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terça-feira, 26 de setembro de 2017

A PERIGOSA NEGLIGÊNCIA DA ARTE PELOS CRISTÃOS


A perigosa negligência da arte pelos cristãos
“Eis que eu chamei pelo nome a Bezalel, filho de Uri, filho de Ur da tribo de Judá. Eu fiz que ficasse pleno do Espírito de Deus em sabedoria, entendimento e capacidade artística. (Êxodo 31.2,3)

Há quase um mês foi aberta, em Porto Alegre, a exposição queermuseu: cartografias na arte brasileira. Essa exposição foi patrocinada pelo Banco Santander e a lei Rouanet. Continha 270 obras que se guiavam pela ideologia de gêneros e com forte apelo sexual. Contudo o Ministério Público (MP)—o bastião da moral e dos bons costumes—foi encarregado de absolver as cenas grotescas como arte, pois quem melhor que o MP para legislar também sobre estética. Chegará o dia em que procuradores se pronunciarão sobre vinhos e queijos também.

Muitos se perguntaram se essa exposição se tratava de arte, pois sua realização contou com a renuncia fiscal da lei Rouanet (lei em que o governo abre mão de arrecadar o Imposto de Renda de projetos artísticos produzidos no país para ajudar profissionais iniciantes e fomentar a cultura).

O conceito de arte é muito amplo e subjetivo. Gosto da maneira como o filósofo italiano Battista Mondin (1926-2015) tra-ta desse tema tão espinhoso: “o trabalho do artista pode ser comparado ao da abelha: ele não cria, mas, assimilando elementos já preexistentes, produz uma realidade completamente nova. O mesmo filósofo entende que o artista tem como objetivo “dar expressão sensível à beleza”.

O fato é que essa amostra apontou para alguns problemas sérios sobre os quais precisamos ponderar: como a doutrina da depravação total influencia até mesmo a produção artística; a necessidade de cristãos comprometidos engajados nas mais diferentes áreas da sociedade; como produzir arte cristã e a diferença entre ética e censura.

A realidade corrupta e enganosa de nosso coração (Jeremias 17.9) revela que somos radicalmente depravados, ou seja, todas as áreas de nossa vida, até mesmo aquelas que julgamos que são de alguma maneira boas, estão manchadas pelo pecado. Portanto, toda produção artística deve ser vista a partir dessa perspectiva. Quanto maior a comunhão do artista com o Senhor, menor será a influência dessa terrível mácula. Contudo, se não for pela graça comum, não podemos esperar fidelidade, tampouco respeito dos ímpios para com as coisas divinas;

O desenhista, gravurista e escultor francês, Henri Émile-Benoit Matisse (1869-1954), em 1905, pintou o quadro “A mulher de chapéu”, cujo nariz era amarelo. Quando expôs essa obra alguém da produção alertou-o ao fato de ninguém ter o nariz amarelo ao que lhe respondeu: “Senhora, isso não é uma mulher, mas um quadro”. O artista revela em sua obra a maneira como enxerga o mundo (cosmovisão), logo, não adianta que reclamemos da maneira como vê a realidade. Podemos protestar contra os possíveis abusos, mas isso não exime que o cristão, de maneira criativa e seguindo o mais alto padrão de qualidade se engaje até mesmo nas artes fim de evidenciar sua cosmovisão.

Cada vez mais, inúmeros crentes acreditam que para se fazer arte cristã não é necessário zelo pela qualidade, assim como entendem que a genuína pregação está em dizer em um mantra sem sentido e cansativo o nome do Senhor. Entretanto, Michael Horton afirma que o poeta e pregador inglês John Donne (1572-1631) possuía obras seculares que compõe as páginas da literatura inglesa, todavia não usava nessa produções o nome de Deus, pois acreditava que não precisava usar o nome do senhor para glorifica-lo, assim como o próprio Criador não precisou estampar seu nome na natureza para obter glória. A arte cristã deve ser tão bem produzida que até mesmo aqueles que discordam da sua mensagem reconheçam seu mérito. A má teologia é mãe da arte cristã displicente.

Essa exposição escandalosa foi comparada por intelectuais como Cortella ou Karnal a obras de Picasso ou Michelangelo, que também se valeram da representação do nu, assim como os críticos aos nazistas e a destruição da dita arte degenerada. Não houve censura (pois não houve a ação do Estado), mas ética. Toda atividade humana deve passar pelo crivo desse instrumento preciso, pois se não fosse assim o que aconteceria se um supremassista branco fizesse sua amostra de arte? Seria ética ou censura proibir quadros onde a suástica tivesse ponto de destaque? Pessoas com duplos pesos ético e morais geram mentes dúbias

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