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terça-feira, 6 de outubro de 2015

O QUE É IMPORTANTE PARA A IGREJA HOJE?


O que é importante para a igreja hoje?

Ele é como árvore plantada junto a corrente de águas, que, no devido tempo, dá o seu fruto, e cuja folhagem não murcha; e tudo quanto ele faz será bem sucedido” (Sl 1.3).

Se você perguntasse: “o que é uma boa igreja?” ou “o que minha igreja precisa para crescer?”. Com certeza as respostas seriam variadas como: uma boa estratégia de marketing, programações mais envolventes, um ministério de música profissional, etc. Todas essas intenções são boas e sinceras, todavia sem nenhuma exceção todas escolheram o caminho errado, pois todas acreditam que fazendo algo e até imitando o que o mundo faz pode se encontrar êxito. Não é à toa que vemos igrejas investindo mais em música do que em formação de membros ou em templos monumentais que em almas para o Senhor. Deveria ecoar em nossos ouvidos o imperativo de Jesus: “buscai primeiro o reino de Deus e sua justiça” (Mt 6.33a). Talvez no serviço do Reino haja muitas pessoas bem intencionadas, mas com uma escala de valores e, consequentemente, com uma agenda distorcida.
Os dois primeiros salmos da Bíblia formam a introdução de todo o livro de salmos que, segundo Futato (Interpretando os Salmos, 2011, p.54), pode ser considerado como “um manual de instruções para viver uma vida verdadeiramente feliz”. O primeiro salmo inicia como a expressão “bem-aventurado” (‘asrê -  אַ֥שְֽׁרֵי ou makarios (LXX) - μακριος), feliz e, com certeza, nos versos desse texto encontraremos não só como nossa igreja poderá crescer feliz, mas também, como nós poderemos ser mais felizes e realizados dentro dela.
O Salmista começa mostrando a complexa realidade do pecado: ele é um mal progressivo, silencioso e degenerativo. A relação do homem caído como pecado é equivalente, em muitos aspectos, a nossa relação com o mar. Tudo começa com brincadeira e diversão.Todos sabem dos perigos do mar e como ele é inconstante. Entretanto inúmeras pessoas morrem todos os anos vítimas de afogamento. Assim como ao nos embrenharmos nas águas acreditamos estar no controle e prontos para retornar à segurança da praia, todavia logo nos vemos vulneráveis e entregues a uma força maior do que a nossa.
Semelhantemente, o pecado começa quando nos guiamos pelos conselhos dos ímpios, logo nos detemos à prática deles e, quando menos percebemos, estamos no mesmo procedimento desastroso. É óbvio que, pela graça comum, podemos extrair valiosos ensinamentos do mundo ao nosso redor, contudo sempre é uma tentação utilizarmos tais contribuições sem o filtro das Escrituras, incorporando-as sem critério algum no culto e na vida da igreja.
O salmista utiliza duas metáforas para caracterizar o justo e o ímpio: a árvore e a palha. Aquela é boa enquanto fincada no solo e melhor ainda se com uma boa fonte de água, esta nunca está em um mesmo lugar, mas, utilizando-se da vontade do vento penetra todos os ambientes trazendo sempre incômodo e sujeira.
Assim como a árvore é boa enquanto exerce a função para a qual foi criada, a igreja feliz e o justo são felizes enquanto exercem o propósito para os quais foram criados, ou seja, “glorificar a Deus e se alegrar nEle para sempre” (BCW). Dessa maneira, não perseguem os “modismos” de nossos dias, tampouco se valem de muitas programações para angariar membros, antes têm prazer na lei/Palavra do Senhor e, por isso, continuamente a meditam.
O termo hebraico הָגָה (haga – meditar), no Antigo Testamento, não tem a mesma conotação que as religiões orientais lhe atribuem, mas se trata de murmurar algo, trazer a memória um texto bíblico, como afirma o putitano John Owen (): “Por meditação, eu quero dizer pensar sobre alguma questão espiritual e divina, fixando, forçando e ordenando os pensamentos sobre isso, com o propósito de afetar o próprio coração quanto a isso”. Na imagem pintada pelo autor, essa relação com a Palavra está para o homem e a igreja, assim como a água corrente (contínua) está para a árvore, ou seja, para ambas são vitais. A corrente de água, que refrigera e abastece o cristão, não é um córrego pronto para secar, mas o próprio Jesus Cristo que disse à Samaritana: aquele, porém, que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der será nele uma fonte a jorrar para a vida eterna” (Jo 4.14).
Na metáfora proposta pelo salmista, o justo e a igreja feliz não têm frutos o tempo todos, mas existe a promessa de que no tempo certo, ou seja, quando eles forem requeridos pelo Senhor serão apresentados de forma satisfatória.
Dessa maneira, não há problema algum em zelar pela qualidade musical dos cultos, tampouco em organizar grandes eventos ou ampliar a divulgação dos trabalhos semanais, mas essas estratégias não podem esconder, nem diminuir aquela que é mais necessária: buscar a Palavra com insaciável interesse, porque não há outro lugar pelo qual o Senhor fala ao seu povo, assim como oferece o melhor lugar para forjar o caráter do cristão.

Às vezes, aos olhos do mundo, se a igreja não tiver uma ação social forte ela não term uma razão prática para existir. A igreja pode ter um bom trabalho assistencial, mas sua existência só se justifica se seu maior intento for pregar a Palavra com fidelidade, porque só assim suas folhas não murcharão e tudo quanto fizer (inclusive as áreas adjacentes como programações, propagandas, música ou assistência social) serão sucedidas.

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