A Escolha de Presbíteros
Certa ocasião, conversando com um crente ele me perguntou:
por que vocês presbiterianos elegem presbíteros e diáconos? Esse ministério não
deve ser fruto de uma vocação pessoal e interna? A resposta que eu dei a este
irmão é o conteúdo deste artigo.
Os sentimentos são maus indicadores em nossas escolhas. Há
muitos que, tais como Herodes, movidos pelos impulsos do momento, tomam
decisões passíveis de arrependimento (Mt 6.23). Na Palavra de Deus, Abraão não
tinha vontade de sair de Ur, tampouco ir para Canaã, mas Deus o chamou (Gn
15.7); Moisés tinha uma lista de indicadores que, humanamente, o
desqualificavam à missão de libertar os judeus e conduzi-los a terra prometida;
Isaías quer ser enviado (Is 6.8), mas sua vontade é submissa e até motivada
pelo Senhor.
Acreditamos que Deus escolhe aqueles que ele quer para o seu
serviço, contudo essa escolha pessoal e íntima se exterioriza em atitudes
práticas. Vemos que Abrão foi escolhido, porque ele saiu de Ur e depois de
Harã; Moisés enfrentou Faraó e soube conduzir o povo de dura cerviz; Isaías
saiu a profetizar, Davi foi ungido por Samuel etc. Assim a admissão a qualquer
ofício depende de dois indicadores: a vocação do Espírito reconhecida pelo povo
e a investidura solene (Manual Presbiteriano Art.28)
A eleição de
presbítero é realizada seguindo às Sagradas Escrituras, pois Paulo e Barnabé
passam pelas igrejas de Listra, Icônio e Antioquiaelegendo presbíteros (At
14.23). O verbo cheirotonéo (χειροτονέω), utilizado neste versículo para se referir à eleição,
originalmente significava escolher alguém pelo levantar das mãos. Esse mesmo
verbo aparece na Segunda Carta de Paulo aos Coríntios (8.19) se referindo ao
irmão que acompanha Tito.
As igrejas na
época de Paulo podiam escolher alguém não pelo trabalho que desempenhava,
tampouco pelo seu testemunho, mas pela amizade ou interesse pessoal. Dessa
maneira, poderia existir na igreja um presbítero adepto da poligamia, dos
vícios mundanos ou com um lar destruído. Paulo, inspirado pelo Senhor, sabia
que uma igreja dirigida por uma pessoa assim não conseguiria refletir Cristo ao
mundo.
Paulo afirma a
Timóteo que o presbítero deve ser irrepreensível (1Tm 3.1), ou seja, estar
acima de qualquer censura tanto pelos que estão dentro da igreja, quanto pela
sociedade que está fora da igreja (1Tm 3.7). Essa pessoa deve ser homem de uma
só esposa, por isso demonstrar em sua vida o zelo pela família e a fidelidade
conjugal (Hb 13.4).
O presbítero
precisa ser temperante e sóbrio (nefalios,
palavra usada para sóbrio, não implica apenas o vício,
mas o autocontrole também) (1Ts 5.6,7), pois muitas vezes precisará reavaliar
suas intenções para o bem da igreja. As suas atitudes precisarão ser modestas,
sensíveis, capazes de se relacionar com os membros sem causar escândalo.
A
hospitalidade também deve ser uma marca do presbítero que deve acolher as
pessoas e, especialmente, ser didático para ensiná-las atravas da palavra e não
das suas convicções pessoais (2Tm 2.24).
Palavra de
Deus diz que quem ama o mundo o Pai não está nele (1Jo 2.15), por isso, o homem
que é chamado ao presbiterato não pode ser dado (paroinos, ou seja, viciado) ao vinho, violentou ou avarento, mas
alguém centrado e disposto a colaborar com a obra (Tit 1.7).
A Bíblia diz
que aquele que almeja o episcopado, excelente obra almeja (1Tm 3.1), aqueles
que trabalham na Palavra e na doutrina são dignos de duplicada honra (1 Tm
5.17), porém o Senhor açoita a quem ama (Hb 12.6) e permitira que os seus
líderes passam pelo fogo para serem provados (1 Pe 1.7) com mais intensidade
como fez com Paulo (2 Cor 11. 23-28). Muitas vezes a família do presbítero será
o alvo de satanás para enfraquecer as fileiras de Cristo, mas lembremo-nos que
passaremos aflições aqui, mas Cristo venceu o mundo (Jo 16.33).
Precisamos
orar para que Deus nos capacite nesta árdua tarefa de escolher a liderança
desta igreja. Pedir a sensibilidade do Espírito Santo para escolher os
representantes imediatos do povo capazes de, com o pastor, disciplinar segundo
as escrituras; visitar os crentes; instruir os neófitos; consolar os aflitos;
cuidas da infância e da juventude; zelar pelos enfermos; orar pelos crentes e
com eles levantar o estandarte de Cristo mesmo que isto custe a sua vida.
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