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sexta-feira, 6 de março de 2015

Uma régua para medir o mundo

Uma régua para medir o mundo
Nessa semana, um desses filósofos que moram perto da gente me interpelou com a seguinte informação: “Pastor, vi uma frase que achei muito interessante: não é a minha régua ou a sua que mediremos o mundo”. Prontamente, respondi: “há uma única régua capaz de cumprir essa tarefa: a régua daquele que criou o mundo”. Essa conversa ficou na minha cabeça e neste texto tento refletir a frase em si e a resposta dada.
A frase em discussão se baseia em uma metáfora, ou seja, quando existe no texto “uma comparação abreviada, em que o nexo comparativo não está expresso, mas subentendido” (ALMEIDA, 2009, p.412), ou seja, ninguém imagina que alguém tenha a intenção de fazer uma régua tão grande e flexível capaz de mensurar o nosso planeta, mas que “régua”, nesse contexto, expressa as lentes pelas quais avaliamos o mundo ao nosso redor, o que nada mais é que a nossa cosmovisão.
Walsh e Middleton (2010, p.29) afirma que “uma cosmovisão nunca é meramente uma visão da vida. É sempre uma visão, também para a vida”. Dessa maneira, ela funciona como os lentes ou os próprios olhos pelos quais interpretamos a vida. Sire (20012p.164) entende que é inevitável ter uma cosmovisão, que tem seu âmago em nosso coração, de onde procedem as fontes da vida (Pv 4.23). Contudo, Sire (2012, p.70), citando Naugle, afirma: “desde a infância uma quantidade torrencial de conteúdo é vertida para o reservatório do coração a partir de fontes, aparentemente, ilimitadas e qualidade variável, algumas delas puras, algumas delas poluídas”. Dessa maneira a minha cosmovisão formada e constantemente moldada pela vida no calor das crises induz o foco de mina visão, assim como, direciona meu procedimento. Portanto, “se quisermos entender o que as pessoas veem ou a maneira como veem, precisamos prestar atenção na maneira como elas andam” (WALSH; MIDDLETON, 2010, p.16). Podemos parafrasear essa frase essa tese para evidenciamos a metáfora inicial de nosso texto da seguinte maneira: se quisermos entender o que as pessoas medem ou a maneira como medem o mundo ao seu redor, precisamos estar atentos a como elas andam.
Powell e Brandy (1985, p.14) afirma que aprendemos a falar até os dois anos e ouvimos antes mesmo de nascer, mas “infelizmente, muita gente pensa que, porque aprendemos a falar e a ouvir, automaticamente aprendemos a nos comunicar”. A distancia entre aquele que fala (emissor) e aquele que escuta (receptor) pode sofrer muitos ruídos desde a língua que falamos (código) ao meio que utilizamos para nos comunicar (canal), mas também pode indicar dois universos diferentes. Esse fato explica o abismo que existe entre aquilo que falamos e aquilo que o outro realmente compreendeu. Dessa maneira, “a nossa linguagem reflete a nossa cosmovisão e a cosmovisão dá forma a nossa linguagem” (WALSH; MIDDLETON, 2010, 32).
Temos réguas, ou seja, somos ávidos para compreender o mundo, todavia na proporção em que elas estão ligadas aquilo que a traça pode corroer o tempo enferrujar e ladrões roubar, menor ela é, aquilo que temos como importante e significativo (nossa hierarquia de valores) tem o poder de atrair nosso coração e, assim fazer nossa cosmovisão mais amplo ou restrita (Mt 6.20).
Quando nos deparamos com a insuficiência de nossos instrumentos para interpretar a vida, decidimos nos manter estáticos (eu tenho a minha régua e você tem a sua e nos respeitamos, especialmente quando nossas atitudes e convicções combinam com o das pessoas a meu redor), todavia quanto uma crise se instala e nos obriga a rever nossos padrões. Sire (2012, p.145) nossa cosmovisão pode mudar de forma pequena e gradual ou por ma crise que nos leva a conversão.
O mundo ao nosso redor tem uma medida exata. O individualismo que prega que cada um pode ter sua maneira de ver a vida não se aplica a matemática, pois em lugar algum dois mais dois será cinco ou seis, mas sempre quatro. Por vivermos em um mundo meticulosamente organizado onde a gravidade da terra se adéqua de tal forma ao seu único satélite natural, a lua, que ela pode cair parabolicamente sem jamais uma se chocar com a outra. Pearcey (2012, p.46), citando Collingwood, defende: “a possibilidade de uma matemática aplicada é uma expressão, em termos de ciência natural, da crença cristã de que a natureza é a criação de um Deus onipotente”.
Um mundo pautado na exatidão não poder fruto de uma explosão, fruto do acaso, mas obra das mãos de um organizador. É inevitável reconhecermos que por traz das leis que regem a natureza existe o Legislador. Dessa maneira, se nossa régua se mostra insuficiente para interpretar de forma imparcial, precisamos da régua do Criador. Sabemos que a Palavra é inspirada por Deus. (2Tm 3.16). O termo grego utilizado por Paulo para inspirar é theópneystos (θεόπνευστος), ou seja, aquilo que foi exalado, que veio de dentro de Deus. A Bíblia não é uma verdade, tampouco é parcialmente inspirada, mas é a verdade absoluta que liberta o homem de suas mais terríveis suficiências e o habilita a toda boa obra.
Sire (2012, p.176) entende que a Bíblia é a única cosmo visão capaz de oferecer parâmetros particulares e universais suficientes ao homem. Ela é a régua do criador que me desvincula as quimeras desse mundo caído e me leva a amplitude, por isso, a única régua eficiente para medir o mundo.


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