O crente e o natal
Quem
não se assustaria ao ver alguém vestindo um grosso agasalho de lã nos dias de
mais denso calor? Contudo todos convivem e respeitam o Papai Noel que, como a
advento do ar condicionado, tem dias mais agradáveis em centros comerciais.
Quantos já viram um pinheiro coberto de neve? Tirando aqueles que puderam
viajar para o exterior ou em filmes e cartões postais isso é algo inimaginável
em nosso clima tropical. Com certeza, natal é um fenômeno que merecia um estudo
mais aprofundado.
Sem
dúvida o natal é uma festa singular, pois apesar de parecer avesso a nossa
cultura clima irradia ternos sentimentos nas pessoas e permite um aquecimento
ímpar de nossa economia. O missionário presbiteriano Rev. Ashebel Green
Simonton registra em seu diário que não teria natal no ano de sua chegada, pois
não concebia essa festa em pleno verão.
Tirando
as datas cívicas, todas as nossas festividades são de influência europeia e
foram transmitidas pelos nossos colonizadores ou pelos diversos imigrantes que
encontraram em nosso solo oportunidade de vida. As misturas culturais de nosso
pais (do europeu, do índio e do africano) permitiram que muitas festas
ganhassem em nosso país um rosto único.
O
Natal, por causa do catolicismo popular, se integrou em nossa cultura em sem
perder os símbolos europeus. Tem forte apelo às pessoas o fato de ver uma
criança entregue a futura morte em flagelo inominável. Todavia essa festa tem
encontrado alguns problemas: o fato de sua influência pagã e o consumismo
latente.
A
influência da teologia neopuritana tem feito muitas igrejas a deixar de
comemorar essa data. Puritano, segundo o Rev. Augustus Nicodemus Lopes, no
texto “Sobre puritanos, puritânicos e
neopuritanos”, foi um termo dado a ministros e pastores ingleses entre o
séc. XVI e XVIII presbiterianos, batistas e congregacionais que defendiam um
alto grau de pureza. Segundo Manoel Canuto, no texto “Em que os alcunhados Neopuritanos são semelhantes aos Puritanos, hoje
no Brasil”, os puritanos eram conhecidos como teólogos da santidade e foram
exemplos de piedade e ortodoxia.
Os
puritanos tiveram um papel muito importante na história da igreja e assim como
a Reforma Protestante nos deixaram um grande legado em obras teológicas de
referência, mas suas ideias devem ser interpretadas à luz das Escrituras, pois
só elas são inerrantes e nossa única regra de fé e prática.
De
fato, o Natal não era uma data religiosa contemplada pelos puritanos e chegaram
a proibi-lo na Inglaterra e Estados Unidos nos séculos XVI e XVII. Na
Inglaterra, esta festa foi proibida em 1644 pelo parlamento puritano e só
voltou a ser comemorado em 1660 com a ascensão de Carlos II e voltou a ser
feriado apenas em 1856. O Peregrinos que desembarcaram do Mayflower baniram o
Natal em Boston de 1659 a 1681 e apenas em 1870 o 18º presidente Ulysses Grande
(1822-1885) declarou o dia 25 de dezembro como feriado. O líder romano Padre
Paulo Ricardo afirma que os Protestantes quase acabaram com o Natal na
Inglaterra e na América Inglesa, contudo o fizeram pelas seguintes razões:
· O
dia 25 de dezembro não é o dia do nascimento do Senhor Jesus. Partindo do
pressuposto de que Zacarias servia no turno de Abias (Lc 1.5. Os levitas se
dividiam em 24 turnos que ministravam durante 15 dias duas vezes ao ano no
templo [Veja 1Cr 24.1-19] e o turno de Abias era o oitavo turno [1Cr 24.10])
que caia no mês de Tamuz (junho e julho, quarto mês judaico [Veja Jr 39.2 e Zc
8.19]) e quando terminou seu serviço sua esposa concebeu João Batista (Lc
1.23,24). Sabendo que Jesus tem seis meses de diferença de João (Lc 1.26) o
Senhor teria sido concebido no final de Tebede (dezembro e janeiro) e início de
sebate (janeiro e fevereiro), nascendo no mês de etenim (setembro e outubro)
quando os judeus comemoravam a festa dos tabernáculos;
· No
dia 25 de dezembro, os romanos comemoravam a festa do Deus Sol conhecida como
solis invictus (sol invicto) a mando do Imperador Aureliano. Nessa data
acontece no hemisfério norte o solstício de inverno (a noite mais longa do ano)
e na mentalidade pagã era o próprio nascimento do sol chamada de Brumália e era
realizada logo após a Saturnália (festa e honra ao deus saturno) que acontecia
do dia 17 a 24 de dezembro. Essas eram festa populares entre os pagãos e tem
origem desde de o Egito, onde o sol também era visto como uma divindade (deus
Rá ou Ré);
·
Não
há nenhuma orientação bíblica para que essa data seja comemorada (por isso os
puritanos também não comemoravam a Páscoa e o Pentecostes). Os Puritanos se
orientavam pelo princípio regulador do culto: “A luz da natureza mostra que há um
Deus que tem domínio e soberania sobre tudo, que é bom e faz bem a todos, e
que, portanto, deve ser temido, amado, louvado, invocado, crido e servido de
todo o coração, de toda a alma e de toda a força; mas o modo aceitável de
adorar o verdadeiro Deus é instituído por ele mesmo e tão limitado pela sua
vontade revelada, que não deve ser adorado segundo as imaginações e invenções
dos homens ou sugestões de Satanás nem sob qualquer representação visível ou de
qualquer outro modo não prescrito nas Santas Escrituras” (Confissão de Fé de Westmnister XXI.1);
· Passa
a ser comemorado pela igreja a partir do século IV quando a Igreja começa a se
desviar se transformado no que chamamos de Igreja Romana.
Os
símbolos de natal eram igualmente repudiados, pois eram provenientes da cultura
pagã:
· A
árvore de natal: os pagãos tinham o costume de enfeitas as árvores no inverno
para que os espírito delas retornasse depois do inverno;
· A
guirlanda: era o ornamento próprio dos lugares de culto pagão.
Não
vemos como um problema a comemoração do Natal pelos seguintes motivos:
1.)
O que a data significou no passado não é
importante, mas que ele significa hoje: os pagãos só poderiam interpretar de
maneira precária o solstício de inverno, pois, carentes da iluminação do
Espírito, “mudaram a glória do Deus incorruptível em imagem de homem
corruptível” (Rm 1.23). Contudo, nós que conhecemos a Palavra não podemos ver a
revelação geral do Senhor de outra maneira a não ser contemplando seus atributos
invisíveis, tal como seu eterno poder. Não estamos dizendo
Sobre
essa tendência neopuritana concordamos quando o Rev. Augustus Nicodemus Lopes
afirma que o transplante do puritanismo que floresceu na Inglaterra e na
Escócia entre os séculos XVI e XVIII necessitam de traços históricos que não
existem hoje, porém podemos com sucesso utilizar sua teologia e imitar sua
piedade. O Pastor John MacArthur defende que devemos comemorar o Natal, pois
Romanos 14.5-6 nos dá liberdade para celebrarmos ou não dias especiais.
Portanto, comemoremos como os anjos e o pastores.
Nenhum comentário:
Postar um comentário