Bases
práticas para o namoro cristão
A pouco tempo
vivemos o dia dos namorados e passeando pelo corredor de um mercado vi
estampado em uma revista uma manchete que informava a separação do meia Kaká e
de sua esposa Carol Celico. O divórcio dentro dos padrões bíblicos (adultério –
Mateus 19.9 e, no jugo desigual, resistência do ímpio em permitir que a parte
crente continue fiel – 1 Coríntios 7.15) é aceitável, porém nunca imposto ou
recomendado, pois acreditamos que Deus pode restaurar um casamento como fez com
o profeta Oséias e Gômer. Contudo gosto de tentar ir além das informações e
pensa no porquê delas.
Na semana em
que se comemora o namoro e casais trocam juras de amor eterno, um casal, jovem,
bonito, bem sucedido, literalmente um casal de comercial de margarina, ou
melhor, Nutella. Essa informação tem um prazer especial ao mundo que jaz no
maligno, pois se trata de um casal que desde o namoro se professou crente,
casaram virgens e serviam como referência a muitos casais cristãos, pois ele
era fiel em seu dízimo (milionário) mesmo diante das lambanças dos “pastores”,
ela pastora, pregadora da Palavra e cantora de músicas evangélicas.
Eles tinham tudo para envelheceram
juntos. Humanamente, tinham tudo. Entretanto essa situação mostra como nossa
luta não é contra carne ou sangue, mas contra principados e potestades (Ef
6.12). Saúde, sucesso, beleza em uma vida confortável contam muito pouco diante
das tentações que os servos de Deus são submetidos todos os dias. Só a graça de
nosso misericordioso Senhor pode nos sustentar nos tentos difíceis, quando
perdemos até o essencial para viver, como Jó, ou quando estamos deprimidos como
Elias (1 Reis 19.4).
Muitos casais
evangélicos e tementes a Deus estão agora começando a trilhar o caminho a dois
que serve como parábola da relação de Cristo com a igreja (Ef 5.32).
O
que não pode me influenciar na hora de escolher alguém para namorar:
1.
Ansiedade:
geralmente, os jovens acham que o tempo passa muito rápido e que, se não
arrumarem logo alguém, ficarão sozinhos para sempre. A Bíblia diz que a esposa
prudente vem do Senhor e podemos aplicar essa ideia ao marido prudente (Pv
19.14b). Quando o homem percebeu que em toda aquela perfeita criação não lhe
havia auxiliadora que lhe fosse idônea (Gn 2.20), Deus já havia identificado
seu problema e estava providenciando a solução (Gn 2.18). O coração ansioso
nesse momento não atrapalha a Deus, mas pode tirar o meu foco do Senhor e me
levar ao desgaste desnecessário. Não é à toa que Paulo nos adverte: “Não andeis
ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as
vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças”. (Fl 4.6). Precisamos habilmente trocar a
ansiedade pela oração. Devemos, como Adão, depende exclusivamente de Deus em
nossos relacionamentos, todavia Deus age no tempo dele e não no nosso.
2.
Beleza: Vinícius
de Morais afirmava: “Que me perdoem as feias, mas beleza é fundamental”. Esse
pensamento ímpio mostra que devemos ter como nossa principal meta a beleza
física. Assim como comprar um livro pela capa não é uma decisão sábia, conviver
com alguém apenas pela sua aparência física com certeza não é a melhor maneira
se começar um relacionamento, pois a Bíblia diz: “Enganosa é a
graça, e vã, a formosura, mas a mulher que teme ao SENHOR, essa será louvada” (Pv 31.30). A beleza exterior é
facilmente corrompida pela ação do tempo e sempre existiram mulheres e homens
mais belos. O rei Lemuel da Massá está em provérbios 31 repetindo o que ouviu
de sua mãe: uma pessoa é bela ou feia pelo seu temor a Deus e não pelos padrões
de beleza impostos pela mídia.
3.
Membrezia: muitos
jovens são ávidos praticantes do namoro missionário. Nessa modalidade se toma
uma pessoa do mundo, mesmo sabendo que isso é jugo desigual e, via de regra não
agrada o Senhor (2 Cor 6.14), mas tentam dar a ele todos os adereços que uma
pessoa crente têm, ou seja, tem que ser crente e freqüentar a igreja. Cuidado: nem todos os que estão na igreja
são crentes, mas todo crente está na igreja. Essa história de conheci na
igreja, logo é crente não sempre verdade:
a.) Cristo disse que o trigo (o
crente, os filhos do reino) e o joio (o ímpio, os filhos do maligno) devem
crescer lado a lado até o dia do juízo (Mateus 13.29,30). Em todas igrejas,
convivem simultaneamente duas congregações: a igreja visível (formada por todos
aqueles que fazem parte do rol de membros) e a invisível (aquela que é formada
pelos eleitos e só Deus conhece);
b.) O tempo com Cristo mudou os
eleitos, mas os ímpios ficaram mais endurecidos: o Jovem rico (Mt 19.21,22),
Judas, etc. Jesus veio para salvar o trigo e não para transformar o joio em
trigo. Se Cristo não fez isso, não tente com seu namorado ou namorada.
c.) Se conhece o crente não pela
denominação em que ele faz parte, mas pela vida com Deus que ele tem, ou seja,
você deve se perguntar: as atitudes dele são de ímpio ou de alguém que teme a
Deus? Ele ora? Ele lê a Bíblia e a pratica? (cuidado que até satanás conhece a
Bíblia, mas jamais para praticá-la – Veja Mateus 4.1-11).
O
que NÃO pode ter um namoro cristão:
1.
Falta de compromisso:
“ficar”, por mais natural que seja aos ímpios nunca foi uma prática aprovada
por Deus. Quando o Senhor foi dar auxiliadora idônea a Adão não lhe perguntou
quantas queria ou deu a ela a oportunidade de se ele não gostasse dela ele
faria outra. Deus tirou-lhe uma costela e lhe fez uma só esposa (Gn 2.22) e os
dois passaram a ser uma só carne (Gn 2.24). O namora tem que ser sempre visando
o casamento e não uma maneira mundana de usar as pessoas como se fossem
objetos.
2.
Falta de objetivo:
a falta de objetivo é irmã gêmea univitelina da falta de compromisso a
diferença está no fato de enquanto está não chega ao namoro (porque se troca de
namorado ou namorada como roupa), aquela não chega ao casamento. A falta de
objetivo cultiva relacionamentos longos de namoro e noivado. Especialmente, em
nossa cultura, o casamento é muito idealizado e se exige que o jovem tenha
muito requisitos para se casar como casa, carro, sucesso profissional, todavia,
como vimos na história do Kaká e da Carol isso não é suficiente se faltar o
temor a Deus e o sincero desejo de viver para a glória dele. Geralmente,
namoros longos levam a uma vida matrimonial fora da bênção de Deus.
3.
Falta de fidelidade:
namoro deve seguir o mesmo padrão de fidelidade do casamento, quem trai
enquanto namora provavelmente continuará traindo depois de casado. A bênção
matrimonial não tem poder de desligar os vícios e pecados, mas rogar a
misericórdia e a graça de Deus para o casal, juntos, possam vencê-los.
4.
Falta de sinceridade: quando
um vaso estava rachado, mas o vendedor inescrupulosamente queria vendê-lo
passava cera para esconder suas imperfeições, mas quando exposto ao sol ficava
sem cera (do latim sine significa
“sem” cera, cera) o que revelava suas
imperfeições ocultas. A sinceridade é uma característica do cristão, pois
faltar com ela é mentir e a Bíblia nos mostra que essa atitude pertence ao
“velho homem” (E 4.25; Cl 3.9), ou seja, aqueles que vivem na carne e não são
convertidos. Se da verdade não pode proceder a mentira (1Jo 2.21), logo Deus
não pode abençoar um relacionamento alicerçado em mentiras e enganos. A
sinceridade, dentro de um relacionamento, possui dois níveis:
a.) consigo: facilmente casais de
namorados idealizam-se, ou seja, um não convive com o outro, mas com o que
penam que o outro é. É assim que nascem os príncipes encantados e as princesas
de contos de fada. Ser sincero nesse nível ajuda a não passar o resto da vida
tentando enquadrar o outro nos seus sonhos;
b.) com o outro: saber partilhar
sonhos, certezas, dúvidas e anseios é um etapa privilegiado do namoro que ajuda
a desenvolver a confiança um no outro.
5.
Sexo: em certa
ocasião me perguntaram: “qual lugar na Bíblia vemos que o sexo deve ser
realizado depois do casamento?” Respondi: “Caso, porém, não se dominem, que se
casem; porque é melhor casar do que viver abrasado” (1Cor 7.9). Tinha um colega de
quarto no tempo de JMC, cujo pai lhe dizia: “Filho, namore de olhos abertos,
porque quando você se casar deverá fechá-los”. Esse pensamento é muito
interessante, pois de fato inúmeros casais querem namorar de olhos fechados.
Todos os pecados são bonitinhos e facilmente perdoados, porque tudo vale em
nome do amor, porém quando se casam passam a brigar por essas mazelas. O sexo vem
ao encontro dessa realidade, pois funciona como um perfeito verniz, capaz de
camuflar as mais terríveis falhas. Quando o casal de namorados inicia a vida
sexual antes do casamento, além de desagradarem a Deus, deixam de olhar
verdadeiramente a pessoa com quem estão se relacionando e correm o risco de
comprar “gato por lebre”. A melhor solução para um casal que dá choque quando
se tocam e não agüentam mais é o casamento ou se largarem.
O
que não pode faltar no namoro
1.
Uma boa teologia:
Dave Harvey, no livro Quando pecadores dizem
sim, uma ótima leitura para casais e solteiros que querem casar, afirma que
o casamento é como abotoar uma camisa, se eu errar no primeiro botão todos os
demais sairão errados eu querendo ou não. Ele defende que o primeiro botão do
casamento é uma boa teologia, pois o alicerce do meu casamento deve ser a
Bíblia, porque é por meio dela que entendemos o sentido do casamento o que
funciona e o que não funciona nele. A fonte do meu casamento e namoro deve ser
o evangelho, pois ele mostra que no nascimento, morte e ressurreição de Cristo
está a solução para os pecados do ser humano (seja este meu marido ou minha
esposa). O foco, o objetivo do meu casamento ou do meu namoro (pessoas casadas
devem ser eternos namorados) é a glória de Deus e não minha felicidade pessoal.
Vivemos na sociedade do descartável. Quando algo não funciona como gostaríamos
jogamos fora e compramos outro (às vezes a vida útil de um produto dura o tempo
das prestações) e achamos que a mesma ideia pode ser aplicada ao casamento.
Muitos namorados vão se casar e, na porta do cartório, pensam: se não der certo
eu separo. O namoro e o noivado podem e devem ser desfeitos quando ambos
percebem que não viveram aquela relação para a glória de Deus, mas no casamento
não é assim, essa ideia de separação, antes do casamento, por mais simples que
seja é grande rebeldia contra Deus.
2.
Oração: um casal
de orar continuamente um com o outro, um pelo outro. O bom namoro começa com
oração (não aquela palhaçada de jovens que começam a “namo-orar”, mas que não
passa de uma desculpa piedosa e dizer para Deus o que eles querem fazer, são
poucos aqueles que antes de se envolver com alguém recorrem às Escrituras,
consultam os pais, a liderança em busca de melhor discernimento e acatam o
“sim” e o “não” de Deus por esses meios com retidão). Se Davi tivesse orado
para saber a vontade de Deus sobre se envolver ou não com Bate-
Seba, tal como fez antes de perseguir
os amalequitas que saquearam Ziclague (1Sm 30.7,8), muito sofrimento lhe seria
poupado. Geralmente, quando casais se desentendem é porque a glória de Deus não
é mais o objetivo de suas vidas.
3.
Santidade: o
autor de Hebreus afirma que sem santificação ninguém verá o Senhor (Hb 12.14),
por isso, o casal de namorados que deseja caminhar para o casamento devem
cultivar o hábito da oração, da leitura da Palavra, devem frequentar a igreja.
Não se deve esperar para viver de forma coerente com as Escrituras após a lua
de mel, mas desde o início do namoro. Se você acha que isso é impossível ou
complicado com seu namorado ou namorada, então você deve repensar sua relação.
4.
Firme propósito de fazer o outro feliz: a base de um bom relacionamento não é sentir-se feliz,
mas fazer o outro feliz (sempre tendo como padrão último e supremo tribunal a
Bíblia Sagrada).
5.
Buscar conselhos:
raramente um casal busca o pastor, um presbítero ou um diácono para pedir
conselho de deve se relacionar com determinada pessoa ou não. Geralmente,
quando o relacionamento está bem adiantado e, infelizmente, em pecado é que
isso chega à liderança que precisa agir com disciplina. Buscar pessoas piedosas
para pedir orientação sobre o início de um namoro, pois “Não havendo sábia
direção, cai o povo, mas na multidão de conselheiros há segurança” (Pv 11.14). Deve-se recordar que a
aprovação dos pais é muito importante, pois um filho só pode desobedecer aos
seus pais se estes lhe obrigar a desobedecer a Deus (At 5.29).
6.
Servir a glória de Deus:
o bom namoro serve a Deus e se preocupa com a glória e o testemunho dele, por
isso, um casal crente buscará viver de forma condizente com os imperativos a
Santa Palavra para que caminhando para o casamento as pessoas ao verem o seu
relacionamento possam visualizar o próprio relacionamento de Cristo com a
igreja.
Maria de Melo
Chaves, no livro Bandeirantes da Fé,
contando sobre o casamento dos pais diz que eles ficaram noivos no segundo dia
que se viram, se casaram rapidamente e foram muito felizes e para explicar essa
realidade que ficou no passado diz: Maria Melo Chaves: “tudo era mais simples,
poético, mais firme, sem as complicações de nossos dias em que o convívio
exagerado muitas vezes prejudica e destrói as melhores uniões, mesmo antes de
se tornarem efetivas. Como o cupido se transforma com a marcha do tempo”.
Existem muitos cursos e livros que se propõem a ensinar
como ter um casamento feliz e, inúmeros, acabam ensinando finanças e psicologia
barata, todavia somente a Palavra inspirada de Deus poder fazer o homem
“perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2Tm 3.17) e aquele
que pauta sua vida pela vontade de Deus teme o Senhor e teme desagradá-lo essa
é a grande lição para um bom namoro e um casamento feliz, pois sem Cristo nada
podemos fazer (Jo 15.5).
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