Translate

sábado, 20 de agosto de 2016

O problema das aparências


O problema das aparências


“O SENHOR disse a Samuel: Não atentes para a sua aparência, nem para a sua altura, porque o rejeitei; porque o SENHOR não vê como vê o homem. O homem vê o exterior, porém o SENHOR, o coração” (1Samuel 16.7)



Você já abriu uma embalagem de chocolate e constatou que foi enganado? Obviamente se isso acontecer, você irá reclamar e exigir a troca. O chocolate ele tem uma embalagem envolvente para realçar o produto que já conhecemos e amamos. O mesmo acontece com um abacaxi, uma laranja ou qualquer outra fruta? Quantas vezes você comprou aquela maça igual a que encheu os olhos da Branca de Neve, mas, quando a mordeu, percebeu-a pouca saborosa e até mesmo insossa? Todas as melancias têm o mesmo gosto assim como todos os chocolates de determinada marca? Contudo, em outras ocasiões, você tomou aquela fruta mirrada, com a casca manchada e sentiu uma explosão de sabor e prazer.

Seria muito bom se isso acontecesse apenas no campo das frutas e hortaliças, mas ele é muito grave quando afeta as relações interpessoais. Acreditamos que as aparências traduzem as essências, ou seja, acreditamos que indivíduos bem apessoados são boas pessoas. Todos estamos susceptíveis a esse terrível equívoco, inclusive o piedoso profeta Samuel.

O último Juiz de Israel foi enviado por Deus a casa de Jessé em Belém para ungir o novo rei de Israel. Saul, que ainda estava no trono, havia desobedecido pela segunda vez o Senhor (1Samuel 13.13; 15.9) e, por isso, fora reprovado e perdera a perpetuação de sua família no trono (dinastia). Dessa maneira Jessé manda vir seus filhos diante do profeta que tinha a seguinte orientação: “tu ungiras para mim aquele que Eu te apontar” (1Samuel 16.2), pois entre os filhos dessa cara o Senhor já havia escolhido um rei(1Samuel 16.1).

Quando entrou o filho mais velho de Jessé, Eliabe, também chamado Eliú, entrou na sala o Profeta, ao ver sua altura e aparência pensou estar diante do novo rei de Israel. De fato, ele reunia condições humanas para esse cargo, pois não à toa Davi a o nomeou governador de Judá (1Crônicas 27.18), porque não basta ser capaz deve ter sido escolhido pelo Senhor. Não foi sem motivo que o Senhor escolhera Saul (ou Saulo) para ser o primeiro rei de Israel, sua aparência e estatura sobressaiam a sua timidez e parecia aceitável ao povo (1Samuel 9.2).

Tiago nos alerta para o mesmo engano quando afirma que um rico trajando vestes preciosas (ou resplandecentes) e portando anel de ouro, na aparência, não se diferia daqueles que perceguiam a igreja, a arrastavam pessoas aos tribunais (Tiago 2.2,7-9). O Reformador João Calvino afirma: “quando as pompas do mundo se tornam proeminentes a ponto de encobrir o que Cristo é, torna-se evidente que a fé possui bem pouco valor” (comentário de Tiago 2.1)

Quando nossa visão está condicionada a julgar alguém pela aparência, ou pior, pela cor da pela ou a condição social ou a procedência de alguém (como faz a política de cotas que deve existir apenas como algo temporário) perdemos a oportunidade de apreciarmos o caráter de um indivíduo que está além de sua cor ou condições contingentes. Assim como alguém que foi ter seu coração operado não deveria se importar para a raça, religião ou sexo de seu cirurgião, deveríamos pouco nos importar para as aparências das pessoas.

Quando vamos a Ezequiel 18 (onde o profeta está fazendo uma análise de Deuteronômio 5.9), mesmos que a máxima é: “a alma que pecas essa morrerá”, ou seja, é possível que alguém nasça em um lar totalmente desestruturado e, mesmo assim, porque foi avo, acima de tudo da graça, viver (dentro dos limites possíveis) de maneira íntegra e agradável a Deus por meio de Jesus Cristo.

Deus exorta o profeta mostrando:

1. O que agrada o mundo é rejeitado por Deus

Entenda que Deus não rejeitou Eliabe, irmão de Davi, mas a maneira como o Profeta o via. O Senhor mostrou que aquilo que encheu os olhos de Samuel como a aparência e a altura, não enchiam o Dele. Davi, no Salmo 51.17, mostra que o sacrifício aceitável a Deus e que não será desprezado é o coração contrito (שָׁבַר: despedaçado) e compungido (דָּכָה: esmagado), ou seja, só alguém consciente de sua miséria e incapacidade pode chegar diante do Senhor.

2. Deus não enxerga como nós enxergamos

Samuel aprende que a ótica divina é diferente da humana, pois enquanto nos percebemos jugando as meras e transitórias aparências com uma visão muito míope do todo, ele não vê dessa maneira.

3. Deus vê o coração

O foco de Deus está o coração do homem. Essa informação deve nos consolar, porque sabemos que nossa condição social ou racial ou geográfica não têm valor para Deus, mas o coração, todavia, também, deve nos fazer transbordar de temor, porque não há como fazer médias com Deus, porque ele vê nosso coração.

Dessa maneira, Davi não estava lá, porque era jovem e destinado ao trato das ovelhas, sem estatura, tampouco treinamento militar, veja que não consegue usar a armadura de Saul e prefere lutar com Golias usando pedras e uma lançadeira. Este que, na sua aparência foi tido como insuficiente e rejeitado, inclusive, pelos seus, foi escolhido por Deus como um rei segundo o seu coração. O mesmo aconteceu como o Senhor Jesus Cristo, quando Natanael, ouvindo de Filipe que o Messias viera de Nazaré, o interpela perguntando: “pode haver coisa boa vindo de Nazaré?”.

Cuidado com julgamentos precipitados advindo do juízo das aarências, lembre-se-de que Deus rejeita o que o mundo aprecia, Deus não vê como você vê, porque Ele vê o coração.

Nenhum comentário:

Postar um comentário