A mulher na Bíblia
Com
freqüência, ouvimos intelectuais, ativistas e, até, cristãos mal informados
afirmarem que a Bíblia é machista, porque foi escrita em uma cultura
profundamente marcada pelo patriarcalismo. Se olharmos para a Palavra de Deus
com espírito criterioso e desarmado das ideologias mundanas que visam
desacreditar a mensagem do Senhor, veremos algo diferente daquele que é
apregoado pelo mundo.
Entendemos que
a trajetória das mulheres foi, por um longo período, marcada pela desigualdade
de direitos e pela opressão desumana e ainda o é em regiões inóspitas. A
história mostra claramente essa realidade, pois na Roma antiga a mulher não
possuía personalidade legal (alieni iuris)
e para herdar uma propriedade precisava se casar para que o marido requeresse
os seus direitos. Nessa sociedade, que desenvolveu sobremaneira as bases do
direito, o homem (sui iuris) tinha
direito de vida e morte sobre ela (pátria
potestas). O romano, segundo das leis, poderia tratar sua esposa como seus
escravos conforme a Institutas de Justiniano
(Flavius Petrus Sabbatius Justinianos 483-565) Livro I, título 8.
Na Grécia,
berço da democracia, a mulher era considerada uma criatura sub-humana e servia
para o lar e a procriação. A criação feminina servia para a finalidade
doméstica. Essa realidade não era igual em Esparta, onde a mulher possuía
grande destaque, pois era vista como a fonte de bons soldados, haja vista que o
pai e a mãe não poderiam educar seus próprios filhos, essa função era exclusiva
do Estado.
Essa
desigualdade se arrastou pela Idade Média e os avanços e conquistas modernas
não foram capazes de diminuir o desprezo e violência que eram desferidas a
muitas mulheres pelo mundo comprovando a máxima de Albert Einstein (1879-1955):
“Triste época! É mais fácil desintegrar um átomo que um preconceito”.
Com certeza, o
evento mais intenso desse conflito tenha acontecido em Nova Iorque no dia oito
de março de 1857. Nesse dia tecelãs fizeram greve para reivindicar melhores
condições de trabalho tais como a redução da jornada de 16 horas e a equiparação
do salário com os homens. A manifestação sofreu forte e violenta repressão ao
ponto dessas mulheres serem trancadas na fábrica em chamas, o que matou 130
tecelãs, por isso, a ONU, em 1975, dedicou esse dia a mulher.
A Palavra de
Deus nunca endossou essas práticas, pois o que vemos em suas páginas é Deus
criando o homem e a mulher a sua imagem e semelhança (Gn 1.27) e instruindo os
homens a tratá-las como a parte mais frágil (1Pedro 3.7). Enquanto no berço do
direito e da civilização, a mulher não podia se representar juridicamente, em
Israel as filhas de Zelofeade (Macla, Noa, Hogla, Milca e Tirza) da tribo de Manassés tiveram acesso
ao direito de herdar o que lhes era devido (Nm 27.1-7). Se tardou o direito das
mulheres votarem e serem eleitas (1928 em Mossoró no Rio Grande do Norte), em
Israel Débora era profetiza, juíza e guerreira (Jz 4.4-10).
Jesus nunca
desprezou as mulheres, mas as tratou com carinho: salvou a adúltera que seria
apedrejada (Jo 8.7); conversou com a Samaritana no poço de Jacó (Jo 4.27) sem
se reocupar com a estranheza dos discípulos; acolheu sem medo a prostituta que
lava seus pés com lágrimas e os enxugava com os cabelos (Lc 7.38), sem se
preocupar com os pensamentos malicosos do fariseu; instruía Maria irmã de
Lázaro (Lc 10.39), sem se importar com a repreensão de Marta; possuía mulheres
que apoiavam seu ministério (Lc 8.2,3).
Paulo, tido
como a voz mais machista da Bíblia, foi auxiliado por Lídia (At 16.15, 40) e
Febe (Rm 16.1,2), termina a Carta aos romanos citando oito mulheres (Rm 16) e
recebe denúncia contra os problemas da igreja de Corinto dos da casa de Cloe
(1Cor 1.11). Será que um livro tão machista possuiria dois livros inspirados
com nomes femininos (Ester e Rute) e tantas referências a mulheres? Com certeza
este é um “pré-conceito” daqueles que agem com maldade no intuito inútil de
desacreditar o Senhor em sua Palavra e daqueles que, como papagaios, repetem
seus desvarios.
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