UMA IGREJA
DESANIMADA
“E, por este motivo, porque
és morto, não és frio nem quente, estou a ponto de vomitar-te da minha boca”
(Apocalipse 3.16)
A palavra desânimo vem do latim e significa estar sem alma, sem a força
vital que move a criação. Talvez, todos nós tivemos aquele dia em que nossa
vontade de prosseguir parece diminuída e o único desejo que, realmente, temos é
de nos isolar no feudo de nossas preferências e mesmices. Em alguns casos, não
passa do reflexo da quase ininterrupta correria de todos os dias, mas existem
aqueles, aos quais, esse torpor, esse desejo de fuga se torna uma patologia e,
sem a graça, um terrível obstáculo à vida cristã. Pois as debilidades físicas,
psíquicas e morais do homem são os materiais mais caros para se forjar as mais
duras tentações, especialmente, aquelas que o afastam da intimidade com o
Altíssimo.
Pedro passa por uma debilidade moral, porque,
depois de negar Jesus por três vezes, sendo peneirado por satanás
(Lucas 22.31), foi tentado a largar tudo e voltar ao seu antigo empreendimento
(Veja 21.3). Os discípulos, que outrora seguia Jesus, encorajaram-no nessa
empreitada e o seguiram às antigas redes de pescar.
Os discípulos de Emaús foram vítimas
da fraqueza psíquica. Obviamente, não estavam loucos, mas o sofrimento ceifou toda
a disposição para que fossem a Galileia como o Mestre pedira (Mateus 26.32).
Estavam tão tristes e deprimidos com os eventos que aconteceram em Jerusalém,
que eram incapazes de reconhecer o Cristo que lhes dirigia. Elias sofre a mesma
letargia pedindo a morte debaixo do zimbro (1Reis 19.4). O Rei Asa (2Crônicas
16.11-14) é um exemplo de como moléstias físicas podem fazer alguém que tivera
uma vida piedosa desagradar a Deus. A gloriosa mensagem das Escrituras aos
entorpecidos pelo cansaço da alma é que o Senhor não os abandona, mesmo que
abandonemos, de maneira imprudente os meios de preservação/graça, pois vemos
Jesus perdoando Pedro, Deus mando um anjo a Elias.
O
desanimado tem um sinistro poder de aglutinar todos aqueles que conhece e
estejam dispostos a dar um peso descomunal aos problemas ao invés de seguir a
orientação bíblica em Tiago 1.2. É mórbido como, para algumas pessoas, é prazeroso
permanecer na assento da murmuração. Existem inúmeros homens que acreditaram
que seria confortável passar alguns momentos nesse falso conforto, mas ficaram
inertes uma vida toda sempre procurando nos outros o erro e os defeitos que
estava dentro delas, porque “todos pecaram e carecem da glória de Deus”
(Romanos 3.23). Uma vida vivida na piedade preguiçosa e relaxada é incapaz de
produzir os frutos que os Senhor requer de nós (Efésios 2.10).
Dessa
maneira, pessoas desanimadas não só murmuram aglutinando discípulos para o seu
louco desespero, mas têm o diabólico poder de drenar toda a energia daqueles
que querem ir além. Quantas vezes você teve uma ideia ou quis fazer algo novo
na igreja, mas alguém disse: “isso não dá certo!”. Da mesma maneira, o crente
morno, no seu trabalho evangelístico, nunca consegue fazer o ímpio sair
totalmente de sua figura moribunda, porque transmite um cristianismo
superficial, farisaico e descomprometido. O crente desanimado é aquele que vive
morno e transmite essa temperatura a todos aqueles que o cercam
Parafraseando
o historiador francês Fernand Braudel (1902-1985), não existe vácuo no poder do
eu coração, conforme Romanos 6.16, porque ou seremos escravos do bondoso Senhor
obedecendo-o para justiça ou da morte para perdição. O maior exemplo de igreja
morna/desanimada é a de Laodiceia, pois ,ao invés te confiar no Senhor e
servi-lo, optava a servir sua indústria têxtil, sua produção farmacêutica e
suas reservas financeiras, contudo porque estavam sem Jesus, permaneciam nus, cegos
e miseráveis (Apocalipse 3.17).
Portanto,
parafraseando o profeta Jeremias 1.17: arregace as mangas, levanta, faça tudo o
que o Senhor lhe ordenar e não te desanimes diante dos desafios, para que o
Senhor não te desanime diante deles.
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