Dúvidas
sobre o Culto Familiar
3. Quem convoca e dirige o Culto Familiar?
Com certeza, a artimanha satânica mais perniciosa propagada
pelo feminismo, em todas as suas ondas, tenha sido o fato de que o homem não
exerce liderança na família e que partilha ou troca com a esposa, de forma
irresponsável e negligente, a regência de seu lar.
O Reverendo James W Alexander afirmava que “nenhum homem pode
aproximar-se do dever de liderar sua família, em um culto espiritual, sem uma
solene reflexão do papel que ocupa em relação aos seus deveres. O homem é o
chefe do lar, por divina e inalterável instituição. Estes são deveres e
prerrogativas que ele não pode transferir”.
Portanto, cabe ao homem convocar e estabelecer quem irá
dirigir o culto familiar (é saudável que exista um rodízio entre os membros
contando inclusive com as crianças que podem ser incentivadas a esse encargo),
todavia é útil analisarmos as bases teológicas do Culto doméstico para nos aprofundarmos
nessa questão.
O Pastor Joel
Beeke afirma que a base teológica do culto doméstico está na Trindade, pois “o
amor de Deus é expansivo e transbordante e compartilha as bem-aventuranças
intertrinitárias. O amor entre as pessoas da Trindade era tão grande desde toda
a eternidade, que o Pai decidiu criar um mundo de pessoas que, embora finitas,
teriam personalidades que refletiriam o Filho”.
Dessa maneira,
nossa família deve se moldar a esse amor expansivo e interpessoal, pois deve
estar profundamente embasada no amor do marido pela sua mulher, mas também no
respeito da esposa pelo seu marido (Ef 5.33) e ambos na iniciativa de criar
seus filhos na disciplina e na admoestação do Senhor (Ef 6.4b). Todavia o
marido amará sua esposa tendo como modelo Cristo, que deu a vida pela igreja
(Mt 5.25); a esposa respeitará seu marido sendo-lhe submissa (Ef 5.22,24) e
ambos criarão sua prole sem provocá-la a ira (Ef 6.4a). Uma família disciplinada
a buscar e agradar a Deus e não aos seus desejos pessoais encontra grande
felicidade, porque na presença do Senhor há plenitude de alegria e delícias
eternas (Sl 16.11).
A Confissão de
fé de Westminster, dissertando sobre a Trindade, defende: “na unidade da
Divindade há três pessoas de uma mesma substância, poder e eternidade – Deus o
Pai, Deus o Filho e Deus o Espírito Santo. O Pai não é de ninguém – não é nem
gerado, nem procedente; o Filho é eternamente gerado do Pai; o Espírito Santo é
eternamente procedente do Pai e do Filho” (II, 3).
Assim como na
Trindade, os membros da família, especialmente o marido e a mulher, não podem
se separar (Mt 19.6); todos são idênticos em dignidade e, por isso, é proibido
qualquer tipo de insubmissão das partes ou tratamento hostil (Veja 1Pe 3.7; Pv
21.19; Dt 21.18); existe uma ordem representativa na família (o marido
representa a esposa e ambos os filhos), pois, assim como toda a Trindade é
chamada pelo Pai (Ef 3.14,15 compare com 1Jo 1.3), o homem representa toda a
sua família.
Assim como as
pessoas da Trindade se diferenciam por certas distinções pessoais (o Pai cria;
o Filho redime e o Espírito Santo santifica), devemos buscar a rica diversidade
de dons em nossos lares aproveitando-os e os educando ao serviço do Reino.
Louis Berkhof
afirma que cada pessoa da Trindade não tem existência fora ou à parte da
Trindade. Certa vez ouvi de um chefe de família: “o evento em que não couber um
de nós, não caberá nenhum de nós”. Quantas vezes a família se esfacela por
priorizar desejos pessoais? Precisamos entender que as decisões que tomamos
devem honrar a Deus e, assim, beneficiar toda a nossa família. Eva e Adão
decidiram viver de forma autossuficiente de Deus e tiveram grandes prejuízos na
vida familiar. Davi imaginou que uma aventura amorosa não traria conseqüências
para a sua vida espiritual, mas nossa vida espiritual está intimamente ligada a
nossa vida familiar e vice-versa.
Nossos
primeiros pais, Adão e Eva, foram criados para adorarem a Deus, mas, cedendo à
tentação maligna, transformaram “a alegria da adoração e da comunhão com Deus
em medo, temor, culpa e alienação” (Joel Beeke) (Gn 3.23,24). Nessa realidade
de pecado, Deus fez uma aliança com nossos pais, prometendo o Salvador (Gn
3.15). Agora, em Jesus
Cristo , não não precisamos mais ter medo, pois “No amor não existe
medo; antes, o perfeito amor lança fora o medo. Ora, o medo produz tormento;
logo, aquele que teme não é aperfeiçoado no amor” (1Jo 4.18)
Além de uma
aliança orgânica (alianças que acontecem na Palavra não de maneira isolada, mas
progressiva), Deus lida com a raça humana por meio de lideranças ou
representações que são plenamente visíveis nas Escrituras:
·
Sete, Noé e Jó oferecendo sacrifícios por seus
filhos (Gn 8.20-21; Jó 1.5);
·
Em Abraão, todas as famílias da terra seriam
abençoadas (Gn 12.3);
·
Na lei mosaica o pai deveria liderar a
celebração da páscoa e a instrução dos filhos sobre o sentido dessa comemoração
(Êx 13.14; Dt 6.20);
·
Pedro mostra que a promessa é para os pais e os
filhos (At 2.39);
·
O marido crédulo santifica sua esposa (1Cor
7.14).
Cabe ao homem
proclamar de forma vigorosa diante de todos: “agora, pois, temei ao SENHOR e servi-o com
integridade e com fidelidade; deitai fora os deuses aos quais serviram vossos
pais dalém do Eufrates e no Egito e servi ao SENHOR. Porém, se vos parece mal
servir ao SENHOR, escolhei, hoje, a quem sirvais: se aos deuses a quem serviram
vossos pais que estavam dalém do Eufrates ou aos deuses dos amorreus em cuja
terra habitais. Eu e a minha casa serviremos ao SENHOR”. (Js 24.14-15)
Josué está com
cem anos de idade. Sabe que não poderá mais conduzir o povo e reconhece que
precisa influenciá-los na fidelidade ao Senhor, porque, assim como no passado o
povo de Deus deuses egípcios, os ídolos dos povos pagãos lhe seriam
encantadores a essa geração que entra na terra prometida.
Nós pais
precisamos tomar as rédeas da formação espiritual de nossas casas cumprindo em
nossas vidas e na vida de nossos filhos Deuteronômio 6.7, porque os ídolos
pagãos do mundo podem encher os olhos deles e professores ateus poderão
corrompê-los se não tomarmos a iniciativa de influenciarmos nossa família no
serviço ao Senhor.
Assim como
Josué colocou a sua adoração familiar como modelo para os demais chefes de
família, precisamos colocar nossa adoração pessoal e a liderança sobre o culto
familiar como exemplo para os nossos filhos certos de que o Senhor nos honrará
como honrou o sucessor de Moisés (veja Js 24.31).
O Professor
Neil Postman dizia: “os filhos são mensagem vivas que enviamos a um tempo que
não veremos”. Dessa maneira, precisamos continuamente ensinar nossa prole a se
lembrar do criador nos dias de sua mocidade (Ec 12.1) para que, pelo nosso
exemplo de liderança e obediência ao Senhor, eles venham no futuro a imitar
esse procedimento em suas famílias.
O Reino requer
homens que tenham a coragem de olhar nos olhos de sua família e dizer: “Sede meus imitadores,
como também eu sou de Cristo” (1Cor 11.1). Essa tarefa exige total
abnegação e dependência de Deus, mas “entrega o teu caminho ao SENHOR, confia nele, e o mais
ele fará” (Sl 37.5).
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