A Bíblia e a Educação Infantil
Educar uma criança realmente é um
trabalho complexo, contudo urgente. Os mestres ganham títulos para falarem nas
grandes universidades, mas quem está na base? Quem leciona a criança na igreja
e na vida secular? Essas pessoas tem o valor dos grandes doutores?. Charles
Spurgeon (1834-1892) afirmava que “nem os melhores da igreja são bons demais
para esta obra”, opta-se em deixar a criança crescer para ensiná-la sobre as
ciências e as doutrinas que deve conhecer.
Por muitos anos a criança foi
considerada como um adulto em miniatura e seu desenvolvimento nunca foi levado
em consideração. Conduto a criança é como uma esponja que suga todas as
informações ao seu redor e, por isso, está na melhor fase para aprender os fundamentos
que vão reger toda a sua vida.
Entretanto, apear das leis e das
teorias sobre a educação, o mundo em que a criança vive privilegia o erro e a
desordem. É fácil vermos placas na cidade com erros de português, adultos com
baixos palavreados sem se importar que, talvez, esteja sem observado e suas
atitudes estão sendo registras e copiadas. O jargão: “faça o que eu digo, não
faça o que eu faço”, não tem muita relevância para os mais jovens que ao verem
os pais brigar, mentirem e falarem mal dos seus superiores se sentem no
obrigação de imitá-los.
É bonito vermos a frase do filósofo
grego Platão (428/427-348/347 a.C.): “Não ensine os meninos pela força e
severidade, mas leve-os por aquilo que os diverte, para que possam descobrir a
inclinação de suas mentes” (República,
VII). Parece correto e interessante essa atitude, contudo suas consequências
são devastadoras. Pais não conseguem mais impor limites para os seus filhos
porque não sabem fazer ou pior: não acreditam nisso.
A Bíblia possui um rigoroso e eficiente
método de educação. Em suas páginas reconhecemos que a criança é insensata por
natureza (Pv 22.15). Todavia o termo hebraico אוֶּלֶת (‘iwwelet),
usada em algumas traduções como estulta, tola ou insensata (sem senso),
transmite a ideia também de ser alguém grosseiro e que precisa ser lapidado,
alguém que precisa aprender. Acreditamos que uma criança tem muito a ensinar,
mas não podemos perder de vista que ela tem muito a aprender.
A educação, na Bíblia, começa em
casa. Aos poucos, as famílias têm tantos compromissos e prioridades que as
crianças ficam de lado e muitas mães já não tem tempo de ver o caderno filho ou
ensiná-lo algo. Deus, no Livro de Deuteronômio (6.7), depois de ter exposto os
fundamentos religiosos ao seu povo transmite aos pais o dever de inculcar essas
verdades aos seus filhos. Inculcar significa repetir muitas vezes o mesmo
ensinamento, contudo orienta que essa repetição deve ser feita no dia-a-dia, ou
seja, na convivência com o filho.
A Educação na Bíblia implica contato
e repetição. Os pais precisam vivenciar profundamente o que falam e encontrar
no cotidiano da criança os meios adequados para aplicar essa verdade a elas. A
pedagogia moderna pretende dar toda a liberdade para o jovem e a criança para
que o processo de aprender seja motivado pela curiosidade e o prazer.
Partindo do pressuposto de que a
criança não sabe o que quer ela ficará tentada a nunca sentir curiosidade sobre
o caminho que ela deve andar, como ela deve se portar e relacionar, pois as
críticas facilmente eliminam todo o prazer e a curiosidade. Imagine se um
médico se voltasse para o seu paciente e dissesse: “eu tenho todos os
medicamentos que você precisa, mas eu só vou dar aqueles que você tiver
curiosidade de experimentar”.
Entretanto a Bíblia promete que se os
pais se esforçarem nessa árdua tarefa a mesmo depois de velho o filho não se
desviará dele. O filme Nada é para sempre
do diretor Robert Redford conta a história da família de um pastor
presbiteriano no início do século XX. O Rev.McLean e a sua esposa Amanda tinham
dois filhos de temperamentos completamente diferentes: Normam e Paul. Aquele
sempre apegado a uma vida regrada, enquanto este levava uma vida dissoluta,
porém há uma cena no filme em que Paul, o filho rebelde, fala para um rapaz boa
vida: “aqui há três coisas para as quais um home não se atrasa nunca: trabalho,
igreja e pescaria”. A história mostrou que Paul, mesmo em uma vida de pecado,
conservava princípios cristãos que não faziam dele um eleito, mas no mínimo um
bom cidadão.
Cada dia mais as famílias estão
sendo esquecidas. As pessoas se casam, mas nenhum dos dois quer, nem por um
segundo sequer, deixar seus planos pessoais ou sua carreira e a criança fica no
meio de duas pessoas como caminhos, às vezes, opostos e logo tem que ser
consumida por atividades e deveres para ela esquecer o mais rápido possível que
é uma criança e que requer cuidados especiais. Estamos gradativamente
retornando a pedagogia que via na criança um pequeno adulto e deveria ser
educado como tal.
Os pais, ora por necessidade, ora
por opção, ficam tão ausentes de casa que não conseguem se comunicar com seus
filhos e estes também não conhecem a língua dos seus pais. Para aliviar o
grande período de silêncio cada um tem um refúgio dentro de casa onde encontra
computador, videogame ou qualquer outra coisa anestesie a dor de ficar lado a
lado com as pessoas que deveria amar. Isso parece ao mundo pós-moderno um
desperdício de tempo uma futilidade que não tem preço.
Muitas famílias optam por uma visão
espartana. Esparta era um cidade grega profundamente militarista que entrega os
seus filhos com sete anos para serem criados exclusivamente pelo Estado.
Quantos pais entram em parafuso com greve de professores e férias escolares? A
família tem o dever de formar o homem para que a Escola, em cima dessa
instrução, possa ensinar os conceitos básicos para o efetivo exercício da
cidadania.
Paulo adverte a igreja de Éfeso que
os filhos deveriam obedecer aos seus pais. O pai e a mãe precisam ser para o
filho o primeiro e grande referencial de sociedade e igreja. Um filho que vê o
pai pedindo para que diga que ele não está quando de fato está em casa entende
que mentir em alguns casos é necessário e não compreenderá a Bíblia condenar a
mentira (Cl 3.9). Muitos mandam seus filhos a igreja, mas não se esforça para
ir também, logo ele pensará que igreja é coisa de criança. Muitos homens não se
comprometem na igreja e isso pode fazer a criança entender que igreja é coisa
de mulher.
A indisciplina é um mal progressivo
e extremamente corrosivo. Muitos pais, por causa da ausência, não se fazer ser
obedecidos (Ef 6.1-3). A Bíblia diz que o filho que obedece aos pais tem vida
prolongada sobre a terra (Êx 20.12; Dt 5.16). Muitos podem ver esses versículos
como uma grande besteira e afirmar: eu já vi filhos bons e obedientes morrerem
antes dos seus pais.
Contudo o que Moisés está dizendo,
de forma inspirada e inerrante, é que quando um filho deixa de obedece às
orientações dos seus pais ou os pais não se posicionam a esse respeito ele está
susceptível às más influências que podem diminuir a qualidade da vida dos seus
filhos. Se Davi tivesse disciplina melhor seus filhos Amnon não teria abusado
de Tamar (2Sm 13.10), Absalão não teria motivado um levante contra seu pai (2Sm
15.14) e Salomão não precisaria matar Adonias (1Rs 2.24), mas a Bíblia afirma
que Davi jamais contrariou Adonias “dizendo: Por que procedes assim?” (1Rs
1.6).
A Palavra de Deus não só exorta aos
pais disciplinarem seus filhos, como também mostra os resultados à
desobediência desta orientação. A ausência dos pais em casa traz às famílias ou
omitem-se como Davi e colhem os frutos dessa escolha ou exercem uma autoridade
excessiva e batem por qualquer motivo e de qualquer maneira.
A Bíblia irá de encontro à lei da
palmada, pois afirma que o pai que deixa de disciplinar seu filho o aborrece e
não o ama, porque quem verdadeiramente ama cedo disciplina (Pv 13.24). A mesma
Bíblia vai orientar os pais a não provoca os filhos a ira, mas cria-los na
disciplina e na admoestação do Senhor (Ef 6.4).A Bíblia não
está preocupada com a forma da disciplina, mas se ela aponta o erro, é
compreendida e sentida pela pessoa que a recebe.
Mesmo a palmada se for dada de maneira errada (com intuito de machucar ou
descarregar a raiva) ou no momento errado (quando o fato tiver passado) não
fará o efeito desejado. O Reformador João Calvino (1509-1564), comentando esse
texto, afirma: “uma severidade austera e inclemente (dos pais) suscita a
obstinação e destrói os seus (dos filhos) sendo de dever”.
O parâmetro dos pais na disciplina dos filhos deve ser a Palavra do Senhor
e não os desejos do seu coração. Tinha um amigo que dizia que quando seu pai ia
discipliná-lo expunha o que ele tinha feito, o que havia de errado no que fez e
como aquilo desagradava a lei do Senhor. Isso é criar em disciplina e
admoestação.
O que tem que ficar na cabeça da criança depois de uma boa disciplina não
deve ser a dor ou a humilhação, mas a noção de que cometeu um pecado
primeiramente contra Deus e que afetou todos ao seu redor, mas que há graça em
Jesus para deixar o velho menino e abraçar um configurado segundo a vontade de
Deus e isso fará dele uma bênção para todos.
Não somos contrários às palmadas, desde que não visem o espancamento (o que
nunca foi a ideia da Bíblia), porém reconhecemos que os pais precisarão criar
outras formas de exercer disciplina, mas para isso o contado é indispensável,
pois não inventaram pais no modo EAD (Educação à distância).
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