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sábado, 26 de março de 2016

O JUIZ CHAMADO DEUS


O Juiz chamado Deus

Vivemos uma das maiores crises políticas de nossa história. Nesses dias os rótulos são os maiores vilões, porque, quando pessoas usam mais adjetivos (palavra que dá qualidade) que substantivos (conceitos) e verbos de ação, o pensamento fica truncado e as decisões, em prol do bem-comum, impossíveis. Esse é o momento propício para aparecerem heróis e salvadores da pátria.

Muitas vezes o herói não é uma autocriação, mas a idealização das pessoas. Nesse mundo bipolar os salvadores do populacho são, necessariamente, os inimigos do outro e vice-versa.

Um exemplo recente dessa realidade é o figura do juiz federal Sérgio Fernando Moro, pois seus defensores, que carregam sua foto em passeatas ou postam seus feitos nas redes sociais não o conhecem. O simples fato de ele fazer, com certa competência, o que faz justifica todo o apreço. Da mesma forma seus opositores lutam não contra a pessoa física, mas com toda a imagem que se criou ao seu redor.

Portanto, muito do que se critica de Moro está embasada nas circunstâncias que vivemos e nos desejos que a população impõe a ele.

A figura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também exerce a mesma função é mais que um CPF é um ícone que ao ser atingido promove grande comoção de defensores e críticos.

Nas discussões sobre o quadro político de nosso país, o ativista de esquerda Guilherme Boulos, afirmou no teatro do TUCA em São Paulo, sua indignação de como um juiz de primeira instância, que não havia sido eleito por ninguém podia tomar as decisões que efetivou.

Se extrairmos a figura de Moro daquela áurea mítica que a multidão inconformada e as circunstâncias criaram, veremos um homem competente, corajoso, mas capaz de cometer possíveis erros (como liberar gravações à imprensa, não se combate as arbitrariedades sendo arbitrário), contudo é indubitável a rigidez com a qual tem conduzido os desdobramentos da “lava jato” e o que agride seus opositores é sua

persistência, atingindo até mesmo ícones do cenário político e social.

Se a ações de Moro têm amedrontado e atingido inúmeros defensores da esquerda, se escutas de telefone aquecem as discussões e enchem páginas de jornal, se delações fornecem mais combustível a esse incêndio. Como será no dia em que todos, inclusive esses que aparecem em listas de empreiteiras, estiverem diante do supremo Juiz que age segundo o conselho da sua vontade (Ef 1.11)? “Deus é um juiz justo, que sente indignação todos os dias” (Sl 7.11). Ele prova coração e mentes (Jr 11.20), por isso, não precisa de delações ou conversas gravadas, porque nada passa despercebido diante de seus olhos.

No Êxodo (12.29-36), temos um pouco da maneira de agir desse juiz e como ele aplica a sua justiça:

Deus exerce juízo em momento inesperado (veja Sl 134.1; Dn 5.30; Mt 24.42)

A teologia liberal, que visa desmitologizar a Palavra, explica a morte dos primogênitos em decorrência a um fungo nos grãos que contaminou efetivamente os indivíduos dessa classe de pessoas, porque recebiam uma ração diária maior. Outros afirmam que a erupção do vulcão Thera expeliu gases tóxicos que atingiu especialmente os primogênitos, que dormiam no térreo das casas. Essas teorias não explicam o porquê de outros grupos não morrerem ou como Faraó decide perseguir escravos com um vulcão desperto. O fato é que à meia-noite, enquanto todos descansavam, o Senhor envia seu anjo para exercer castigo sobre os egípcios. Quando Jesus é questionado sobre o dia da vinda de Jesus e a consumação do século (Mt 24.3), respondeu aos seus discípulos: “ficai também vós apercebidos; porque numa hora em que não penseis, virá o Filho do homem” (Mt 24.44).

Deus exerce juízo sem fazer distinções sociais

A décima praga se dá pelo coração duro de Faraó (não que Deus fosse agente desse endurecimento, porque aceitar essa ideia seria concordar com o fato do Senhor ser agente do pecado, mas a realidade é que o Senhor não restringiu o mal e a cegueira espiritual de Faraó como fez com Sérgio Paulo em At 13.12). Ela ceifa a nata da sociedade egípcia (o termo hebraico bekôr - בּכור, que a ARA traduz como primogênito significa princípio do vigor. Veja Sl 78.50,51). Esse juízo acontece a todos sem distinção de classe social (Êx 12.29). Em Apocalípse 6.15-17 percebe-se a mesma falta de distinção de classes sociais no Juízo Final, porque os reis, os grandes, chefes militares, escravos e livres se esconderão nas cavernas por causa da ira do Cordeiro. A única distinção válida é quem está debaixo do sangue do Cordeiro pascal ou quem não está. Hoje o cálice da ira de Deus esta misturado a sua misericórdia, mas um dia ele cairá sem mistura alguma (Ap 14.10 e Sl 75.8).

Deus, ao exercer, juízo tem misericórdia do seu povo

A palavra pâlâh (פּלה), fazer distinção, aparece em Êx 8.22 (praga das moscas), 9.4 (peste entre os animais) e 7.11 (dos primogênitos). Essa diferenciação não indica que o povo de Israel era mais santo que os egípcios, mas que possuíam um Deus misericordioso. No dia do Juízo, só existirá duas maneiras de Deus proceder: com justiça ou com misericórdia, esta só será aplicada aqueles que estão em Cristo e foram lavados com seu sangue.

Com esse juiz não há apelações a instâncias superiores, seu veredicto será inquestionável. No dia do derradeiro julgamento nossas obras serão nossos delatores, todas as nossas atitudes e pensamentos estarão diante do divino magistrado, contudo a causa de nossa salvação não estará nesses artifícios, mas no agir gracioso da misericórdia divina.



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