A Reforma e a Educação
“Ensina a criança no caminho em que deve andar, e mesmo
quando for idoso não se desviará dele”. (Provérbios 22.6)
Inúmeras pessoas acreditam que Provérbio 22.6 fala sobre
salvação e procedem uma hermenêutica estranha cujo resultado seria: a criança
que foi bem instruída terá os subsídios necessários para ser salva. Contudo
essa posição não encontra suporte nas Escrituras, porque nossa eleição se deu
pelo decreto do Senhor antes da fundação do mundo (Efésios 1.4) que o fez pela
graça (Efésios 2.8). Dessa forma, é necessário interpretar esse versículo de
maneira mais adequada, porque há um princípio áureo na hermenêutica reformada
pelo qual a própria Escritura oferece os subsídios necessários para se chegar a
único sentido que seu texto possui.
O professor Rev. Daniel Santos entende que esse texto trata
a respeito da educação e defende que o grande benefício da disciplina infantil
está em preparar os mas jovens para superar os obstáculos impostos pelos ímpios
no caminho.
Dessa maneira, os pais e a igreja devem se esforçar por
treinar, dedicar, ensinar e consagrar a criança a viver adequadamente. Segundo
o Rev. Daniel, o verbo hebraico hanak (ensinar) está ligado a
ideia de um edifício que é construído para ser consagrado ao Senhor. Nossos
filhos devem ser educados na perspectiva da aliança.
O termo hebraico naar (criança) trata e alguém que é
naturalmente estulta e, por isso, precisa ser disciplinada pela vara
(Provérbios 22.15), ou seja, alguém em formação.
A criança, por muito tempo, foi considerada um adulto em
formação e não são poucos aqueles que acreditam que a igreja deve trabalhar com
os infantes para atingir os pais.
Contudo os infantes
não são menos dignos de serem evangelizados, porque o próprio Jesus disse que
delas, também, era o Reino dos céus (Mateus 19.14).
O professor Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa, falando
sobre a importância que a Reforma Protestante do século XVI, cita o historiador
Lorenzo Luzuriaga que ressalta a importância desse movimento para a educação: “a Reforma organiza a educação pública não apenas no grau médio,
ampliando a ação dos colégios humanistas da Renascença, mas também, e, pela
primeira vez, com a escola primária pública”.
A Reforma do século XVI conduziu a igreja cristã corrompida
pela idolatria e a superstição de volta a seu verdadeiro lar: as Sagradas
Escrituras que fornecem a regra de fé e prática de maneira inspirada, inerrante,
plena e suficiente àqueles que foram chamados das trevas para a divina luz.
Martinho Lutero (1483-1546), escrevendo a todos os
Conselhos das cidades alemães em 1524, exorta-os a manterem as escolas cristãos
nos seguintes termos: “em minha
opinião, nenhum pecado exterior pesa tanto sobre o mundo perante Deus e nenhum
merece maior castigo do que justamente o pecado que cometemos contra as
crianças, quando não as educamos”. O Reformador
Alemão entendia que para esse empreendimento obter sucesso era necessário
professores especializados e métodos que acompanhassem as mudanças do mundo.
Argumentava que o progresso de uma cidade não se dava apenas pela arquitetura e
riqueza, mas “muito antes, o melhor e mais rico
progresso para uma cidade é quando possui muitos homens bem instruídos , muitos
cidadão ajuizados, honestos e bem educados”.
Não foi à toa que o sociólogo Max Weber (1864-1920) notou
na obra A Ética Protestante e o Espírito
Capitalista (1905) a gritante diferença entre a mão
de obra especializada nos países influenciados pela seita Romana e aqueles que
aderiram a Reforma. Vemos isso no descontentamento do poeta e escritor realista
português Antero de Quental (1842-1891) quando reclama: “tais temos sido nos últimos três séculos:
sem vida, sem liberdade, sem riqueza, sem ciência, sem invenção, sem costumes”.
Portanto, cabe as nossas
igrejas continuar essa tradição para que a posteridade conheças os desafios e
necessidades que devem ser aprimoradas. A falta de orientação adequada tem formado pessoas frágeis e
incapazes de lidar com seu limites e desapercebida dos meios necessários para
expandir e melhorar suas qualidades.
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