Promessas
de Ano Novo
Mais um ano chega ao fim. No final do anterior, fizemos
muitos programas que tinham tudo para dar certo, mas, prestes a trocar mais um
calendário, vemos que a maior parte das coisas não aconteceu como queríamos. De
fato, muitos dos nossos fracassos são frutos de nossos descasos, negligências e
falta de empenho, contudo outros não sucederam por mais que tivéssemos nos
esforçado. Lidar com aquelas falhas é compreensível, porque basta que nos
dediquemos mais. Entretanto como lidar com estas frustrações que fogem do nosso
controle?
Essas situações evidenciam limites e revelam a
incapacidade de gerir todas as áreas de nossa vida. Estamos a mercê de uma
poder que abarca o mundo todo e essa irresistível autoridade é o próprio
Criador. Foi em submissão a esse Soberano Deus que Abraão subiu o Moriá e que
Moisés apenas contemplou a Cidade que corre leite e mel do monte Pisga ou Jó se
resignou diante daquele lhe deu todas as coisas e as poderia retirar segundo
sua vontade. Tiago nos orienta que devemos ter por motivo de grande alegria o
passar por diversas tribulações, porque a finalidade delas é produzir em nós
perseverança (Tiago 1.2,3).
O Pastor presbiteriano Timothy Keller afirma: “algumas vezes Deus parece estar nos matando
quando na verdade está nos salvando”. Caro leitor permita-me um exemplo:
imagine que alguém que você ame passe mal e a única oportunidade que tem de se
salvar esteja em uma cirurgia. Por que o entregamos na mão de um médico para
que com um bisturi seja aberto, depois mexido e costurado? Isso acontece,
porque sabemos que esse profissional estudou e se preparou para tal
procedimento e confiamos na sua experiência e na competência de sua equipe.
Dessa maneira, por mais evasivo que seja o tratamento, sabemos que é o melhor a
ser feito. Não exitamos. Por que não temos a mesma confiança nAquele que fez o
médico e detém todo o conhecimento e a própria vida?
Exigimos provas de Deus, mas nenhum paciente senta-se
diante do médico e diz: “tudo bem, o senhor irá me operar, mas não antes que eu
veja seu curriculum ou as notas que você teve na faculdade”. O Senhor,
conhecendo nossas mais íntimas necessidades, nos deu uma prova cabal: o fato de
ter Cristo morrido por nós enquanto éramos pecadores (Romanos 5.8). Essa confiança
´´e crucial nos momentos adversos, contudo só pode existir nos eleitos por
causa do Espírito Santo que opera a graça da fé salvadora (Efésios 2.8) no coração
pelo ministrar da Palavra de Deus e dos sacramentos de forma ordinária.
Keller entende que nosso coração possui uma incrível
capacidade e produzir ídolos, ou seja, “tomar
uma alegria incompleta desse mundo e construir a vida inteira entorno dela”.
Os ídolos nem sempre são coisas ruins, mas, geralmente, são pessoas, trabalho,
o sexo, o amor de alguém, o poder ou o sucesso, etc., mas elevados como algo
absoluto. Esse obstáculo na nossa relação com Deus está na nossa imaginação
quando não estamos fazendo nada e nos dá a sensação de que sem eles seremos
completamente infelizes. Keller defende que “a
idolatria não é apenas um fracasso em obedecer a Deus; é uma marca de que o coração
inteiro está em algo além de Deus”. Eles não podem ser arrancados, mas
substituídos pelo real Senhor de nossas vidas, Jesus Cristo.
É por essa fé miraculosa que Abraão caminha o Moriá
segurando o cutelo que desferiria o golpe mortal naquele que foi o herdeiro da
promessa, contudo “julgando que Deus era
poderoso para até dos mortos o ressuscitar; e daí também em figura o recobrou”
(Hebreus 11.19). Deus estava tratando o coração do Pai de Isaque que poderia se
esquecer que ele seria o melhor pai quanto mais amasse o Senhor sobre todas as
coisas. Existem inúmeros pais que tomam seus filhos como ídolos e exigem que
cumpram seus sonhos e os redimam.
Moisés precisava compreender que a entrada do povo na
Terra Prometida não dependia dela e da determinação que tivera, tampouco a sua
presença lá seria mais fundamental que a divina providência. Necessitava
entender que nada era maior do que Deus inclusive para ele próprio.
Assim como o cirurgião parece estar matando o seu
paciente rasgando-o, Deus parecia estar matando Abraão, Moisés, eu ou você,
mas, na verdade, está tratando o mais profundo de nós, destruindo os ídolos que
não podemos ver, dando a paz que excede todo entendimento capaz de guardar
nossa mente e nosso coração em Cristo Jesus.
Saiba que nesse ano vindouro as coisas podem ser
diferentes ora para melhor ora para pior, mas o cuidado de Deus supera a troca
dos calendários, estará ao seu lado quando tiver fome para que se multipliquem
os pães; quando o encapelado mar atentar contra sua vida, Jesus se levantará
vitorioso para ordenar que seu mar se emudeça e mesmo que a morte venha com
desejo fatal saiba que Jesus é a ressurreição e a vida e ainda que morramos
ressuscitaremos com Ele.