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sábado, 14 de outubro de 2017

A Reforma e a Educação


A Reforma e a Educação


“Ensina a criança no caminho em que deve andar, e mesmo quando for idoso não se desviará dele”. (Provérbios 22.6)

Inúmeras pessoas acreditam que Provérbio 22.6 fala sobre salvação e procedem uma hermenêutica estranha cujo resultado seria: a criança que foi bem instruída terá os subsídios necessários para ser salva. Contudo essa posição não encontra suporte nas Escrituras, porque nossa eleição se deu pelo decreto do Senhor antes da fundação do mundo (Efésios 1.4) que o fez pela graça (Efésios 2.8). Dessa forma, é necessário interpretar esse versículo de maneira mais adequada, porque há um princípio áureo na hermenêutica reformada pelo qual a própria Escritura oferece os subsídios necessários para se chegar a único sentido que seu texto possui.

O professor Rev. Daniel Santos entende que esse texto trata a respeito da educação e defende que o grande benefício da disciplina infantil está em preparar os mas jovens para superar os obstáculos impostos pelos ímpios no caminho.

Dessa maneira, os pais e a igreja devem se esforçar por treinar, dedicar, ensinar e consagrar a criança a viver adequadamente. Segundo o Rev. Daniel, o verbo hebraico hanak (ensinar) está ligado a ideia de um edifício que é construído para ser consagrado ao Senhor. Nossos filhos devem ser educados na perspectiva da aliança.

O termo hebraico naar (criança) trata e alguém que é naturalmente estulta e, por isso, precisa ser disciplinada pela vara (Provérbios 22.15), ou seja, alguém em formação.

A criança, por muito tempo, foi considerada um adulto em formação e não são poucos aqueles que acreditam que a igreja deve trabalhar com os infantes para atingir os pais.

Contudo os infantes não são menos dignos de serem evangelizados, porque o próprio Jesus disse que delas, também, era o Reino dos céus (Mateus 19.14).

O professor Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa, falando sobre a importância que a Reforma Protestante do século XVI, cita o historiador Lorenzo Luzuriaga que ressalta a importância desse movimento para a educação: “a Reforma organiza a educação pública não apenas no grau médio, ampliando a ação dos colégios humanistas da Renascença, mas também, e, pela primeira vez, com a escola primária pública”.

A Reforma do século XVI conduziu a igreja cristã corrompida pela idolatria e a superstição de volta a seu verdadeiro lar: as Sagradas Escrituras que fornecem a regra de fé e prática de maneira inspirada, inerrante, plena e suficiente àqueles que foram chamados das trevas para a divina luz.

Martinho Lutero (1483-1546), escrevendo a todos os Conselhos das cidades alemães em 1524, exorta-os a manterem as escolas cristãos nos seguintes termos: “em minha opinião, nenhum pecado exterior pesa tanto sobre o mundo perante Deus e nenhum merece maior castigo do que justamente o pecado que cometemos contra as crianças, quando não as educamos”. O Reformador Alemão entendia que para esse empreendimento obter sucesso era necessário professores especializados e métodos que acompanhassem as mudanças do mundo. Argumentava que o progresso de uma cidade não se dava apenas pela arquitetura e riqueza, mas “muito antes, o melhor e mais rico progresso para uma cidade é quando possui muitos homens bem instruídos , muitos cidadão ajuizados, honestos e bem educados”.

Não foi à toa que o sociólogo Max Weber (1864-1920) notou na obra A Ética Protestante e o Espírito Capitalista (1905) a gritante diferença entre a mão de obra especializada nos países influenciados pela seita Romana e aqueles que aderiram a Reforma. Vemos isso no descontentamento do poeta e escritor realista português Antero de Quental (1842-1891) quando reclama: tais temos sido nos últimos três séculos: sem vida, sem liberdade, sem riqueza, sem ciência, sem invenção, sem costumes”.

Portanto, cabe as nossas igrejas continuar essa tradição para que a posteridade conheças os desafios e necessidades que devem ser aprimoradas. A falta de orientação  adequada tem formado pessoas frágeis e incapazes de lidar com seu limites e desapercebida dos meios necessários para expandir e melhorar suas qualidades.




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