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quinta-feira, 16 de junho de 2016

Os problemas de Mical



Os problemas de Mical

“Ao entrar a arca da Aliança do SENHOR na Cidade de Davi, Mical, filha de Saul, estava olhando pela janela e, vendo ao rei Davi dançando e folgando, o desprezou no seu coração” (1 Crônicas 15.29).

Mical era a filha mais nova de Saul e foi dada em casamento a Davi para saldar a dívida com aquele que matara o terrível Golias ao invés de Merabe – a mais velha. Por ela, dera um dota a Saul de cem prepúcios filisteus (1Sm 18.27). Contudo esse casamento, que parecia selar uma união definitiva entre os dois primeiros reis de Israel foi maculado pela ira cega de Saul, que percebia se cumprir a profecia de Samuel: “o Senhor rasgou, hoje, de ti o reino de Israel e o deu ao teu próximo, que é melhor do que tu” (1Sm 15.28).

Mical amava Davi (1Sm 18.20) e chega a salvá-lo de seu pai (1Sm 19.12). Apesar do amor que nutria por aquele bravo guerreiro que, como as mulheres cantavam, matara dezenas de milhares (1Sm 18.7), não o acompanhou nem na fuga, tampouco depois. Como parecia abandonada foi dada a Palti, quando Davi já tinha se casado com Abigail (mulher de Nabal). Todavia, ao fazer aliança, com Abner exige a devolução sua primeira esposa.

Davi está introduzindo, em extrema alegria a Arca da Aliança em Jerusalém, e esse estado é justificado, porque havia feito uma tentativa frustrada de retirar a Arca de Queriate Jearim, onde ficara por vinte anos na casa de Aminadabe, Eliézer, Aiô e Uzá, mas por querer fazer de forma equivocada, pois ao invés de transportá-la com vara como mandava a Lei (Êx 27.7), mas com carros de bois como fizeram os Filisteus (1Sm 6.10-12). Essa tentativa foi desastrosa, porque terminou com a morte de Uzá, que foi fulminado tentando segurar a Arca quando os bois tropeçaram (2Sm 6.6-8). Nessa segunda tentativa, buscou agir sem inovações, mas conforme a Palavra e teve êxito. Isso produziu em seu coração grande alegria.

Não nos enganemos de que nossa comunhão com o Senhor é vista por todos. Nossa satisfação no Senhor é vista por muitas pessoas como irracional e digna de desprezo. A genuína vida cristã é claramente compreendida apenas por aqueles que compartilham dela no Espírito Santo, ou seja, aqueles que tiveram seus corações abertos pelo milagre da regeneração. Os demais indivíduos se contentam com uma religiosidade cheia de distinções e limites preestabelecidos e estão prontos a condenar os supostos excessos como fanatismo ou loucura.

Mical é uma mulher amargurada que se apaixonou muito mais por uma ideia do homem que Davi seria do que por quem ele realmente era. Uma mulher se apaixonou pelo guerreiro ou por um rei forte, mas descartou o melhor daquilo que Davi era. Ela despreza Davi por causa de três problemas: teológico-arrogância, social-orgulho e pessoal-inveja.

O problema teológico da Primeira esposa de Davi se dava na falsa crença de que sua adoração era um “gloriar-se” e um “descobrir-se, revelar-se” indigno a um Rei, pois no seu sarcasmo afirma: “Como se cobriu de glória o rei de Israel, descobrindo-se à vista das servas dos seus ministros, como faria um palhaço qualquer” (1Sm 6.20). Lembremo-nos de que seu pai, Saul, não era conhecido por sua piedade. Era algo improvável estar entre os profetas (1Sm 10.12), não consegue esperar Samuel para oferecer o sacrifício, o que lhe era vedado fazer (1Sm 13.10-13), tampouco foi capaz de obedecer a ordem se dizimar tudo em Amaleque (1Sm 15.10-16). No final da vida, consulta uma necromante (ou medium) para de alguma maneira se orientar o que o faz mais condenável (1Sm 28, veja a proibição Lv 19.31; 20.6,27; Dt 18.11). Cuidado! Não estou defendendo de que as crianças são uma continuação dos pais, reconheço, como a Palavra, que alma que pecar essa morrerá (Ez 18.4), mas muito de nossa formação ou deformação é influenciada pela educação familiar.

Esse testemunho duvidoso de religião foi oferecido a Mical desde a mais tenra idade. Foi lhe transmitida a ideia enganosa de que os desejos do Rei regulavam até mesmo o culto. Davi entende diferente: “perante o SENHOR, que me escolheu a mim antes que teu pai e toda a sua casa, mandando-me que fosse chefe do povo do SENHOR, sobre Israel, perante o Senhor tenho me alegrado e mais desprezível me farei e me humilharei aos meus olhos e, quanto às servas, de quem falaste, elas serei honrado” (2Sm 6.21,22).

Davi entende que ele, por ser Rei, não era melhor diante do Senhor do que todo o povo. O Senhor ouve a mesma oração do Governante e do governado. Em Nínive, o mesmo arrependimento requerido do povo foi praticado pelo Rei (Jn 3.6).

O problema teológico de Mical é arrogância, contudo, quando vemos o descendente de Davi – Jesus – que se assenta no trono eternamente para um reinado sem fim, Paulo afirma: “a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de um servo” (Fl 2.7)

O problema social de Mical é identificado no fato de que a postura de Davi diante do povo deveria ser diferente. Deveria governar quase como um semi-Deus. Cheio de uma empáfia idólatra e prejudicial. Davi não estava disposto a se humilhar por qualquer motivo, já se humilhara para proteger sua vida diante do Rei Filisteu se fazendo de louco (1Sm 21.10-15), mas irá fazer até mesmo aquilo que aos seus olhos parece humilhante desde que agrade a Deus. Davi não quer agradar os homens imitando o culto pagão socialmente reconhecido, mas quer adorar unicamente o Senhor.

Davi não se vê maior do que o povo pelo simples fato de governar a Israel, mas reconhece, que ocupa essa lugar, porque foi colocado nessa posição pela graça e a misericórdia dAquele que o retirou detrás das ovelhas de seu Pai, Jessé.

O problema social de Mical está em acreditar que existem homens melhores do que os outros, o tão nocivo orgulho, mas Jesus também não temeu ser reconhecido como homem, pois a Palavra afirma que “reconhecido em figura humana, a si se humilhou, sendo obediente até a morte e morte de cruz” (Fl 2.8).

O problema pessoal da ex-mulher de Palti se ouve em uma comparação de Davi ao rei que conhecera em Saul, homem alto e aparentemente corajoso (porque não ousou enfrentar Golias). Talvez Mical, em sua amargura, via seu marido como um usurpador da dinastia que fora de sua família, que agora restabelecia casamento com ela para angariar melhor posição com os benjamitas.

O problema pessoal de Mical é a inveja, mas devemos imitar o esvaziamento e a humilhação de Jesus para sermos exaltados, porque, o nosso suficiente Salvador foi exaltado “sobremaneira e lhe deu nome acima de todo nome” (Fl 2.9).

Cuidado para não desprezar o melhor de alguém como fez Mical com os sentimentos vis da arrogância, orgulho ou inveja e entende que essas inimigos podem funcionar como ruídos que dificultam as pessoas ímpias de admirarem o seu genuíno amor pelo Senhor.

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