Pai, a
transmissão de um legado
“O tolo
despreza as orientações de seu pai, mas quem compreende bem a repreensão
demonstra sabedoria” (Provérbios 15.5)
A fim de estudar, frequentemente, tenho que ir a São
José do Rio Preto e o ônibus que utilizo para
essa atividade é um ótimo lugar para ver todo tipo de pessoas e ouvir os
mais variados assuntos. Há alguns meses, dois jovem sentaram-se atrás do banco
em que eu estava acomodado e entre uma linha e outra do meu livro foi
impossível não acompanhar os assuntos variados que tratavam, mas um específico
me chamou a atenção. Os rapazes começaram a falar da beleza que havia na figura
paterna. Entendiam que o pai se diferencia da mãe. Para eles, enquanto estas
exercem a tarefa do cuidado, aqueles davam segurança e orientação. Caro leitor,
entenda que não sou daqueles demasiadamente curiosos que ficam farejando a
conversa alheia, mas todos que já usaram esse meio de transporte sabem que para
não escutar as muitas conversa só sendo surdo. Em um mundo em que o planejamento
familiar é rígido, a família tida como falida e os jovem cada vez mais
incentivados a postergar indefinidamente a responsabilidade matrimonial, fiquei
feliz por ouvi-los sonhando com o dia em que seriam pais e por terem um exemplo
a seguir.
Esse fato nascido no acaso traz luz para uma sociedade que
se acostumou a menosprezar a figura do pai. Quem nunca ouviu a respeito da
importância e do tamanho descomunal do amor de mãe? Pode se acrescentar aquela
chula expressão: mãe só se tem uma, pai se acha um em cada esquina. A teóloga
norte americana Nancy Pearcey explica um pouco da origem dessa indiferença. Ela
afirma que antes da Primeira Revolução Industrial entre os séculos XVIII e XIX
as famílias estavam unidas de maneira singular, pois as oficinas ora ficavam
contíguas a casa ou muito próximas a ela, mas, com o advento das indústrias, os
homens foram obrigados a se distanciarem do lar e, até hoje, esse é a única
maneira de se trabalhar válida a nossa sociedade e, por isso, ela fica tão
alarmada com a crescente escassez da oferta nesse modelo. Com o tempo, o homem
foi ficando cada vez mais ausente, carente de ser domado pela família e
aparentemente dispensável na educação das crianças. Podemos comprovar essa
realidade com um teste muito rápido: quantos homens dão aula na Escola Bíblica
Dominical? Quantos homens desejam assumir alguma atividade no União de Crianças
Presbiterianas? Quantos de nós foram alfabetizados por homens? Quem geralmente
vai à reunião de pai e mestres? Percebeu? Não estou dizendo que as mulheres
estão dominando o mundo, mas que elas têm ocupado o vácuo deixado pelos homens.
Esse mundo, que jaz no
maligno, deseja calar a boca dos homens, porque eles têm a função de transmitir
um legado a seus filhos. Certamente, existem situações que fogem a essa regra,
temos Timóteo que vira exemplo de fé em sua mãe e sua avó (2Tm 1.5) ou uma
viúva que tenha que instruir seus filhos na fé, mas essas exceções—bem
sucedidas devido a misericórdia divina— não incentivam a ver a figura masculina
como de somenos. Salomão, em toda a sua sabedoria, sabia que era insensatez
desprezar a correção do pai e prudência ouvir sua admoestação. Davi, pai de
Salomão, transmite admoestações a Salomão e com elas o seu legado em 1 Crônicas
28.9,10:
· Conhecer a Deus: na agenda de Davi para seus filho, a prioridade era que
seu filho tivesse intimidade com Deus. Davi apresenta-lhe sua fé como exemplo
vivo. Pais, saibam que um legado é abre alicerce na rocha da fé;
· Servir a Deus: Davi sabia que não bastava apenas ter intimidade com Deus,
mas era necessário servi-Lo, mas não sem a inteireza de coração e espírito
voluntário, porque o Senhor conhece nosso coração e sabe de nossas reais
disposições. Ninguém pode fazer média a Deus, tampouco iludi-Lo com uma piedade
superficial;
· Tomar cuidado: a grande preocupação que Salomão deveria ter era em
exercer sua vocação de maneira a agradar a Deus;
· Esforçar e fazer: o esforço de Salomão não deveria ser dirigido a outro
senão a Deus.
Salomão foi sábio enquanto permaneceu
fiel a essas admoestações, mas quando deixou perverter seu coração(1Rs 11.5)
abandonando essas orientações tornou-se extremamente insensato. Portanto,
imitemos nossos pais naquilo que imitam a Cristo e nós pais ofereçamos nossa
vida como exemplo e legado àqueles que Deus nos confiou.
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