregoado pelo mundo.
Entendemos que a trajetória das mulheres foi, por um longo período, marcada pela desigualdade de direitos e pela opressão desumana e ainda o é em regiões inóspitas. A história mostra claramente essa realidade, pois na Roma antiga a mulher não possuía personalidade legal (alieni iuris) e para herdar uma propriedade precisava se casar para que o marido requeresse os seus direitos. Nessa sociedade, que desenvolveu sobremaneira as bases do direito, o homem (sui iuris) tinha direito de vida e morte sobre ela (pátria potestas). O romano, segundo das leis, poderia tratar sua esposa como seus escravos conforme a Institutas de Justiniano (Flavius Petrus Sabbatius Justinianos 483-565) Livro I, título 8.
Na Grécia, berço da democracia, a mulher era considerada uma criatura sub-humana e servia para o lar e a procriação. A criação feminina servia para a finalidade doméstica. Essa realidade não era igual em Esparta, onde a mulher possuía grande destaque, pois era vista como a fonte de bons soldados, haja vista que o pai e a mãe não poderiam educar seus próprios filhos, essa função era exclusiva do Estado.
Essa desigualdade se arrastou pela Idade Média e os avanços e conquistas modernas não foram capazes de diminuir o desprezo e violência que eram desferidas a muitas mulheres pelo mundo comprovando a máxima de Albert Einstein (1879-1955): “Triste época! É mais fácil desintegrar um átomo que um preconceito”.
Com certeza, o evento mais intenso desse conflito tenha acontecido em Nova Iorque no dia oito de março de 1857. Nesse dia tecelãs fizeram greve para reivindicar melhores condições de trabalho tais como a redução da jornada de 16 horas e a equiparação do salário com os homens. A manifestação sofreu forte e violenta repressão ao ponto dessas mulheres serem trancadas na fábrica em chamas, o que matou 130 tecelãs, por isso, a ONU, em 1975, dedicou esse dia a mulher.
A Palavra de Deus nunca endossou essas práticas, pois o que vemos em suas páginas é Deus criando o homem e a mulher a sua imagem e semelhança (Gn 1.27) e instruindo os homens a tratá-las como a parte mais frágil (1Pedro 3.7). Enquanto no berço do direito e da civilização, a mulher não podia se representar juridicamente, em Israel as filhas de Zelofeade (Macla, Noa, Hogla, Milca e Tirza) da tribo de Manassés tiveram acesso ao direito de herdar o que lhes era devido (Nm 27.1-7). Se tardou o direito das mulheres votarem e serem eleitas (1928 em Mossoró no Rio Grande do Norte), em Israel Débora era profetiza, juíza e guerreira (Jz 4.4-10).
Jesus nunca desprezou as mulheres, mas as tratou com carinho: salvou a adúltera que seria apedrejada (Jo 8.7); conversou com a Samaritana no poço de Jacó (Jo 4.27) sem se reocupar com a estranheza dos discípulos; acolheu sem medo a prostituta que lava seus pés com lágrimas e os enxugava com os cabelos (Lc 7.38), sem se preocupar com os pensamentos malicosos do fariseu; instruía Maria irmã de Lázaro (Lc 10.39), sem se importar com a repreensão de Marta; possuía mulheres que apoiavam seu ministério (Lc 8.2,3).
Paulo, tido como a voz mais machista da Bíblia, foi auxiliado por Lídia (At 16.15, 40) e Febe (Rm 16.1,2), termina a Carta aos romanos citando oito mulheres (Rm 16) e recebe denúncia contra os problemas da igreja de Corinto dos da casa de Cloe (1Cor 1.11). Será que um livro tão machista possuiria dois livros inspirados com nomes femininos (Ester e Rute) e tantas referências a mulheres? Com certeza este é um “pré-conceito” daqueles que agem com maldade no intuito inútil de desacreditar o Senhor em sua Palavra e daqueles que, como papagaios, repetem seus desvarios.



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