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segunda-feira, 24 de novembro de 2014

A Liderança e a Gestão Escolar

A LIDERANÇA E A GESTÃO ESCOLAR
NOME: Diego José Gonçalves Dias
 
 


RESUMO:
            Este artigo tem como objetivo mostrar a como a liderança se desenvolve dentro da escola por meio da equipe gestora. Dessa maneira iniciamos esse trabalho mostrando com as pessoas se unem em grupos e por que têm necessidades de um líder. Conceituamos o que é o líder e o que é a liderança, por teóricos do assunto e visões atuais de pessoas que dirigem empresas e grandes empreendimentos. Concluímos mostrando que a escola é um grupo e, por isso, precisa de um líder que determina a qualidade da sua equipe.
PALAVRAS-CHAVE:
Estado; Líder; Liderança, Gestão escolar; Democracia.
INTRODUÇÃO
            A escola pública apesar de todas as mudanças que sofreu, tanto em sua metodologia, como em seus ideais e concepções, continua, em muitos lugares ainda a usufruir a tecnologia do giz e da lousa somados a dedicação de homens e mulheres, que, apesar dos baixos salários, se denominam professores.
            A falta de recursos é acrescentada a indisciplina crescente e a insegurança de trabalhar em zonas de risco e com jovens em situação de risco. Essas são situações para as quais nenhuma universidade preparou o seu aluno, por isso, alguns acabam se assustando e abandonando o ofício de mestre ou ficam para lutar mais do que pela sobrevivência, mas por uma escola melhor.
            A gestão escolar – o diretor, o vice-diretor e os coordenadores pedagógicos – não é escolhida pelo desejo e a competência de liderarem um grupo de pessoas críticas frente a um grupo complexo, mas fatores como a indisciplina em sala de aula motivam subordinados que precisam de líderes a exercerem uma liderança fraca e, muitas vezes, inconseqüente.
            Dessa maneira se justifica o tema desse opúsculo e espera-se ideias que vê nham ao encontro dos problemas observados.
I. O HOMEM COMO UM SER SOCIAL
            O homem não pode viver sozinho como uma ilha no mar de sua individualidade, mas devido a sua fragilidade natural sendo incapaz de nascer, crescer, se educar, tampouco sobreviver só (MONDIN, 1980: 155), tampouco pode acrescentar forças a sua capacidade natural, porém as intempéries que o afligem parecem dia a dia redobrarem suas forças o que o leva, inevitavelmente, a compactuar-se com outros homens racionais que somam suas forças para viverem em sociedade. Rousseau afirma que:
Contemplo os homens chegados ao ponto em que os obstáculos danificadores de sua conservação no estado natural superam, resistindo, as forças que o indivíduo pode empregar, para nele se manter; o primitivo estado cessa então de poder existir, e o gênero humano, se não mudasse de vida, certamente pereceria. Como os homens não podiam criar novas forças, mas só unir e dirigir as que já existem, o meio que têm para se conservar é formar por agregação uma soma de forças que vença a resistência [...] (ROUSSEAU, 2002: 31)
            Lima (1999), a partir da análise e divisão tomista, afirma que o homem é, ao mesmo tempo, a causa e a matéria da sociedade, pois simultaneamente está sujeito a ela por meio do contrato de seus ancestrais, mas atua e a reformula com sua atuação na história.
            A sociedade tem como sua causa eficiente a vontade e a liberdade do homem que se inclina a viver em comunidade em que pode se complementar e, assim, se proteger, mas também pela liberdade, pois o homem, em sua livre-agência, faz escolhas que interferem nos seus caminhos e nos caminhos de outros seres humanos. Maxwell (2008: 94) citando o presidente Harry Truman afirma que são os homens que fazem a história e não o contrário. Em períodos nos quais não há liderança, a sociedade pára. O progresso ocorre quando líderes corajosos e habilidosos aproveitam a oportunidade para promover mudanças positivas.
            Contudo a sociedade não existe sem leis, tampouco dirigentes. Rousseau (2002) disserta no Contrato Social que a sociedade reunida como um corpo deve se submeter a um soberano para se submeterem e serem representados por ele que não pode se sobrepor as convenções gerais nem onerar mais um cidadão do que outro, por que o pacto social estabelece entre os cidadão uma igualdade tal, que eles se obrigam todos debaixo das mesmas condições, e todos devem gozar dos mesmos direitos (ROUSSEAU, 2002: 44).
            Segundo Rousseau (2002) o pacto social dá existência ao corpo político que, por meio de legisladores, promove a existência das leis que são a rigor as condições da associação civil (ROUSSEAU, 2002: 49), porém ao mesmo tempo que submete o povo a sua ordem é produzida por ele em sua atitude política. Japiassú (1996: 160) ao conceituar o termo lei afirma que elas servem para regular as relações humanas e tem um caráter convencional, prescritivo, normativo e tem origem do uso, costume e das práticas sociais.
            A sociedade caminha para o bem comum, contudo essa afirmação, defendida por Lima (1999) carrega em si um terrível paradoxo, porque ao mesmo tempo que o ser humano deseja intensamente o bem e o prazer que o sacia individualmente ele tem que se posicionar no seu exterior e promover esse bem e prazer para a sua sociedade. Abbagnano (2000:107) define bem como tudo que possui valor, preço, dignidade e qualquer título de tal maneira que com forma o termo bem ao que modernamente se chama de valor.
            Metafisicamente o bem, segundo Thomaz de Aquino (ABBAGNANO, 2000:107) é o ente como objeto de desejo, mas não é o ente. Aristóteles, na Ética a Nicômaco (2000), analisa minuciosamente a relação entre o bem o desejo. O filósofo de Estagira inicia sua análise mostrando que na sua época era muito comum duas ideias a respeito do prazer: uns diziam que era um bem, outros um mal, contudo o Precursor de Alexandre, o grande, afirma que aqueles que afirmam que o prazer é um perigo desempenham uma tarefa complicada, porque podem ser surpreendidos o buscando em algum momento e não pode ser observado como contrário ao sofrimento, mas contrário a um grau neutro, assim como não são sempre desejáveis, tampouco inteiramente livres a todos, pois o prazer muda conforme a idade e os objetivos de cada indivíduo.
            Para Aristóteles (2000), a felicidade – um fim em si mesma – e decorrente da boa utilização do prazer – não está relacionado apenas ao divertimento ou uma vida tranquila, mas afirma:
[...] qualquer pessoa, até mesmo um escravo, pode fruir a prazeres do corpo tanto quanto o melhor dos homens, todavia ninguém considera o escravo partícipe da felicidade, a menos que também o considere partícipe da vida humana. Assim, a felicidade não está em passatempos e divertimentos, e sim nas atividades virtuosas [...] (ARISTÓTELES, 2000: 228)
            O maior aluno da Academia de Platão acreditava que a diversão não poderia ser uma finalidade para a vida do homem, porque o esforço visando apenas a recreação é possível apenas às crianças. O divertimento é necessário ao homem, porém é, como afirma Anacársis (ARISTÓTELES, 2000: 228), é um relaxamento necessário ao homem, porque não é possível, tampouco saudável trabalhar sem descanso, entretanto uma vida sem trabalho árduo é uma existência sem realizações e igualmente pouco proveitável ao homem, dessa maneira alguém que esteja disposto a ir além de sua individualidade para dedicar-se com maior empenho exerce uma atividade nobre e mais próxima da felicidade. Assim apenas o homem virtuoso pode alcançar a felicidade e desfrutar o verdadeiro bem o que naturalmente é vedado aos animais, desprovidos da razão.
            O fundador do Liceu acreditava que a existência de amigos verdadeiros, somados ao prazer e a posse de bens exteriores promovem a felicidade do homem virtuoso, todavia a felicidade só pode ser conquistado devidamente se o homem for guiado pelas leis e só é capaz de legislar aqueles homens que estão empenhados em fazer que os homens se tornem melhores tal como os pais aos seus filhos.
            Segundo Lima (1999: 47), o bem comum só pode ser alcançado quando se emprega os meios necessários, porém os meios necessários para se atingir a finalidade da sociedade se mistura a própria forma da sociedade que é determinada pela sua organização, sua constituição. Assim, a vontade que é a causa eficiente da sociedade que está em cada indivíduo tem de se coadunar com a união moral – causa formal da sociedade – para se atingir o fim que é o bem comum que faz da sociedade – o ajuntamento de seres humanos incompletos – em uma pessoa moral diversa das pessoas que a compões e que e é esse princípio de unidade que constitui a base da autoridade do Estado (LIMA, 1999: 48).
            Portanto, se o homem é essencialmente um ser social, porque é fraco e incompleto e precisa se unir a outros homens vulneráveis para tornar sua única dádiva expressiva: a razão, as empresas, escolas, aulas... formam núcleos sociais que são regidos pela mesma estrutura antropológica de se formar sociedades seguido pelo homem desde os tempos idos. Dessa maneira a escola é uma sociedade e um campo de relações subjetivas de relações intersubjetivas e um grupo de indivíduos entre os quais essas relações ocorrem de alguma forma condicionada ou determinada (ABBAGNANO, 2000: 912).
            A escola é formada pela vontade de indivíduos que anseiam, direta ou indiretamente, pela herança cultural do homem, mas se coaduna igualmente não ao que é hipoteticamente bom, tampouco prazeroso, mas a constituição que leva ao bem comum.
II. O LÍDER E A LIDERANÇA
            Apesar de não concordarmos com a concepção absolutista de Hobbes, contratualista do século, é inegável sua noção a respeito do homem. Segundo Reale et al (1990), Hobbes tenta explicar toda a realidade a partir de dois elementos quase dogmáticos fundamentado na geometria euclidiana e na física de Galileu: o corpo, como o elemento que não depende do nosso pensar e que se estende no espaço, e o movimento, sendo que as qualidades são fantasmas do sensível.
            Para Hobbes, o movimento é o princípio de tudo, inclusive do conhecimento e do querer humano, todavia, como afirma Abraão (1999) para esse contratualista inglês, os seres humanos não são irmãos fraternos, mas lobo do próprio homem (Plauto) iguais em suas paixões e ansiosos por satisfazê-las de tal maneira que não conhecem limites precisos de força, pois o mais faço tem força suficiente para matar o mais forte, por isso, o estado natural do homem é o estado de guerra e para evitar uma catástrofe os indivíduos abdicam de sua liberdade e a conferem a uma mão forte, capaz de controlar seus desejos a qual chama de Leviatã, porque se dois homens desejam a mesma coisa, ao mesmo tempo que é impossível ela ser gozada por ambos, eles tornam-se inimigos (HOBBES in CHALITA, 2004: 210)
            O Leviatã ou o Estado é uma espécie de deus mortal a quem a frágil humanidade se confia e seu nascimento se dá quando essa comunidade humana confia sua defesa a um homem ou uma assembleia que a representa e que tem sua total aprovação.
O único caminho para erigir um poder comum que possa estar em condições de defender os homens da agressão estrangeira e das injúrias recíprocas e, assim, tranquilizá-los de tal modo que possam se nutrir e viver satisfeitos com sua própria indústria e com os frutos da terra, é conferir todos os seu poderes a um homem ou a uma assembleia de homens que possa reduzir todas as suas vontades, por meio da pluralidade das vozes, a uma só vontade. (HOBBES in REALE et al, 1990:502)
            A partir desse posicionamento de Hobbes podemos contemplar que a presença de um líder não é apenas uma conveniência ou um modismo administrativo, mas uma função natural e necessária em qualquer conjunto humano que deve se impor a concorrência com outros grupos humanos e necessita afunilar a pluralidade de vontades a uma voz única que traduza, como procurador, o pensamento do grupo, todavia temos consciência de que as principais teses hobbinianas levam a um absolutismo que pode exercer o absolutismo cego como afirma Japiassú et al (1996: 162) o soberano é absoluto, cada indivíduo renunciando a sua liberdade. Com isso, considera-se fundado, no pensamento político, no pensamento político, o despotismo, todavia um líder que não é paz de traduzir o interesse de seu grupo lega-o ao fracasso das múltiplas escolhas e da inimizade que corrói a unidade de uma convenção. Dessa maneira, um grupo com um líder fraco está fadado a uma morte lenta e dolorosa, pois as partes contratantes depositaram seus fundamentos em uma frágil ilusão que quando esvaecer completamente terá levado a paz de toda a organização que, moribunda, sente os ferimentos de ter digladiando o tempo todo, porém anestesiada, entorpecida pelo falso líder.
            Chalita (2004: 214) que o pensamento de Étienne de la Boétie – filósofo do século XVI – que se pergunta a respeito do motivo pelo qual pessoas e Estados se submetem a autoridade de um grupo ou a uma assembleia e para isso estabelece algumas teses: obedecemos, porque dentro de nós há um pequeno tirano; o desejo de mandar anda pari passu ao desejo de possuir; pelo desejo de possuir abdicamos de nossa liberdade para tentarmos ganhar benefícios do tirano e essa dominação se perpetua por que os homens se esqueceram de sua liberdade natural. Dessa maneira, a liderança é um fato existencial e econômico, pelo qual os homens exteriorizam suas ganâncias e tentam suprir suas necessidades.
            Acreditamos que os grupos humanos necessitam de um líder, porque o ser humano é um ser existencialmente “inacabado”, por isso, onde há vida há inacabamento, mas só entre os homens o inacabamento se tornou consciente (FREIRE, 1996: 50). O homem precisa de um médico para liderar seu tratamento; um engenheiro para liderar suas empreitas; um professor para liderar nosso aprendizado, contudo o que é o líder e quais são suas características?
            Segundo Gómez (2005), o líder é antes de tudo aquele que tem vontade de liderar e por isso está sempre disposto a ultrapassar seus limites e formar relacionamento com as pessoas que quer liderar interessando. Dessa maneira, a liderança, segundo Gómez (2005: 126) é a bússola e o motor da organização, contudo não é um cargo, mas a arte de se relacionar construtivamente com as pessoas e conseguir que se mobilizem para atingirem determinados fins comuns.
            Segundo Maxwell (2007), a capacidade de liderar determina o grau de eficácia de uma pessoa, ou seja, ela é capaz de aumentar geometricamente a capacidade de um indivíduo enquanto seus esforços progridem-no aritmeticamente. O líder é alguém que influencia outras pessoas o que nada mais é do que a capacidade de fazer as pessoas ouvirem suas orientações. Se queremos conhecer quem é o líder natural de um grupo baste percebermos qual das pessoas é ouvida e, assim, seguido. O líder que é ouvido é aquele que traduz a vontade do grupo edificando relacionamentos construtivos, pois um líder sem seguidores não pode ser considerado um bom líder.
            O grande problema que a liderança enfrenta hoje é que muitas pessoas almejam a posição de líder não porque se sente apto a se relacionar construtivamente com as pessoas vencendo suas barreiras para orientar um grupo de pessoas para o melhor caminho a ser seguido, mas por causa do status do cargo, a placa na porta ou vantagem de ter pessoas sob a sua autoridade. Welch, executivo que revolucionou a gestão da Genal Eletric de 1981 a 2004, afirma que isso que faz um verdadeiro líder, alguém que desenvolve uma ideia e motiva as pessoas a executá-la(WELCH in KRAMES, 2006: 8). Por isso, Maxwell (2008) afirma que não se pode mandar patos para uma escola de águias, porque enquanto as águias são audazes, voam mais alto e têm dificuldade para seguirem regras; os patos são bastante obedientes às regras e sabem trabalhar perfeitamente dentro de um modelo estabelecido a liderança está relacionada com a colocação das pessoas no lugar certo para alcançar o sucesso (MAXWELL, 2006: 103).
O poder é essencial para liderar, contudo só tem serventia quando é utilizado com autoridade e não com autoritarismo. Essa realidade não é culpa de pessoas isoladas, porém da vigência de um velho paradigma militarizado e ineficiente para nossas atuais condições. A boa liderança se dá pela motivação pela qual as pessoas não são recrutadas a participar, mas persuadidas[1] como formigas atraídas de tal forma pelo doce que se unem e fazem um trabalho exemplar.
O estilo da liderança de Welch é especialmente importante para liderar com a complexidade das empresas de hoje. Seja você um gerente ou não, é grande a probabilidade de depender dos outros para realizar seu trabalho. Seus assistentes ficarão mais motivados se conseguirem enxergar a situação como um todo. (WELCH in KRAMES, 2006: 22).
            Hunter (2004) afirma que o velho paradigma – padrões psicológicos, modelos ou mapas que usamos para navegar na vida (HUNTER, 2004: 42) – sobre a liderança que procura a administração centralizada, gerenciamento, fidelidade a modelos antiquados, resultados em curto prazo, relações hierarquizadas e o medo da mudança, enquanto o novo modelo aponta para a administração descentralizada, a liderança, melhoria contínua, resultados a curto e a longo prazo, a relação se dá pelas ideias e a mudança é constante. Kramer (2006) afirma que Welch com 45 anos em 1981 se torna o oitavo e mais jovem presidente da GE – a empresa mais competitiva da época – assumindo a empresa em uma época de grandes transformações e de novos concorrentes no mercado, por isso, precisava reconstruir uma empresa grande e muito adepta do antigo paradigma de liderança bastante gerencial e militarista do começo ao fim.
A saída encontrada para incentivar o livre fluxo de comunicação e a troca de informações foi transformar a GE em uma empresa de aprendizado[2], na qual a inteligência e as boas ideias suplantavam a tradição e a hierárquica. Numa empresa desse tipo, os colaboradores tinham acesso a informações importantes e esperava-se que identificassem as oportunidades e apresentassem soluções criativas para os problemas. (KRAMER, 2006: 25-26)
            Gómez (2005) defende que não se pode falar de liderança sem fazer um paralelo com a ética e a moral, ou seja, os princípios pelos quais a liderança é exercida e as atitudes desempenhadas pelo líder com seu grupo. Apesar de valorizarmos alguns princípios de Maquiavel não acreditamos que um líder pode passar por cima de tudo e de todos para alcançar seus objetivos mesmo que sejam benéficos para a instituição da qual está a frente ou do seu grupo.
Passamos por um momento de grande crise que afeta radicalmente o posicionamento do líder e dos diversos dirigentes. Segundo Accurso (2006), em um espaço de cem anos é possível se ver diversas crises que nada mais são do que ruptura de uma tendência ascendente (ACCURSO, 2006: 138). A cada quarenta meses ocorre uma crise de curto prazo quando se precisa vender todos os estoques; a crise dos negócios a cada onze anos e está relacionada a capacidade produtiva – considerada uma crise de médio prazo – e, por último, temos uma crise a longo prazo a cada vinte e cinco anos com a desaceleração do processo econômico. Entretanto uma crise prolongada obriga muita gente a revisar suas rotinas segundo Teixeira (2009).
A revista Época de maio de 2009 se propôs a discutir “como decidem os lideres” entrevistando cinco líderes de renome: Sérgio Gabrielli (presidente da Petrobrás); Luiz Trabuco (presidente do Bradesco); David Baroni (presidente da TAM); José Gallo (presidente da Renner) e Adilson Primo (presidente da Siemens). Cada um estabeleceu uma maneira de liderar. Gabrielli afirma que bons gestores separam o importante e o trivial, porque os bons líderes tomam boas decisões; a escolha de um líder é a mais importante, porque influencia a vida de todas as pessoas que compõem o grupo segundo Trabuco; segundo Baroni, líderes devem estar atentos à execução ligados não só a decisão mas também a todo o processo sendo mais comunicador do que gestor; Galló acredita que os bons líderes antecipam as ameaças e as suas supostas respostas e para primo, os bons líderes devem desenvolver suas próprias estratégias.
            Portanto, a partir desses conceitos percebemos que a liderança é natural e necessária para o bom andamento de um grupo. Observamos que o líder é aquele de tem em seu íntimo o desejo de liderar, por isso constrói relacionamentos construtivos, influencia e tem seus liderados não como um monarca, mas como um mediador de boas ideias que vençam as crises sem, contudo, deslizar em falhas éticas e morais. Todavia toda essa reflexão não parece ter ecos dentro do ambiente educacional. De fato, a sociedade classifica a escola dentro de um vácuo em que as evoluções dos campos tecnológicos e administrativos não podem refletir nas arcaicas lousas de nossas pequenas academias.
            Como a equipe gestora pode melhorar sua atuação frente aos professores; alunos e à comunidade em que está inserida? Como poderíamos aplicar esses conceitos de liderança à gestão escolar? O que é gestão escolar?
III. A GESTÃO ESCOLAR E A LIDERANÇA
            Com a democracia, que veio iluminar as trevas do regime ditatorial que oprimiu nosso país de 1964 a 1985, toda as instâncias de nossa pátria foram convocadas a participar dessa tão árdua conquista que foi adquirida pelo preço alto de tantas vidas e de tantos filhos que ao verem o erguer da justiça a clava forte não temeram entregar a vida pelo amor supremo a liberdade.
            A democracia brilhou mais vividamente quando no dia primeiro de fevereiro de 1987 a assembleia constituinte foi convocada sendo presidida por Ulysses Guimarães e entregou uma constituição no dia cinco de outubro de 1988 bastante humana que não se iniciava pela divisão dos poderes, mas pelos direitos do cidadão.
            O regime democrático desafiou a pátria para as primeiras mudanças e, inclusive a escola, teve seu quinhão de responsabilidade.
A educação é um direito do cidadão brasileiro é tida como dever do Estado e da família[3] e tem como princípios a igualdade de condições; a liberdade de aprendizado; o pluralismo das ideias; a gratuidade; a valorização dos profissionais, a gestão democrática e a qualidade.
            O diretor necessita liderar a escola em que exerce sua função tendo como meta o desafio da gestão democrática que tem como intenção fazer da escola um ambiente que congrega toda a comunidade e comporta não só a relação professor-aluno, mas é capaz de enxergar os desafios externos da unidade escolar pautando sua atividade escolar a partir do contexto em que ela está relacionada. Lück, citando Valérien afirma que: O dirigente escolar é cada vez mais obrigado a levar em consideração a evolução da ideia da democracia , que conduz o conjunto de professores, e mesmo agentes locais, a maior participação, a maior implicação nas tomadas de direção (VALÉRIEN in LÜCK, 2010: 37)
            Segundo Lück (2010), o termo gestão escolar deriva de uma mudança de paradigma iniciada com a democracia em 1985. Segundo essa autora a concepção de gestão é pertinente, porque não é um mero termo que segue um modismo frágil e descartável, mas um novo modelo de pensamento que não substitui, mas supera o arcaico modelo administrativo fragmentado, mecanicista, centralizador e temeroso diante das mudanças para um modelo dinâmico, descentralizado que privilegias as ideias constantes e vê a crise e a mudança como oportunidades de sucesso.
            A escola como um ajuntamento de seres humanos forma uma sociedade e que reflete, em seu interior, os problemas do macrocosmo em que está inserida. A equipe gestora (diretor, vice-diretor e coordenadores pedagógicos) terão funções administrativas e burocráticas, todavia sua função não está restrita uma sala em que se vista documentos, mas compreendem a função de liderar uma instituição educacional com professores, alunos e líderes da comunidade.
            Valmir Chagas (1982) afirma que o diretor tem assumido a figura de um executivo frio e impessoalque prefere se revestir da segurança de seu feudo-sala da direção, delegando a outros a função de discutir e promover o debate de boas ideias.
            Se um presidente fraco promove a ruína de um grupo, um diretor fraco instaura o caos dentro de uma escola, porque os diversos indivíduos que compões a escola ficam sem rumo como tripulantes em um barco a deriva. É muito comum em uma gestão falha a indisciplina atingir o seu limite promovendo a sobrecarga de professores e funcionários e o baixo desempenho em provas de avaliação.
            Entretanto a equipe gestora não é uma mini liga da justiça que conta com super poderes, tal como Jack Welch não era nenhum herói quando assumiu a super GE, mas um líder flexível que soube ler nas entrelinhas do pacto social as necessidades gritantes e urgentes da sua instituição, por isso lançou a proposta de fazer da GE uma empresa de aprendizado, ou seja, um lugar em que ninguém possuía uma fórmula mágica, tampouco era dona do melhor caminho, mas, por sua vez, um ambiente confortável em que as ideias tinham valor não os cargos e patentes. Ele foi um líder formando líderes.
            A ocupação dos cargos de liderança precisa passar pelo crivo da experiência e aptidão em liderar e não pelo acúmulo de anos na sala de aula ou teorias para resolver uma prova. Quantos professores almejam ocupar um dos cargos da equipe gestora apenas para ficar bem longe da indisciplina da sala de aula e quando conseguem finalmente sair esquecem-se do que passaram e não movem muitas palhas para liderar seu grupo a resolver problemas, acreditam que sendo patos podem voar como as águias. Esquecem-se que o diálogo pode ser o caminho mais curto e mais eficaz rumo ao bem comum, fim último da sociedade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
            Nesse artigo procuramos mostrar que a escola é uma micro sociedade com um pacto social tal como a sociedade em que vivemos e, por isso, possui os mesmos problemas e segue pelo mesmo caminho: o bem-comum.
Nessa perspectiva indicamos premissas filosóficas no Leviatã de Hobbes que mostram a necessidade da existência de líder e como ele é capaz de consolidar e traduzir o pensamento do grupo promovendo relações construtivas quando forte, ou sendo autoritário ou displicente levando ao caos quando fraco.
Mostramos que a equipe gestora necessita ser aberta ao diálogo e ao debate de ideias para que desempenhe efetivamente a tão sonhada gestão democrática. A boa gestão observa as crises – rupturas com uma cultura ascendente – como oportunidades de fazer o que não foi feito e, assim, alcançar o sucessso.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. Tradução: Alfredo Bosi. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
ARISTÓTELES, Ética a Nicômaco. Tradução Pietro Nassetti. São Paulo: Martin Claret, 2000.
CHALITA, Gabriel. Vivendo a Filosofia. 2.ed.São Paulo: Atual, 2004.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Terra e Paz, 1996.
GÓMEZ, Emiliano. Liderança Ética: um desafio do nosso tempo. Tradução: Magda Lopes. São Paulo: Editora Palneta do Brasil, 2005.
HUNTER, James C. O Monge e o Executivo: uma história sobre a essência da liderança. Tradução: Maria da ConceiçãoFornos de Magalhães. Rio de Janeiro. Sextante, 2004.
JAPIASSÚ, Hilton; MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia. 3.ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1996.
KRAMES, Jeffrey A. Os Princípios de Liderança de Jack Welch: 24 lições do maior executivo do mundo. Tradução: Eduardo Refkalefsky. Rio de Janeiro: Sextante, 2006.
LIMA, Alceu Amoroso. Política. 2.ed.Petrópolis: Vozes, 1999.
LÜCK, Heloísa. Gestão Educacional. 5.ed. Petrópolis: Vozes, 2010.
GOLDMEYER, Marguit; WACHS, Manfredo C.; MALSCHITZKY, Gustavo. Luteranismo e educação: reflexões. São Leopoldo: Sinodal, 2006.
MAXWELL, John C. As 21 Irrefutáveis Leis da Liderança. Tradução: Alexandre Martins. Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2007.
__________________. O Livro de Ouro da Liderança. Tradução: Omar de Souza. Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2008.
MONDIN, Baptista. O homem quem é ele? Elementos de Antropologia Filosófica. 3.ed. Tradução: R. Leal Ferreira e M. A. S. Ferrari. São Paulo: Paulinas, 1983.
REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da Filosofia: do humanismo a Kant. São Paulo: Paulus, 1990.
TEIXEIRA, Alexandre. Liderar é Decidir. Época Negócios. Maio de 2009, nº27.
TORRINHA, Francisco. Dicionário Latino-Português. Porto: Maranus, 1942.


[1] Segundo Torrinha (1942) suadeo, suasi, suasum, 2, significa aconselhar, excitar.
[2] Grifo meu.
[3] Constituição do Brasil, 1988 - Cap. III, Seção I, art. 205

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