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terça-feira, 9 de agosto de 2016

Segurando a pedrinha


Segurando a pedrinha




“As coisas encobertas pertencem ao SENHOR, nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem, a nós e a nossos filhos, para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei” (Deuteronômio 29.29).



Existem momentos em sua vida que lhe deixam em xeque? A perda de uma pessoa querida, uma grave doença se abatendo sobre a família, uma demissão injusta ou amigos traíram sua confiança? Eventos como esses, muitas vezes, pegam-no desprevenidos e costumam nos retirar o chão está sob os nossos pés. Inúmeras pessoas, nesses dias insólitos, se cristãos, somos tentados a questionar como Asafe, ao ver a prosperidade dos ímpios: “com efeito, inutilmente conservei puro o coração e lavei as mãos na inocência?” (Salmo 73.13). Não são poucos os piedosos que nesse momento brigam com o Senhor, porque não conseguiram encontrar as respostas que suas almas ansiavam.

Quando nos detemos a perguntas que não possuem respostas, corremos o risco de ser presas fáceis do desânimo. O irmão André, pioneiro da Missão Portas Abertas, na sua juventude serviu ao exército e viu e praticou as atrocidades que destoavam do ambiente familiar firmado no evangelho. Ferido com um tiro no tornozelo e quebrado, física e espiritualmente, não sabia o porquê de toda aquela situação. Certo dia, em uma enfermaria na Indonésia, uma freira franciscana lhe contou uma história que mudou sua caminhada: naquela região os nativos caçavam micos de uma forma singular, colocavam uma pedrinha dentro de um coco por um buraco em que mal passava a pata do macaco, quando achava o coco e enfiava a patinha pelo buraco e ao segurava a pedra perdia toda a mobilidade que poderia salvá-lo. O problema é que esses macacos nunca largam a pedra e, por isso, são pegos com facilidade. Ao segurar essas perguntas, ao tentar responder indagações dessa magnitude, somos tal como esses micos que se tornam imóveis e, assim, vulneráveis.

O que devemos fazer quando estamos segurando essa pedrinha? Precisamos entender:

1. EXISTEM COISAS INCOMREENSÍVEIS

O termo סָתַר transmite a ideia de que existem coisas que foram escondidas. Dessa maneira, a Bíblia nos dá uma informação consoladora: não precisamos, tampouco conseguiremos entender todas as coisas, porque elas pertencem a Deus. O Reformador João Calvino entende que “não é lícito aos mortais ingerir-se nas coisas secretas de Deus” (CALVINO, João. As Intitutas da Religião Cristã, III, 21,3). Sabendo que somos limitados e propensos ao pecado, o nosso Criador nos priva da tarefa de respondermos todas as coisas, porque ele já tem das respostas e sabe como lidar com todos os problemas. Inevitavelmente e com indiscutível eficácia, o Senhor lidará facilmente até mesmo com as dificuldades mais insolúveis de sua vida.

José vivia tranquilo até o dia que em seus irmãos o jogaram na cisterna, depois o venderam para ismaelitas o venderam no Egito, ao capitão da guarda de Faraó chamado Potifar. Em seguia é assediado pela esposa desse oficial e acusado injustamente de estupro é lançado em uma prisão de segurança máxima. Consegue interpretar o sonho de copeiro de Faraó e pede que interceda junto ao Faraó, mas foi esquecido por dois anos. Para José, o porquê de seus irmãos o terem vendido, o motivo pelo qual foi preso e esquecido eram “coisas veladas que pertenciam ao SENHOR”.

Qualquer empenho em compreendê-las poderiam leva-lo ao desânimo, a adotar uma vida menos piedosa. Contudo houve um momento em que o Senhor agiu, não no tempo de José, tampouco segundo suas intenções, mas quando agiu o cárcere e a escravidão ficaram para traz, pois ascendeu para ser o segundo no Egito.

Dessa maneira, os irmãos de José e a esposa de Potifar planejaram lhe o mal, contudo, de antemão, Deus pensou-lhe o bem mesmo que o próprio José não soubesse disso. Portanto, quando sua vida for alvo de injusta opressão ou de adversidades inesperadas, saiba nossas vidas estão seguras nas mãos dAquele que fez todas as coisas.

2. EXISTEM COISAS COMPREENSÍVEIS

Enquanto não faltam aqueles que queiram conhecer os meandros mais escondidos do Senhor, assim como aqueles que diante das questões existenciais se afastam do reto caminho, Moisés deixa claro que existem coisas que podem ser conhecidas, ou seja, arquivo que foi revelado pelo Senhor. Pedro afirma: “que nenhuma profecia da Escritura provém de particular elucidação; porque nunca, jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens [santos] falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo” (2Pedro 1.20,21).

Se o povo que busca com toda avidez as profecias e maneiras sobrenaturais de conhecer a vontade de Deus, abrissem suas Bíblias e as lessem e estudassem, conheceriam Aquele que dizem adorar. Corrie Tem Boom, cristã holandesa, que foi presa com a maior parte de sua família por abrigarem judeus que fugiam da perseguição nazista, na prisão de Scheveningen foi interrogada pelo Tenente Rahms. Corrie, tal como Paulo diante do rei Agripa, tentou evangeliza-lo, mas é interpelada com uma dura pedrinha que teria que escolher segurar ou largar, pois seu pai centenário, um piedoso servo do Senhor sobrevivera apenas dez dias na prisão e morrera de uma doença que seria facilmente tratada em um hospital.

O Tenente ouvira que “o ponto de vista de Deus é, às vezes, tão diferente do nosso, que não poderíamos nem mesmo chegar perto dele, se Deus não tivesse dado um Livro no qual Ele nos diz tudo”. Depois de dias de interrogatório o Tenente a interpela com as seguintes questões: “Como é que a senhora ainda consegue acreditar em Deus? Que Deus é este que deixa um velhinho morrer aqui em Scheveningen?”. Corrie, porque conhecia a Revelação específica de Deus, a Bíblia, e sabia que todos ressuscitaram, inclusive o seu querido Pai.

Anos atrás, quando ainda era pequena fazia perguntas difíceis ao seu Pai que um dia lhe explicou da seguinte maneira: pediu que levasse sua mala por alguns instantes, ela estava muito pesada por relógios e ferramentas (ele era relojoeiro) e disse que seria um péssimo pai se exigisse que levasse aquele peso tamanho, mas, com o tempo, ficaria forte e poderia levar malas tão pesadas quanto aquela, por isso, por enquanto deveria confiar em seu pai para que carregasse o peso que lhe é insuportável.

Existem eventos dessa vida que são pesados demais, mas podemos confiar que o Senhor os carrega por nós. Contudo, enquanto nos amadurecemos em Cristo, precisamos reconhecer que as coisas reveladas pertencem a nós e a nossos filhos.

3. FIDELIDADE É O NOSSO OBJETIVO

Moisés mostra que nosso objetivo para com essa Palavra Revelada é reconhecer que dever observada por inteira, porque “toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2Timóteo, 3.16,17). Ela nunca perderá sua verdade, pois Jesus afirma: “passará o céu e a terra, porém as minhas palavras não passarão” (Mateus 14.35). Portanto devemos ser fieis em todo o tempo e a toda a Palavra.

Portanto, entendamos que o Senhor não nos obriga a carregarmos a mala dEle, mas Ele, em seu amor e misericórdia leva coordena todas as coisas, até mesmo aquilo que nos é extremamente difícil; a Palavra é uma realidade em nossas vidas e precisamos ser fieis a ela com integralmente e ininterruptamente.

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