Um dos assuntos mais discutidos em nossa sociedade é a
questão da homofobia e neste debate há dois lados apenas na mesa: ou você
homossexualista ou homofóbico. Enquanto não estoura uma inquisição decorada com
arco-íris podemos discutir esse assunto com liberdade e fidelidade à Palavra de
Deus.
O argumento homossexualista (uso essa palavra para
indicar não só o homossexual, mas o defensor dessa ideia) que abre esse debate
é que Jesus pediu para que amássemos uns aos outros como ele nos amou (Jo
13.34). Contudo a teologia barata pega a Bíblia recorta vários versículos que
lhe convém e tenta provar o que bem entende. Quando vamos a qualquer sistema de
ideias precisamos ver um determinado princípio à luz dos demais e aceitarmos o
que nos beneficia e o que nos transmite reponsabilidades.
Na Bíblia especificamente, reconhecemos que um versículo
apenas não pode ser base de uma doutrina, mas ele deve ser lido, interpretado e
verificado dentro de toda a Palavra (Novo e Antigo Testamento, pois toda a
Escritura é inspirada por Deus 2Tm 3.16) sem nunca descartar seu devido
contexto.
Esse erro é frequentemente cometido quando as pessoas
querem continuar a viver as leis cerimoniais ou civis do Antigo Testamento como
acontece em um dos episódios da sérieWest
Wing: nos bastidores do poder. Nesse filme o presidente, interpretado por Martin
Sheen, mostra a uma conservadora que Levítico 18.22 não pode ser levado em
consideração na discussão da homossexualidade, porque poderíamos ter o direito
de vender nossas filhas como escravas como afirma Êx 21.7.
No Antigo Testamento, o povo de Deus possuía três tipos
de leis: morais, cerimoniais e civis. O texto em Êx 21.7 não oferece o direito
de ninguém ser vendido como escravo, Deus não criou a escravidão, mas o homem
decaído, porém o Senhor, em uma época em que os escravos não possuíam direito
algum, afirma que o seu povo não pode fazer o mesmo e, por isso, estabelece
leis para essa classe de pessoas esquecidas punindo maus tratos e prevendo a
liberdade. Os princípios desse código civil ainda servem como orientação da
maneira como a sociedade deveria se portar
As leis cerimoniais previam a maneira correta de cultuar
o Senhor e realizar os sacrifícios, contudo o autor da carta aos Hebreus (8.5)
afirma que esses ritos eram figuras e sombras das coisas celestes e que Jesus é
mediador de superior aliança e promessa (Hb 8.6). Entretanto as leis morais, ou
seja, como devemos nos portar e viver, essas não foram destruídas pelo Senhor.
O mesmo Jesus que tira o fardo que sobrecarrega e cansa é
o mesmo que impõe seu jugo suave e leve (Mt 11.28-29) e o mesmo Messias que
protege a mulher adúltera de ser apedrejada é o mesmo que manda parar com a
vida de pecado (Jo 8.11) e censura a mulher samaritana e seus muitos maridos
(Jo 4.18). Jesus tratou com amor, porém não deixou de apresentar os mandamentos
da Lei de Deus como a maneira de viver segundo o desejo do seu Pai.
O mandamento de amar como fomos amados por Jesus de Jo
15.12 não pode ser lido sem todo o contexto do capítulo 15, ou seja, Jesus se
compara a uma videira e aquele que não estiver nele e nos mandamentos do seu
Pai (lembremo-nos que Jesus não revogou as leis morais do Antigo Testamento)
dando frutos será lançado fora para ser queimado.
Se alguém despreza a Deus e se tornou nulo em seus
corações insensatos, “Deus o entregou a uma disposição mental reprovável, para
praticarem coisas inconvenientes” (Rm 1.28), mas tentar legitimar o pecado com
versículos da Bíblia é uma tentativa pecaminosa e degradante e passível de
morte especialmente para aqueles que apesar de conhecer a Palavra praticar o
erro e aprovar quem erra também (Rm 1.32).
Existem aqueles que vão à Bíblia e tentam distorcer
textos que legitimem o seu pecado. O texto predileto dos homossexuais é 1Samuel
2.41 e veem o beijo de Davi e Jônatas como um ato homossexual. Contudo não
podemos ler essa passagem das Escrituras sem levar em consideração a cultura do
Oriente Médio em que o beijo era um costume bastante comum, como afirma Laird
Harris no Dicionário Bíblico do Antigo
Testamento. O beijo ocorria dentro da família (Rt 1.9), conterrâneos (2Sm
15.5) e também na pessoa amada (Ct 8.1), mas o beijo da prostituta deveria ser
evitado (Prov 7.13).
A declaração de Rute sua sogra (Rt 1.16,17) – Noemi – é
vista por muitos homossexualistas como uma clara amostra de lesbianismo e o
centurião (Mt 8.16) por ter um criado (παῖς-pais:
transmite a ideia de educar ser tutor de alguém) e se preocupar com sua saúde a
ponto de procurar Jesus também é um exemplo de união de duas pessoas do mesmo
sexo.
Aparentemente, a perspectiva do homossexualismo sobre o
mundo é de que todos sentem os mesmos desejos e que eles são incontroláveis em
sua essência e aqueles que defendem princípios diferentes são pessoas que não
se descobriram plenamente ou hipócritas que praticam ou desejam praticar o
aquilo que condenam. Qualquer pessoa que defenda a moral cristã será visto como
um moralista que condena aquilo que simplesmente tem medo por não conhecer.
Entretanto o mundo, nessa perspectiva, vê a amizade entre
pessoas do mesmo sexo cm um alto grau de preconceito e suspeita de tal maneira
que um amigo (Davi) não pode sentir deleite na amizade do outro (Jônatas) ou se
despedir com emoção. Uma nora não pode jurar fidelidade a sua sogra ou um
homem, que cuidou de um jovem como filho, não pode se preocupar com sua saúde
sem ter uma conotação sexual. O mundo homossexual é governado e controlado pelo
ídolo do sexo e sua principal doutrina é o prazer a qualquer custo.
A Bíblia condena o homossexualismo, porque não foi essa a
vontade de Deus ao criar Adão e Eva, macho e fêmea os criou (Gn 5.2), ou seja,
distintos quanto a sua sexualidade. Muitos vão dizer que é obvio que Deus não
poderia começar o mundo com um casal de homens ou mulheres, pois eles não
poderiam procriar, porém não está sobre nós a orientação de deixar a casa
paterna e se tornar uma só carne com uma mulher? (Gn 2.24)
Jesus vê esse laço de maneira tão sagrada que as oscilações
da vida conjugal e os motivos banais do cotidiano não poderiam violá-lo (Mt
19.5). Nem Moisés (escritor sagrado do Pentateuco) e nem Jesus disseram que
dois homens ou duas mulheres poderiam se tornar uma só carne.
Em Sodoma, dos mais velhos aos mais jovens queriam, em
sua soberba (Ez 16.49), tomar os dois anjos (Gn 19.1-5) que Ló hospedara para
violenta-los sexualmente de tal maneira que recusaram mulheres virgens para
publicar o seu pecado (Is 3.9) e angariar a total destruição. Dessa maneira,
Moisés alerta que a prática do homossexualismo é uma contaminação abominável,
repugnante que existia entre os outros povos e que o povo escolhido pelo Senhor
não poderia compartilhar.
Muitos podem acusar a Bíblia de homofobia e de
perseguição aos homossexuais, porém Paulo não elege esse como o pecado principal,
mas o relaciona entre outros desvios humanos como: impureza, idolatria,
adultério, latrocínio, avareza, alcoolismo e maledicência (a lista aumenta com
1Tm 1.10,11) e afirma que as pessoas que praticam tais coisas, assim como o
homossexual não herdarão o reino dos céus (1Cor 6.9-10).
O Apóstolo dos Gentios usa
duas palavras para o homossexualismo: malakos (μαλακός, ή, όν: efeminados) e arsenokoitez (ἀρσενοκοίτης, ου, ὁ:
arse=macho + koítez=casamento: sodomita, reaparece em 1Tm 1.10). Segundo o estudioso
da língua grega Harold Moulton, a primeira palavrase refere à suavidade,a
delicadeza ou a luxúria contrária à natureza e a segunda se refere à
homossexualidade masculina em uma união estável.
Alguns defensores da união herética da Bíblia e o homossexualismo
afirmam que essas palavras sofreram alterações na sua tradução em meados do
século XX (o que vimos que não é verdade), porém podemos falar o mesmo os
outros pecados? As palavras usadas para o ladrão, o adúltero e o alcoólatra
sofreram o mesmo problema?
Não acreditamos que o
homossexualismo seja uma doença, mas um pecado (חטָּאת – het no Antigo Testamento, ἁμαρτία, ας, ἡ - hamartia: errar um
alvo ou um caminho), ou seja, um desvio do objetivo previsto. Paulo afirma que
na comunidade de Corinto eram ladrões e isso era um pecado (erro do objetivo
determinado por Deus, Êx 20.15), mesmo que o ladrão fosse vítima de um desejo
incontrolável como a cleptomania.
Para nossa cultura essa
afirmação não oferece problema, pois quando o cristianismo fala que roubar é
pecado todos se sentem seguros, porque devemos aceitar o homossexualismo e seus
apelos se a Palavra de Deus diz o contrário? Para agradarmos nosso coração? Jeremias
diz: “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas”
(Jr17.9)
Se continuarmos no fluxo que
o mundo e suas teorias nos levam, perceberemos que a lista de 1Cor 6.9-10 e 1Tm
1.10,11 vai se alargando de tal maneira que a questionável evolução dos costumes
permite a homossexualismo, o adultério é visto sem maiores restrições e logo
vamos aceitar assassinos e ladrões em nome de um respeito que não respeita
ninguém.
Porém o que dizer ao
homossexual? Você está condenado a ser um marginalizado? Paulo afirma que
alguns em Corinto eram efeminados e sodomitas, mas eles foram lavados,
justificados e santificados no nome de Jesus e no Espírito Santo (1Cor
6.11,12), ou seja, podemos dizer não só aos homossexuais, mas a todos “nenhuma
condenação há para os que estão em Jesus Cristo” (Rm 8.1) ele pode livrá-lo da
lei do pecado do corpo desta morte (Rm 7.24,25).
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