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sexta-feira, 2 de setembro de 2016

A terrível insubmissão


A terrível insubmissão



“Ouvi, ó céus, e dá ouvidos, ó terra, porque o SENHOR é quem fala: Criei filhos e os engrandeci, mas eles estão revoltados contra mim” (Isaías 1.2).

O que você acha de pais abandonados por seus filhos? Se existe algo triste são pais que dedicaram toda uma vida na criação de seus filhos e, no momento em que mais precisam, na velhice, veem-se abandonados como trapos velhos sem valor. Não é à toa que honrar pai e mãe seja o primeiro mandamento com promessa: o prolongar dos dias sobre a terra (Efésios 6.2; Deuteronômio 5.16). O pecado do coração humano, cada vez mais, comprova a sabedoria popular de que um pai e uma mãe cuidam de dez filhos, mas esses tais não são capazes de cuidar de um pai ou uma mãe.

Isaías, profeta do século VIII a.C., começou seu ministério no ano da morte do rei Uzias (Isaías 6.1 em 722 a.C. quando tinha 22 anos) e, depois, atuou nos reinados de Jotão, Acaz e Ezequias e foi morto em 690 a.C. durante o reinado de Manassés, de quem, segundo a tradição, foi prisioneiro, sendo serrado no meio de um tronco oco de árvore (o autor de Hebreus faz alusão a esse fato em Hebreus 11.37).

O seu ministério profético foi duro, porque foi enviado pela Trindade da seguinte maneira: vai e dize a este povo: Ouvi, ouvi e não entendais; vede, vede, mas não percebais. Torna insensível o coração deste povo, endurece-lhe os ouvidos e fecha-lhe os olhos, para que não venha ele a ver com os olhos, a ouvir com os ouvidos e a entender com o coração, e se converta, e seja salvo” (Isaías 6.9,10).

Esse povo que não entenderia , tampouco perceberia, mas  seria duro e insensível era muito semelhante aos fariseus dos dias de Jesus, pois, igualmente, praticava uma religiosidade superficial e profundamente legalista, cujo maior objetivo era agradar aos homens e não ao Senhor (João 12.39-43). Esse povo continuava a trazer ofertas, a se reunir nas luas novas, mas eram vãs e abomináveis, porque esses atos de adoração não vinham de um coração fiel (Isaías 1.13) tal como a participação da Ceia do Senhor (1 Coríntios 11.29,30).

A relação desse povo com o Senhor era tão repugnante que o Criador afirma: “Quando estenderdes as vossas mãos, esconderei de vós os meus olhos; e ainda que multipliqueis as vossas orações, não as ouvirei; porque as vossas mãos estão cheias de sangue” (Isaías 1.15). O culto não os transformava, pois eram homicidas (veja Isaías 1.21)

Os primeiros receptores da mensagem de Isaías deveriam entender que a relação que tinham com o Senhor era semelhante a relação de um pai para com um filho. Deveriam entender que a providência divina os tinha criado e lhes engrandecido, por isso, assim como um filho deveriam responder com obediência e gratidão. Deus, definitivamente, não é o pai velhinho abandonado, mas o Deus soberano, que, apesar de seu poder e glória, por amor e misericórdia, relaciona-se com seu povo. Esse dado deveria nos encher de maior temor, porque se, abandonar os pais seria algo errado, abandonar o Senhor (não reconhecendo sua providência) seria um erro maior ainda, porque a lei e os profetas dependem do amor a Deus com todo o coração, toda a alma, todo o entendimento e ao próximo como a ti mesmo (Mateus 22.37-40).
De maneira alguma somos filhos de Deus na mesma maneira que Jesus Cristo, mas, em Jesus, o filho unigénito, eternamente gerado do Pai, somos seus filhos adotivos (Romanos, 8.15; 9.4; Gálatas 4.5; Efésios 1.5). Dessa forma, fazemos parte da família de Deus (Efésios 2.19), sendo herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo (Romanos 8.17). Entretanto, em nada, somos menos susceptíveis a nos revoltar contra o providente Senhor que nos assiste em sua misericórdia, por isso, “aquele que pensa estar em pé, olhe não caia” (1Coríntios 10.12).

Isaías mostra quão estúpida é essa relação superficial com o Senhor, pois compara o povo ao boi e ao jumento, que, apesar de irracionais, conhecem quem os alimenta, porém o povo não reconhecia que tudo o que possuía era proveniente da misericórdia do Senhor. Deus o havia tirado da escravidão egípcia com sinais miraculosos, deu maná e carne no deserto, fez a água jorrar da rocha e expulsou nações mais poderosas para que pudesse habitar na terra que corria leite e mel. Nós, por termos conhecido o cumprimento da promessa de Gênesis 3.15 em Jesus, temos infinitamente mais e, assim, seremos mais cobrados (Lucas 12.48).

Portanto, tomemos cuidado para não desprezarmos a providência de Deus e a íntima e transformadora relação com o Senhor por causa dos prazeres falsos dessa vida. Nossa vida só tem o devido valor quando glorifica o Senhor e se alegra nEle.

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