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terça-feira, 12 de julho de 2016

O inútil esforço de justiça




O inútil esforço de justiça

“Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo” (Romanos 5.1)

Um grande problema que existe entre o homem e a Bíblia está na maneira como nos vemos e como a ela, a revelação específica de Deus, nos vê. Iludimo-nos em acreditar que somos, de alguma maneira, bons e justos e que, de alguma forma, somos úteis para Deus. Enganamo-nos com o pensamento do filosofo francês Jean Jacque Rousseau (1712-1778) de que o homem nasceu bom, mas se tornou mau em contato com o mundo ai seu redor. É mera ingenuidade crer que o homem é mal em uma circunstância ou por algum tempo. Davi afirma no Salmo 51.5: eu nasci na iniquidade, e em pecado me concebeu minha mãe”. Dessa maneira, o pecado não é um deslize imposto pela sociedade, tampouco uma tendência que adotamos quando crescemos. Assim como pequenas serpentes possuem tanto ou maior veneno que as adultas, até as crianças mais doces nascem mergulhadas no pecado que só poderão vencer pela graça sobrenatural de Jesus Cristo. Não há idade em que somos menos susceptíveis às investidas do mundo, pois, em cada idade, temos desafios diferentes, tampouco pecados fáceis.

Uma história que ilustra essa realidade é O Retrato de Dorian Gray do autor inglês Oscar Wilde (1854-1900). Nessa história, Dorian é um rapaz muito bonito que tem seu quadro pintado, mas, quando vê sua beleza no quadro pede para que o quadro envelheça, mas ele continue jovem. Entrega-se a uma vida de devassidão. Como pedido, o desenho registra toda a sua deterioração, por isso, o trancafia em um dos quartos de sua casa. Parte a fim de morar no campo e buscar uma vida de abnegação para ver se pelas boas obras poderia modificar a sinistra imagem de sua ama que o quadro lhe gritava. Depois de tempos mergulhado em conduta exemplar. Quando volta a sua casa e entra no quarto constata uma verdade difícil nenhuma boa disposição ou ação humana pode mudar o coração onde só Deus pode operar.

1.      Justificados

Existe um momento em que, como Dorian, constatamos o deplorável estado de nossa alma. Percebemo-nos injustos. Nessas horas, há somente duas atitudes possíveis: buscar nossa própria justiça ou nos entregarmos à justiça de outra pessoa. Segundo a Confissão de Westminster (XI.1) “a justificação não consiste em Deus infundir neles a justiça, mas em perdoar os seus pecados e em considerar e aceitar as suas pessoas como justas”. Portanto, podemos nos fiar em desculpas esfarrapadas, nas quais colocamos a culpa de nossos pecados nas circunstâncias ou na nossa pouca experiência? Obviamente, não.

O pecado é como uma conta, que só pode ser paga. Essa conta chamada pecado foi contraída por nossos primeiros pais no Éden quando comeram do fruto do conhecimento do bem e do mal. Paulo afirma que o salário do pecado é a morte (Romanos 6.23). Dessa maneira, não temos condições de pagar essa dívida. Seria como se devêssemos a um rei o equivalente a 164.000 dias de trabalhos (contando sábados, domingos e feriados). Jamais pagaríamos sem morrer. Contudo Jesus, o único que poderia pagar esse débito em nosso lugar, porque é Deus e homem ao mesmo tempo, “Deus fez daquele que não tinha pecado algum a oferta por todos os nossos pecados, a fim de que nele nos tornássemos justiça de Deus” (2Cor 5.21).

Deus é justo e misericordioso. Não poderia nos perdoar sem corromper sua justiça, então, porque “amou o mundo de tal maneira deu seu Filho ao mundo para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3.16). A ira de Deus que estava destinada a nós caiu sobre Jesus, por isso, o Pai se agradou em moer o próprio filho para que a sua posteridade tenha seus dias prolongados (Isaías 53.10).

O homem não é justo, não pode existir nenhum justo sequer (Romanos 3.10), mas ele é justificado nos méritos de Jesus Cristo e no seu sangue derramado na cruz do calvário. Esse é o aspecto negativo da justificação: Deus não leva em consideração os nossos pecados.

2.      Mediante a fé

A fé é “o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se veem” (Hebreus 11.1), assim como um dom de Deus aos eleitos (Efésios 2.8). A fé em Jesus Cristo é o único meio de alcançar a essa justiça, o fim dos débitos contraídos no Éden por nossos primeiros pais. Segundo a Confissão de Westminster “Esta fé é de diferentes graus, é fraca ou forte; pode ser muitas vezes e de muitos modos assaltada e enfraquecida, mas sempre alcança a vitória, atingindo em muitos a uma perfeita segurança em Cristo, que é não somente o autor, como também o consumador da fé” (XIV.3). Paulo mostra em Romanos 4 que Abraão creu e isso foi lhe imputado (foi declarado) como justiça (Romanos 4.3)

3.      Temos paz com Deus

Quem saboreou o doce gosto da paz? A paz que conhecemos é sempre um sonho que dura enquanto as pessoas recarregam suas armas. Um bem perecível a tantas oscilações internas e externas. O missionário indiano Sundar Singh, ainda no hinduísmo pagão de sua juventude, buscava esse bem tão raro. Procurou no Alcorão (livro sagrados dos Mulçumanos) e nos Vedas (livro sagrados do Hinduísmo), a qual encontrou apenas em Jesus Cristo como declarou: “caí ao seus pés e senti essa paz maravilhosa que não havia encontrado em outro lugar. Era essa a paz que eu buscava. Aquilo era o próprio céu. Quando me levantei, a visão tinha desaparecido, mas a paz e a alegria permaneceram comigo ara sempre”.

Esse é o aspecto positivo da justificação: ter paz com Deus. Nós éramos filhos da desobediência (Efésios 2.2), andávamos segundo os desejos de nossa carne (Efésios 2.3), “mas Deus, sendo rico em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossos delitos, nos vivificou juntamente com Cristo pela graça sois salvos” (Efésios 2.4,5).

Estávamos correndo quais bandidos correndo do polícia. Um dia vimos que não adiantava mais correr por isso nos entregamos e a arma que nos ameaçava foi abaixada. Não adiante corrermos do Senhor, se continuarmos nessa trajetória seremos surpreendidos por um juiz a quem não se pode enganar, nem subornar, mas se nos rendermos ao seu amor infinito seremos novas criaturas imbuídas da paz inabalável, a paz com Deus. O contrário seria um inútil esforço de justiça.

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