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quarta-feira, 3 de agosto de 2016

O Retorno Bendito


O retorno bendito

 



“Porque, se vós vos converterdes ao SENHOR, vossos irmãos e vossos filhos acharão misericórdia perante os que os levaram cativos e tornarão a esta terra; porque o SENHOR, vosso Deus, é misericordioso e compassivo e não desviará de vós o rosto, se vos converterdes a ele” (2Crônicas 30.9)



Ezequias é o décimo segundo rei do Reino de Judá e começou a reinar com vinte e cinco anos em 716 a.C. e reinou vinte e nove anos. Fez o que era reto diante do Senhor nos moldes de Davi (2Cr 29.2). Contudo pegou o Reino em extrema crise, porque, Acaz – seu pai – ficara surdo aos apelos do profeta Isaías e se fizera idólatra fazendo sacrificando o próprio filho e introduziu culto a deuses estrangeiros, onde só Deus poderia ser adorado (2Crônicas 29.6-9). A ira de Deus faz com que muitos sejam exilados pelo arameus (2Crônicas 28.5-8) e edomitas (2Crônicas 29.17-19). Quando, por um tempo prolongado, fazemos ouvidos moucos à Palavra, o Senhor permite que sejamos duramente disciplinados por terríveis derrotas (no diferentes níveis de nossa vida) a fim de que nos arrependamos.

Outro problema que Ezequias precisava administrar era o avanço do Império Assírio, a quem seu pai havia se submetido, e que expandia-se subjugando os todas as forças opostas que estavam a sua frente. Como aconteceu ao Reino de Israel (Reino do Norte, formado pelas 10 tribos que seguiram no passado a liderança de Jeroboão rompendo como Roboão, filho de Salomão), que foi tomado pelo rei assírio Salmaneser V (reinou a assíria de 727-722) em 721 (2Reis 18.9-11). Mais do que um problema político as tribos do Norte “não obedeceram a voz do SENHOR, seu Deus; antes violaram a sua aliança e tudo quanto Moisés, servo do SENHOR, tinha ordenado; não o ouviram, nem o fizeram” (2Reis 18.12).

1. Nossa intimidade com Deus deve ser prioridade

O jovem Rei tem pessoas do seu império exiladas e um Reino forte e ambicioso no seu calcanhar, mas sua primeira providência como Rei está em abrir as portas da casa do SENHOR e as reparar (2Crônicas 29.3). Quantas vezes diante de problemas menos imperativos assumimos a postura contrária? Quantas vezes diante das contas ou problemas profissionais e familiares. Decidimos procurar nossos interesses em derimento aos de Deus, mesmo sabendo que praticar a vontade divina não trará benefícios a Deus (que continuará sendo Deus em sua majestade e glória independente da minha fidelidade), mas a nós mesmos?

Infinitas vezes, no curso de nossa existência aqui nesse mundo caído, empenhar-nos-emos em conquistar aquilo que haveremos de comer, beber e vestir mais ou às custas de “buscar o Reino de Deus e a Sua Justiça”, mesmo que haja a promessa de que sendo o Senhor o nosso Pastor tudo o que é essencial a nossa vida nos será dado. Salomão, no alto de sua sabedoria, inferior apenas a de Jesus, afirma: “Inútil vos será levantar de madrugada, repousar tarde, comer o pão que penosamente granjeaste; aos seus amados, ele [o SENHOR] o dá enquanto dormem” (Salmo 127.2). Precisamos entender que é uma tolice trabalhar de sol a sol, muitas vezes privando nos do merecido descanso para ganhar nosso sustento se não confiarmos que ele vem do Senhor. Se o seu deu for sua força, suas mãos que lhe dão sustento quando elas caírem doentes e sua vitalidade se esvair quem lhe sustentará? Quem dará o pão a sua família? O mesmo Deus que fez chover o maná sobre o povo quarenta anos no deserto. O mesmo Jesus que por duas vezes multiplicou os pães provendo até mesmo onde o dinheiro não seria capaz de prover (Lucas 6.37). Essa realidade não nos convida ao descaso e ao ócio, pois a Bíblia valoriza e muito o trabalho (2Tessalonicenses 3.10), que não acabará nem no paraíso, mas ao conforto de saber que em última instância o meu sustento não vem de mim, mas do Senhor.

Nas horas de crise, quando somos tentados em confiar mais nas coisas desse mundo do que em Deus, A Palavra, por meio desse exemplo de Ezequias:

2. Há uma condição para nossa intimidade com Deus

Ezequias sabia que o seu povo estava distante de Deus, confiando em desuses que não podiam salvá-los. Portanto precisavam retornar para o Senhor que haviam deixado, contudo esse retorno precisava ser efetivo, visível, por isso, planeja a celebração da Páscoa, porque sabia que:

·         Não poderia realiza-la de qualquer jeito e, por isso, teria que eliminar os ídolos que Acaz, seu pai, havia colocado no templo (veja 2Crônicas 29.17-19);

·         Teria um contexto para se aproximar das tribos do Norte (veja 2Crônicas 30.1);

·         Seria uma oportunidade de recomeçar (Veja Êxodo 12.27; Deuteronômio 16.1);

·         Seria a maneira de evitar permanecer na ira de Deus (Êxodo 12.13,14;

Hebreus 10.19-25).

Quantas vezes observamos nossa vida revirada e afligidas por terríveis problemas, outrora caminhamos com Deus e até sentimos saudade dos hinos, do convívio sadio com os irmãos, recordamo-nos dos sermões que ouvimos outrora. Sabemos que algo tem que mudar. Como? O quê? Nossa relação com Deus. Vá a uma igreja fiel à Palavra (ou seja que pregue fielmente a Palavra, administre apenas os sacramentos que a Bíblia manda – batismo e ceia – assim como exerça disciplina segundo as Escrituras). Iludimo-nos acreditando que podemos buscar a Deus apenas em nossas orações pessoais. Contudo o Senhor deve ser cultuado publicamente no culto solene, em família no culto doméstico e individualmente em nossas devocionais.

Ir ou retornar a uma igreja fiel lhe dará um contexto para:

·         Purificar sua vida de tudo aquilo que não glorifica a Deus como amigos, vícios, lugares, etc;

·         Pedir perdão e reatar laços rompidos;

·         Começar do zero e iniciar um novo rol de amigos e práticas que edificam sua vida, sua família e, acima de tudo, glorificam a Deus;

·         Em Cristo, ter paz com Deus.

Antes de iniciar qualquer agenda diplomática, abre o templo e restaura as suas portas e está certo que isso trará os cativos de volta, porque se recordou da oração que Salomão fez na inauguração do templo pedindo ao Senhor que, se o povo pecasse e isso suscitasse a ira de Deus fazendo-os ir ao exílio, quando se arrependessem seriam trazidos de volta (1Reis 8.46-41).

Naturalmente, os inimigos os deixariam sair. Corrie Tem Boom (1892-1983) foi uma holandesa cristã, que, juntamente com sua família, refugiou judeus em sua casa quando eram perseguidos pela polícia nazista na ocupação da Holanda. Por esse crime ficou presa do dia 28 de fevereiro de 1944 até 1945. Passou por três campos de concentração sendo o último foi o temível Ravensbrück onde morreram 96.000 mulheres, anos depois, em 1959, descobriu que sua libertação se dera por um erro administrativo, uma semana depois de sua soltura todas as prisioneiras de sua idade foram mortas.

3. Deus tem adjetivos que endossam nosso retorno

Todos os nossos pecados são em última instância cometidos contra o próprio Senhor. Davi depois de ser advertido pelo profeta Natã sobre o pecado de matar Urias para encobrir o adultério com Bate Seba, afirma se dirigindo ao Senhor: “Pequei contra Ti, contra Ti somente” (Salmo 51.4a). Contudo devemos reconhecer que há dois adjetivos nesse versículo que que estamos meditando que endossam nosso retorno:

·         Gracioso: o Senhor é amigável para com seu povo, ou seja, está disposto a perdoar aqueles que se arrependem. Isaías afirma: “ainda que os vossos pecados sejam como o escarlate, eles se tornarão alvos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão brancos como a lã” (Isaías 1.18). Aqui vemos quatro objetos contrastantes: a escarlata (uma tintura muito intensa de um vermelho tão forte que pende para o laranja) e o carmesim que é uma cor vermelha brilhante. Essas cores representam a intensidade do pecado, mas a ação reparado de Jesus pode fazê-los brancos como a neve (a neve tem um branco tão intenso que se alpinistas não usarem óculos apropriados porem ficar cegos com o seu intenso brilho) ou a lã;

·         Misericordioso/Compassivo: diante do pecado dos nossos primeiros pais o Senhor não os elimina, mas promete o salvador (Gênesis 3.15).

Corrie Tem Boom depois de sua libertação se engajara em um trabalho de testemunhar o amor de Deus em sua vida dentro dos Campos de Concentração e como ela se sua irmã Betsie (que morrera na prisão) testemunharam com intrepidez o evangelho de Jesus Cristo no vale da sombra da morte. Em uma igreja em Munique encontrou um antigo oficial da SS (abreviação de Shutzstaffel, tropa de proteção, a tropa de elite do nazismo) que estivera diante do chuviro de triagem em Ravensbrück. Ele lhe estendeu a mão dizendo: “muito obrigado Dona Corrie. E apesar que, como a senhora disse: Ele (Jesus) apagou todos os nossos pecados!”. Ele ficou ali como a mão abaixada vendo sua mão estendida e se recordando das zombarias e humilhações que enfrentara até ali, mas, por fim estendeu-lhe a mão e sentiu uma experiência incrível: “logo que apertei sua mão, um fato incrível aconteceu. Uma espécie de corrente elétrica pareceu passar de mim para ele, brotando de meu ombro e descendo elo meu braço até ele, e, de meu coração, nasceu um amor tão grande por amor aquele homem, que quase me sufocou”.

3. Um retorno eficaz

O hebreu entendia que o Senhor desviava o rosto de nossa vida de pecado o Senhor desviava o rosto de suas vidas, segundo Calvino (refletindo Salmo 30.7) isso seria ser privado dos dons divinos, o que gera um momento de tribulação. A promessa nesse versículo é que nosso retorno ao Senhor motivada por uma mudança de vida temos uma salvação eficaz que não será arrancada de nós. Essa ida a Jesus não se dá por nossas motivações pessoais, ninguém vai a Jesus, porque é uma opção racional somos levados a Jesus de arrasto pelo Pai (João 6.44) e, por que essa salvação não depende de nós, mas de Cristo não pode ser arrancada de nós.

Jesus conta uma parábola sobre retorno em Lucas 15.11-32, na qual um filho pede ao Pai que lhe dê a herança que lhe cabe (o que equivalia dizer que o pai valia mais morto do que vivo). O moço tomou sua parte na fortuna e saiu para terras estrangeiras onde gastou o dinheiro com prodigalidade. Quando o dinheiro acabou as falsas amizades também não duraram e passando fome desejava comer a comida que se davam aos porcos, mas lhe negavam até mesmo isso. Caindo em si viu que os empregados de seu pai tinham pão em fartura e decidiu retornar, porque sabia que essa situação mudaria sua vida, contava com a graça e misericórdia de seu Pai que o acolheria e não o desprezaria.

Não importa qual seja nossa situação podemos contar com a mesma graça advinda do Senhor.

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