A arca de Noé e o
batismo
“Contigo estabelecerei a minha aliança ; entrarás na arca,
tu e teus filhos, e tua mulher, e as mulheres de teus filhos” (Gênesis 6.18).
No senso comum, parece que existe uma divisão no batismo
quanto a católicos e protestantes de tal maneira que aqueles batizam crianças e
estes adultos e a explicação é que isso parece mais bíblico e lógico, pois a
pessoa tem a possibilidade de escolher sua postura quanto a fé. Isso está tão
enraizado na mente das pessoas que causa estranheza o fato da Igreja
Presbiteriana, por exemplo, batizar crianças. Os incautos ficam confusos quando
ao pedobatismo (batismo de crianças) como se fosse um resquício romanista.
Contudo essa prática está alicerçada em uma profunda
compreensão na teologia do pacto, ou seja, “o vínculo/elo de amor, iniciado
e administrado pelo Deus triúno com sua
criação, representada pelos nossos pais” (Mauro Meister).
A Confissão de Fé de Westmnister(VII.1) entende que apesar
de todo ser racional dever obediência ao seu Criador, mas uma distância tão
grande os separam que o homem jamais usufruiria de qualquer bem-aventurança ou
recompensa sem que o Senhor de forma voluntária se condescendesse o que fez porpor
meio de um pacto. O primeiro foi efetuado com Adão e foi chamado pacto das
obras, no qual a vida foi prometida a Adão e a sua posteridade mediante a
obediência pessoal (CFW VII.2), mas uma vez que nosso primeiro pai quebrou a
aliança (Oséias 6.7) e, porque era o cabeça da humanidade, transmitiu esse
estado corrompido a todos os seus descendentes (Gênesis 5.3).
Reverendo Paulo Anglada enfatiza o fato de que o Antigo e o
Novo Testamentos não ensinam duas religiões diferentes, mas
a igreja cristã é um galho enxertado na árvore cuja raiz é Abraão (Rm
11.13-24). Dessa maneira, assim como a circuncisão era a porta de entrada no
povo de Israel e não tinha poder para salvar, tampouco que fornecia meio ou era
essencial para essa finalidade, o batismo é utilizado nesses mesmos moldes.
Entendamos que a circuncisão instituída em Gênesis 17.9-14 não foi capaz de
salvar Ismael ou Esaú, pois a salvação é pela graça (Efésios 2.8) e, quando os
gálatas recorreram a esse artifício para colaborar com a salvação Paulo enxerga
como um retrocesso, uma deserção (Gálatas 1.6).
Segundo
A. Hodge, Pedro (2Pedro 3.20,21) entende que o batismo é um antítipo da
salvação das oito pessoas na arca (Gênesis 6.18) com as quais o Senhor
empreendeu sua aliança. A tripulação da arca estava debaixo da aliança, mesmo
que nem todos fossem eleitos como é o caso de Cam. Da mesma maneira, o infante
é recebido na igreja, por que delas também é o Reino dos céus (Mateus 19.14),
todavia, apesar de nem todas serem eleitas, estarão debaixo da aliança.
Nenhum comentário:
Postar um comentário