Translate

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

O que significa comemorar o dia de Ação de Graças?


O que significa comemorar o dia de Ação de Graças?

“Tudo posso naquele que me fortalece” (Filipenses 4.13)






Um observador descuidado pode acreditar que o dia de ação de graças é mais uma data importada que pouco diz a nossa cultura, contudo, diferente do halloween, essa comemoração fala sobre a vida e a perseverança na fé. Quando os primeiros colonos norte americanos, depois do inverno rigoroso de 1620, veem os primeiros frutos, sentem-se a necessidade de agradecer a Deus pela sua ininterrupta providência capaz de trazer aquilo que precisamos, porque o Senhor é nosso pastor (Salmo 23.1).

Dessa maneira, a primeira grande verdade que devemos nos lembrar nesse dia é o fato de que não devemos murmurar. É comum que as pessoas queiram, diante de suas adversidades, culpar tudo e todos até mesmo Deus (veja a atitude de nossos primeiros pais em Gênesis 3.12,13). Entretanto somos convidados pela Palavra a compreendermos que a vontade de Deus é boa, perfeita e agradável (Romanos 12.2), ou seja, não estamos aqui para entendermos tudo o que acontece conosco, pois existem coisas veladas que pertencem a Deus (Deuteronômio 29.29). Mas vivemos para glorifica-Lo e nos alegrarmos nEle para sempre.

O murmurador não compreende que seus sofrimentos podem ser consequência de seus pecados como quando Davi é orientado que a espada não se apartaria de sua porta (2Samuel 12.10). Os sofrimentos de Davi eram consequência de sua atitude reprovável com Bate-Seba e com Urias. Contudo é possível que o Senhor permita que sejamos provados para nos tornarmos mais perseverantes (Tiago 1.1-3) como aconteceu com Jó. Em nenhuma dessas duas situações, é lícito murmurar, pois, na primeira, é a disciplina de Deus que visa nosso benefício e, na segunda, tem o objetivo de nos fazer crescer na dependência do Senhor. Portanto, em ambas as situações vemos o amparo e o amor dAquele que faz todas as coisas segundo o conselho da sua vontade (Efésios 1.11).

A segunda verdade que somos convidados a nos recordar é que o Senhor provê sobre nossas vidas. De acordo com o Catecismo Maior de Westminster (pergunta 18), “as obras da providência de Deus são a muita santa, sábia e poderosa maneira de preservar e governar todas as suas criaturas e todas as suas ações, para a sua glória”. Deus governa todas as coisas desde as grandes até as muito pequenas e nenhuma assunto é para ele de somenos a ponto de não se importar.

A palavra fala a respeito dos discípulos dos profetas que, por acidente, deixaram um machado alheio cair na água (2Reis 6.5). É interessante que esse evento está entre a cura de Naamã (no capítulo 5) e o abastecimento miraculoso do Reino que estava sitiado pelos hititas e arameus (capítulo 7). Essa sequência mostra como Deus exerce governo sobre a lepra do alto oficial sírio, sobre o abastecimento de todo um reino em tempos de guerra e sobre a incidente da perda de uma machado. Não existe circunstância elevada demais ou diminuta que não careça de nossos joelhos quebrados diante daquele que nos deu tudo até mesmo o fôlego de vida.

O grande engodo de satanás, desde o Éden, é fazer o homem acreditar que poderia obter o conhecimento completo sem Deus, que a desobediência lhe permitiria ser autossuficiente. Todavia o resultado foi a gradativa morte física e a imediata morte espiritual, ou seja, “decaíram de sua retidão original e da comunhão com Deus, assim se tornaram mortos em pecado e inteiramente corrompidos em todas as suas faculdades e partes do corpo e da alma” (Confissão de Fé de Westminster VI,2). Portanto, sem a ação graciosa de Deus nossos atos de justiça seriam ainda como trapos de imundícia para o Eterno Pai (Isaías 64.6). Dessa maneira, tudo o que fazemos depende do Senhor e acontece para a sua glória.

A terceira verdade é que precisamos ter uma visão diferenciada sobre nossa vida. É muito frequente que nossa visão seja influenciada pelos padrões vigentes em nossa cultura. É tentador almejar àquilo que a maioria considera bom e podemos desprezar o que a maioria considera ruim. Esses critérios são falhos e fugazes, pois o profeta Isaías afirma que podem existir aqueles que chamam mal ao bem e bem ao mal, assim como a luz de trevas e as trevas de luz, tal como o amargo de doce e o doce de amargo (Isaías 5.20). Guiando-me pela maioria posso compactuar desse desastroso e condenável engano.

Não é à toa que Jesus exorta os seus discípulos a não ficarem inquietos quanto ao que haveriam de comer, beber e vestir, mas buscar primeiro o reino de Deus e a sua justiça certo de que essas necessidades lhes seriam acrescentadas (Mateus 6.31-33). Não são poucos os que depositam suas vidas naquilo que é naturalmente perecível ou que os homens podem roubas. Paulo busca os tesouros do alto que ladrões não roubam, a traça não come, tampouco enferrujam, pois afirma: “sei bem em quem tenho crido e estou plenamente convicto de que Ele é poderoso para guardar o que lhe confiei até aquele dia” (2Timóteo 1.12).

Segundo o puritano John Gill, Paulo deposita em Cristo os seus labores e sofrimentos que passara pelo Reino consciente de que o sentido de todas essas coisas não está nesse mundo, mas no porvir, por isso, não murmurou, mas proclamou que encontrara o segredo para viver contente em toda e qualquer circunstância: “Tudo posso naquele que me fortalece” (Filipenses 4.13). Destarte, o dia de Ação de Graças significa: compreendermos que nossa vida é dirigida não pelos eventos fortuitos e casuais, mas pela mão santa e sábia do Criador e, confiando assim, não precisamos temer os dias maus, tampouco nos excedermos na bonança.

Nenhum comentário:

Postar um comentário