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terça-feira, 31 de outubro de 2017

Não eu, mas Cristo: Pedro e a tensão de quem agradar


Não eu, mas Cristo: Pedro e a tensão de quem agradar

“Fui crucificado juntamente com Cristo. E, desse modo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. E essa nova vida que vivo no corpo , vivo-a, exclusivamente, pela fé no Filho de Deus, que me amou e se sacrificou por mim” (Gálatas 2.20)




Pedro era um judeu que seguia a dieta mosaica, pois afirma que nunca comera alimento profano ou imundo (Atos 10.14). Durante anos fora educado sob a égide de Levítico 11, mesmo sendo galileu e vivendo longe dos rigores de Jerusalém.

Contudo Jesus o chamara do lago de Genesaré para deixar as redes e seu barco a fim de ser um pescador de homens (Lucas 5.10).

Ao lado do Mestre comeu na casa do publicano Zaqueu, enquanto a multidão de Jericó murmurava: “entrou para hospedar-se na casa de um pecador” (Lucas 19.7). Em Mateus 12, debulha espigas no sábado sob a aprovação do Messias, assim como o vê curar nesse dia, porque é Senhor do sábado (Mateus 12.8). Observara Jesus tocar um leproso depois do Sermão do monte e conversar com uma Samaritana.

Depois, em Atos 10, está em Jope na casa de um curtidor chamado Simão (Ato 10.6) sem se preocupar que residia em um lugar eivado de impurezas. O curtidor, por estar em constante contato com carcaças mortas de animais, ficava constantemente impuro (Números 19.11-13).

Em um estase, Pedro é preparado pelo Senhor para, como novo Jonas usar a base de Jope não para fugir negando-se pregar aos gentios, mas para aceitar essa empreitada que o Criador lhe confiou. Na casa de Cornélio, centurião da coorte chamada italiana, o Pescador Galileu não estava apenas diante de um gentio, mas de um romano, chefe de cem soldados que que dominavam seu povo. Entretanto, viu o Espírito Santo descer sobre aqueles que os judeus consideravam indignos, percebendo que o Senhor não faz distinção entre o judeu e o gentio (Atos 10.34-35; Romanos 2.11)

Assim, apesar de Pedro trabalhar com judeus (Gálatas 2.9), não era como aqueles que saíram de Jerusalém para obrigar os gentios à circuncisão e a abstinência de alimentos. Entendia como Paulo que a salvação é pela graça(2Pedro 3.15). Todavia passa pela tensão que estreita todos nós: agradar ao homem no lugar de Deus. O Mesmo intrépido apóstolo que não temeu o Sinédrio, mas proclamou que era melhor agradar a Deus que os homens (Atos 4.19), não teve o mesmo comportamento em Antioquia e temeu demonstrar a imparcialidade do Senhor quanto as distinções raciais, pois não só deixou de comer com os gentios, mas também, se apartou deles por ter medo dos da circuncisão.

Essa atitude de Pedro feria em cheio o mais áureo princípio ético de Paulo: “tendes cuidado para que o exercício da vossa liberdade  não se torne um motivo de  tropeço para os fracos” (1Coríntios 8.9). Paulo entendia que Jesus  abolira essas ordenanças cerimoniais (Efésios 2.15) e não passavam de sombras que se concretizaram em Jesus (Colossenses 2.17). Essa atitude infeliz fez adeptos como todo pecado, pois judeus acompanharam-no e até o próprio Barnabé, membro da igreja de Antioquia e companheiro de Paulo na Primeira Viagem Missionária faz o mesmo.

O pecado não existem sem formar seguidores. Dessa maneira, Paulo tem que assumir sua função e repreender Cefas diante de todos, mesmo que o considerasse uma coluna da Igreja. Esse episódio da Palavra mostra que experiência e tempo de igreja não faz ninguém isento de incorrer em maus procedimentos. A admoestação exercida na maneira correta é um remédio eficaz contra a imoralidade que ainde se apresenta como uma erva daninha de caule macio.

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