RESUMO
DO DIÁRIO DE SIMONTON
INTRODUÇÃO
Ashbel Green Simonton nasceu em West Hanover, em Dauphin
no sul da Pensilvânia aos vinte de janeiro de 1833, filho do médico Dr. William
Simonton e Martha Davis Snodgrass. Recebeu o nomem em homenagem ao líder
presbiteriano e presidente do Colégio de New Jersey Ashebel Green (1762-1848).
Eram membros da Igreja Presbiteriana de Derry, onde o pai de Simonton era
presbítero.
Nesse pequeno opúsculo podemos perceber a grandeza do
trabalho missionário e tomarmos subsídios que podem nortear nossa ação
evangelística, especialmente em um país profundamente católico e com sérios
preconceitos para com os protestantes.
SIMONTON,
A.G. Diário de Simonton. Trad. Daisy
Ribeiro de Moraes Barros. 2 ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2002.
O Diário de Simonton abarca o período de 1852 a 1866 e
tem como seu primeiro registro com a seguinte identificação: Norfolk, 5 de novembro
de 1852. Relata quando deixou, pela primeira vez sua casa e se aventurou pelo
sul de seu país.
Norfolk era uma cidade, abastada, confortável e luxuosa,
assim como, bem grande com de 16 mil habitantes, a qual Ashebel precisou
descobrir a própria custa, pois tinha como ofício vender assinaturas da Revista Presbyterian e achar
presbiterianos nessa multidão era como caçar uma agulha em um palheiro.
Outro problema era o fato de que na hora em que o irmão
visitava as casas só encontrava as mulheres que não faziam assinaturas, pois os
homens de negócio estavam trabalhando. Todavia conseguiu vender duas
assinaturas o que lhe vinte e nove dólares e cinqüenta centavos.
Cansado de comer ostras em Norfolk (principal iguaria
natural desse região) ruma para Petersburg, mas não encontrou melhores
condições de trabalho e, por isso, seguiu para Raleigh com seu irmão James (o
encontrou em Petersburg) que ficou em Hicksford (atual Emporia na Virgínia). Em
Raleigh, conseguiu uma audiência com Rev. Lacy com quem conversou sobre Escolas
e este lhe indicou três senadores que poderiam ajudá-lo, mas não encontrando
êxito foi para lecionar decidiu permanecer no ofício para o qual havia se
proposto e segui para Faytteville, uma região com casas esparsas e que
precisava de esforço para se chegar de uma a outra.
Simonton vai para Columbia, onde vê como uma novidade uma
mulher pregando, depois foi para Winsboro, terra de umas duas mil almas que
achavam mais barato comprar novas terras do que preparar as antigas para o
plantio. Em Atlanta descobriu que sua empreitada de vender assinaturas seria
cada vez mais difícil, pois os sulistas receavam de qualquer coisa publicada
pelo norte na linha Mason-Dixon.
Teve boa impressão da Georgia e perambulou por outras
cidades até chegar em Starkville no Mississipe onde começou a lecionar latim em
uma escola agradável que não lhe criava problemas, porém sobre isso ele afirma:
“olhei o futuro e previ longos dias e horas mergulhados na rotina pouco
atraente da vida de pedagogo.
Em 15 de abril de 1854, Simonton registra em seu diário
que sua estada no sul estava chegando ao fim. Encerrou antecipadamente as aulas
do primeiro semestre afirmando que iria passar as férias com a sua família e
que sua volta incerta. Muitos amigos tentaram dissuadi-lo, mas voltou e não
tendo grandes motivos para continuar em casa ou voltar para o sul pendeu para a
opiniaao de sua mãe que foi enfática para sua permanência.
Vendo a inaptidão para o magistério e o fim de sua
aventura pelo sul, Ashebel passa a pensar em seu futuro, especialmente, na
carreira que seguiria. A mãe de Simonton se esforçava para que o filho seguisse
o ministério, para o qual o havia consagrado. De fato ele reconhecia que essa
carreira detinha a mais segura e sublime das recompensas. Sobre o direito não
se sentia animado, porque parecia-lhe “difícil
conciliar sucesso na carreira de advogado com honesta adesão à verdade e à
justiça”.
No dia 10 de março de 1855, o diário indica um avivamento
que atingiu seu autor. Simonton não se sente emocionado como outros crentes,
mas entende que o Espírito Santo está trabalhando em sua vida pelo fato de
estar buscando o Senhor a ponto de fazer um compromisso público. Sobre essa
convicção faz sua pública profissão de fé
Em maio de 1855, decidiu assumir o compromisso de seus
pais e caminhou para Princenton a fim de se preparar paro ministério. Chegou no
dia 29 de junho de 1855. Antes de ir, no dia quatro, preparou um guia para
orientá-lo no curso de teologia:
- “Frequência
constante aos exercícios devocionais do Seminário”;
- “Vigilância
constante sobre o meu coração e contra os pecados que o rodeiam”;
- “Estudo das
devocionais da Bíblia e leitura de obras de experiência religiosa”;
- “Comunhão
constante e íntima com Deus para alcançar grandes vitórias na vida espiritual”;
- “O ‘cultivo do
dom da oração’”;
- “Na realização
dos estudos não posso esquecer a saúde, pois preservá-la é da maior
importância”;
- “Em relação ao
meu comportamento exterior, preciso ser mais cuidadoso que nunca”.
No dia 14 de outubro de 1855, ouviu um sermão do Rev.
Charles Hodge sobre a necessidade de se evangelizar os pagãos de tal maneira
que afirma: “Esse sermão teve efeito de levar-me a pensar seriamente no
trabalho missionário no estrangeiro [...] se a maioria prefere ficar não seria
meu dever partir?”.
Simonton foi nomeado missionário no dia 6 de dezembro de
1857; licenciado pelo Presbitério de Carlisle em 14 de 1858; ordenado no dia 14
de abril de 1859 no templo da Igreja Reformada Alemã em Harrisburg, seu sermão
de prova baseou-se em Atos 16.9. No dia 19 de outubro de 1857, Ashebel
transcreveu em seu diário a carta de sua mãe em que mostrava dificuldade em se
separar de seu filho, sentia-se orgulhosa e o recomendava em orações.
No dia 27 de novembro de 1858, levou proposta a Junta de
Missões Estrangeiras apresentando o Brasil como possibilidade, mas deixando a
decisão final para os responsáveis.
O Rev. Simonton chegou no Brasil no dia 12 de agosto de
1859 estasiado com a beleza da Bahia de Guanabara. O grande problema do jovm
missionário está no aprendizado da língua que lhe causou muita dificuldade.
Registrou em 2 de dezembro de 1859, progresso no estudo da língua quando
encontrou o secretário da educação pública, Sr. Leon, e trocaram aulas, este
lhe ensinou português e aquele inglês.
Sabendo que desde Atos a igreja não está isente a
possíveis problemas de relacionamento, Ashebel enfrentou problema como Rev.
Robert Kalley, que lhe fez acusações pessoais sem mesmo conhecer-lhe. Simonton
o procurou, conversaram, oraram juntos e fizeram as pazes, de tal forma que o
valiará como um homem de fé (11 de abril de 1860).
No dia 12 de abril de 1860, realizou sua primeira escola
dominical em sua casa utilizando a Bíblia e o Peregrino de Bunyan com duas crianças. Os cultos de quinta-feira e
domingo variavam entre três e vinte pessoas, sendo o mais frequente de seis a
dez pessoas O irmão James e o cunhado Blackford enviaram cartas dizendo que
viriam, o que se realizou em 19 de julho de 1861. A Junta de Missões enviou
também o Rev. Schneider que ajudaria com os colonos alemães.
O clima dos trópicos, em que o natal se apresentava no
natal e não no inverno, assim como a questão de qualidade de vida. Na casa João
Carlos Nogeira/Nogueiro, um homem piedoso de Itu, interior do Estado de São
Paulo, afirma: “nunca vi família tão excelente, com tais recursos ao seu
dispor, viver de modo tão deplorável”.
No dia 12 de janeiro de 1862, realizou-se a primeira ceia
com recebimento de membros: Henry E. Milford e Camilo Cardoso de Jesus. Em 31
de março de 1862, Simonton está no Barco Henrietta para passar um período nos
Estados Unidos. Soube que a mãe estava endferma, mas quando chega ela já havia
falecido.
Nesse período na terra natal se casa com Helen Murdoch no
dia 19 de março de 1863. Chega com ela no Brasil em 15 de maio de 1863, mas faleceu
9 meses depois do casamento com 30 anos no dia 28 de junho de 1864 devido a
complicações no parto. Sobre essa situação registra: "Deus tenha piedade de mim agora,
pois águas profundas rolaram sobre mim. Helen está estendida em seu caixão na
salinha da entrada. Deus a levou tão de repente que ando como quem sonha"
(Terça-feira, 28 de junho de 1864)
A pequena Helen Murdoch Simonton passa a ser cuidada pela
irmã Elizabeth, esposa de Blackford. Contudo Apesar dos diversos problemas pessoais, Simonton recebeu
no dia 23 de outubro o ex-padre José Manoel da Conceição; lançou a Imprensa Evangélica
no dia 5 de novembro (durou até 1892) e organizou o primeiro presbitério no da
16 de dezembro de 1865.
Considerações finais
Quando Simonton chegou em nosso país encontrou um
território profundamente marcado pelo catolicismo e com um forte preconceito
para com os protestantes. Depois de mais de cento e cinqüenta anos o romanismo
não tem a mesma força dos tempos de outrora, o protestantismo evoluiu por
caminhos tortuosos, em algumas circunstâncias, ficando bastante
descaracterizado, mas o fato é que, em outras proporções, encontramos condições
semelhantes.
Enquanto nos dias dos pioneiros, o carro chefe da ação
missionária estava na instrução nas Sagradas Escrituras, hoje as igrejas
emergentes fazem vultosos investimentos em pesquisas de público, campanhas sem
bases bíblicas e em uma variedade de experiências.
O ateísmo e uma massa de pessoas decepcionadas com
igrejas crescem. Uma grande parcela dessas pessoas, pelos anos freqüentados em
uma denominação, às vezes de fama duvidosa ou com líderes despreparados,
julgam-se entendidos no cristianismo, mas, na prática, pouco sabem das
Escrituras que conhecem por caixinhas de promessas ou artifícios desse gênero.
A julgar pela maneira que o evangelho fiel se desenvolveu
em nossas terras podemos perceber que a solução para esses dias mãos está na
intensiva instrução na Palavra. Esse é o jeito mais difícil e demorado, mas não
há outro, pois os diversos caminhos são infiéis.
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