O triste retrato da nossa geração
Vivemos dias semelhantes àqueles dos Juízes onde cada qual faz o que
julga mais reto (Jz 17.6). Vivemos em um momento de extrema crise dos padrões
absolutos. Richard Sennett, na obra Authority (1980, p.15), afirma que “tememos
a influência da autoridade como ameaças a nossas liberdades na família e na
sociedade em geral”.
Essa visão pode ser percebida na postura da “filósofa”e psicóloga Viviane
Mosé na XII Seminário LGBT quando afirma: “nossa luta é contra a verdade,
porque a verdade é uma invenção, é uma ideia e qualquer verdade produz
segmentação”.
Segundo Sennett (1980, p.16), três fatores contribuem para esse pavor
pelos padrões absolutos que exercem autoridade: em parte o medo de ser seduzido
pelo poder, depois o medo de, seduzido, perder a segurança da “liberdade” e
passar a seduzir outras pessoas. Mohler, no livro Deus não está em silêncio
(2014, p.80), entende que esse medo de forma histórica: “a cultura
iluminista que deu origem à modernidade era subversiva a toda forma de autoridade”.
Dessa maneira quando pregamos ao ímpio a mensagem do evangelho ao ímpio,
por mais lógica que ela seja, ele teme atendê-la e perder sua aparente
liberdade, por isso, só a demonstração do Espírito e do poder podem atingir
resultado eficiente (1Cor 2.4).
O homem mundano teme aderir à verdade e ficar aprisionado a ela. Vemos em
todas as áreas da vida um deboche aos padrões absolutos como se fossem
subversivos. Os pais estão limitados em sua maneira de educar os filhos, os
professores em ensinar, as autoridades em estabelecer a ordem. Nessa triste
realidade a ortodoxia é vista como uma heresia que deve ser perseguida e seus
defensores, sempre retratados pela mídia como loucos ou hipócritas, precisam
ser combatidos até as últimas consequências.
Köstenberger e Kruger, na obra A Heresia da Ortodoxia (2014, p.15),
afirmam: “neste mundo às avessas do pluralismo e da pós-modernidade, no qual
a razão como árbitro da verdade foi substituída pelo ponto de vista individual
e pela autoridade irrestrita e intocável da experiência pessoal, os conceitos
convencionais foram virados de ponta-cabeça. O que costumava ser considerado
heresia é hoje a nova ortodoxia, e a única heresia que resta é a ortodoxia”.
A religião que possui espaço nesses dias maus é aquela, cujos pastores
defendam a “doutrina da diversidade”, ou seja, que no princípio não havia um
único cristianismo, mas diversas formas de cristianismos que foram suplantados
pela visão romana que se tornou a forma padrão. Portanto, a própria Bíblia foi
uma convenção humana que deve ser utilizada com cautela e toda diversidade deve
ser aceita sem restrições, porque Jesus amou incondicionalmente. Contudo esse
Jesus é uma invenção incapaz de salvar, porque tal como um irritante papagaio
só sabe repetir aquilo que as pessoas querem.
Não estamos dizendo de maneira alguma que nunca existiu ou se possa
encontrar no cristianismo diversidades legítimas (diferenças que podem ser
conciliadas dentro daquilo que os apóstolos nomeados por Jesus disseram), mas
que existem diversidades ilegítimas (“divergência
doutrinária do ensino apostólico considerada inaceitável pelos autores
neotestamentário”), tal como afirma Köstenberger e Kruger (2014, p.108-118).
Arrumar argumentos que visão desacreditar a Bíblia na são novos, pois
ignorantes e instáveis deturpavam os escritos de Paulo (2Pe 3.16 Veja Jd 4),
todavia, especialmente, nestes últimos dias “não
suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as
suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos” (2Tm
4.3). Calvino afirma que, a partir dessa realidade, “mais zelosos devem ser os ministros em defendê-la e mais enérgicos
seus esforços para preservá-la intacta; e não apenas nesta forma, mas
principalmente por sua diligência em combater os ataques de Satanás”, por
isso, Oseias culpa a negligência dos profetas pela destruição do povo (Os 4.6).
Atualmente muitos púlpitos não disseminam a sã doutrina ora porque seus
pastores deixaram de confiar na inspiração das Escrituras, ora por que alguns
ministros se acovardam e optam por despejar uma psicologia barata sobre seus
fieis que não os leva a uma comunhão ais íntima com Deus. Enquanto cultos se
parecerem co palestras motivacionais ou de autoajuda a igreja está longe de sua
missão: fazer discípulos em todas as nações e batizá-los, ensiná-los a guardar
todas as ordenanças de Jesus (Mt 28.19,20).
Shakespeare, na obra Rei Lear
(Ato IV, Cena I), afirma na voz de Gloster (um nobre velho que caiu nas
artimanhas de seu filho bastardo e deserdou seu filho legítimo): “esse é o castigo do tempo, conduzir ao cego
o louco”. Vivemos em um mundo em que homens e mulheres cultos são capazes
de acreditar em gnomos ou pensadores que viveram e morreram, mas colocam sérios
empecilhos na observância da observância da Palavra “inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção,
para a educação na justiça” (2 Tm
3.16). Eis o triste retrato de nossa geração, que inculcando-se sábia se tornou
louca (Rm 1.22).
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