Fanatismo, Fundamentalismo e
Preconceito, conceituando termos
É comum ouvirmos pessoas, como o Dep. Jean Wyllys (ex-BBB),
referindo-se a cristãos conservadores como fundamentalistas, com o objetivo de
compará-los (nas entrelinhas) aos fundamentalistas islâmicos. O ideal desses
liberais é criar no imaginário popular a mesma concepção distorcida que possuem
dos cristãos, em especial os protestantes. Contudo, há alguém que não seja
fundamentalista?
Segundo Karnal (Palalestra CPFL, 2013), o termo
fundamentalismo foi cunhado pelo Pastor Batista Curtis Lee Laws (1868-1946) em
1920 no jornal Watchman-Examiner (O
Atalaia Examinador, que n mesmo ano passou a se chamar O Fundamentalista), no
qual era editor, contudo o termo é usado desde o século XIX.
Precisamos entender que o fundamentalismo cristão nasceu na
defesa da ortodoxia frente ao avanço da teologia liberal (que desacreditava o
sobrenatural), a alta crítica (que desacreditava a inerrância das Escrituras) e
o darwinismo (desacreditava a criação). Quando propunham, como nossa
presidente, que a Bíblia fosse lida como um mito, pastores e teólogos sérios se
manifestaram contra essas perniciosas tendências apresentando os fundamentos da
fé.
Segundo Boff (2002, p.12), em 1915, professores de teologia
da Universidade de Princeton publicaram uma pequena coleção de doze livros
chamados: Fundamentals, a testemony of
the truth onde defendiam: 1.) a inerrância das Escrituras; 2.) o nascimento
virginal de Cristo; 3.) A expiação vicária; 4.) A ressurreição corpórea e 5.) A
historicidade dos milagres, conforme Ferreira (http://solascriptura-tt.org/SeparacaoEclesiastFundament/CristianismoFundamentalista-Laerton.htm).
Boff (2002, p.25) conceitua fundamentalismo como: “a atitude
daquele que confere caráter absoluto ao seu ponto de vista”. Esse conceito é
proveniente da visão liberal e relativista de Boff, para quem “todo ponto de vista é a visão de um ponto”
(1997, p.4), ou seja, na visão dele o Fundamentalista é alguém que está apegado
aos seus conceitos, porque não se coloca no lugar do outro.
Para o
ex-religioso católico, os conceitos mais preciosos são mutáveis a partir das
circunstâncias, todavia esse é um conceito do sofista Protágoras (480-410
a.C.), para quem “o homem é a medida de
todas as coisas”.
Entretanto Jesus, ao concluir o sermão do monte afirma: “todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras
e as pratica será comparado a um homem prudente que edificou a sua casa sobre a
rocha” (Mt 7.24). O Senhor
continua essa ilustração, que encerra o sermão do monte afirmando que “todo aquele que ouve estas minhas palavras
e não as pratica será comparado a um homem insensato que edificou a sua casa
sobre a areia” (Mt 7.26). Dessa maneira, Cristo não vê como banal alguém
não ter fundamento algum, mas que ele só será reconhecido como importante na
realidade escatológica (Is 28.16,17; Ez 13.10-13; cf. Pv 12.7), segundo Carson (2010, p.235).
Segundo Jesus, é possível que alguém viva a vida toda sem se
importar com onde sua vida está alicerçada. Pessoas que não conhecem a Palavra
(em especial o sermão do monte) ou que conhecem, mas não colocam em prática são
aqueles que possuem um fundamento extremamente frágil e que fatalmente ruirá. A
areia com certeza é muito mais flexível e fácil de trabalhar que a rocha, mas
apenas esta é resistível às calamidades vindouras. Portanto, todos são fundamentalistas,
porque todos alicerçam seu conhecimento e sua vida em um terreno que julga
seguro.
A ideia exposta por Boff sobre fundamentalismo cabe melhor na
visão hebraica de parvo (פֶּתִי-peti) pode ser
exemplificada por Provérbios 7.7 onde um jovem simples (cabeça aberta, sem
padrões fixos, carente de juízo), por isso ia e vinha pela esquina da mulher
estranha (Pv 7.8), se deixa beijar (Pv 7.13) e seduzir (Pv 7.21) por uma mulher
casada (Pv 7.19). O simples é aquele que tem padrões flexíveis, cujos
princípios se adaptam a cada ocasião e são suscetíveis à cultura e ao imaginar
dos homens. Não possuem conceitos, mas dúzias de conceitos prévios que, por
nunca se firmarem, nunca são testados. Contudo ter um conceito errado também não
funciona. Apenas a Palavra pode tais pessoas sábias (Sl 19.7).
Frequentemente, a ortodoxia cristã é comparada aos sacerdotes
e escribas que procuram meios de matar Jesus (Mc 11.8), contudo os escribas e
fariseus foram condenados não pelo apego a Palavra, mas por estarem presos em
suas tradições. Quando Jesus é questionado sobre a legalidade de se colher
espigas no sábado, o Senhor não responde segundo as tradições judaicas, mas
pela fiel e literal interpretação da Palavra, citando 1Samuel 21.5,6; Levítico
24.8 e Números 28.9,10.
Alguns podem questionar os fundamentalistas cristãos: de onde
vem a certeza sobre o potencial de resistência dos seus fundamentos? A resposta
é simples olhamos a Palavra (Antigo e Novo Testamentos) vemos se temos colocado
em prática a Palavra de Jesus.
Vivemos dia maus, em que um rapaz de 21 anos entra em uma
igreja, participa de um estudo bíblico por uma hora e depois atira em nove
pessoas por motivos raciais; pessoas atiram pedras em um grupo de pessoas
adeptas do candomblé e ferem uma garota e 11 anos. Segundo o dicionário Caldas
Aulete, fanatismo é “um sentimento de
adoração cega ou obstinada por alguém ou algo de cunho religioso ou político”.
Contudo nossos conceitos de fé e moral, quando provenientes da Palavra, formam
um coração cheio de misericórdia e bondade. Nossa adesão a Jesus não foi por
considerarmos ou desconsiderar, porque não fomos a Cristo, mas fomos levados a
ele (Jo 6.44).
Portanto, podemos dizer aqueles que nos tentam distorcer e
confundir as pessoas dúbias: “a menos que vocês provem para mim pela
Escritura e pela razão que eu estou enganado, eu não posso e não me retratarei.
Minha consciência é cativa à Palavra de Deus. Ir contra a minha consciência não
é correto nem seguro. Aqui permaneço eu. Não há nada mais que eu possa fazer.
Que Deus me ajude. Amém”
(Lutero).
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