Não ame a igreja, ame a Cristo!
“Perguntou-lhe terceira vez: Simão, filho de João,
amas-me? Entristeceu-se Pedro por lhe ter perguntado pela terceira vez: Amas-
me? E respondeu-lhe: Senhor, tu sabes todas as coisas; tu sabes que te amo.
Disse-lhe Jesus: Apascenta as minhas ovelhas.” João 21.17.
Paulo afirma que “Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela” (Efésios
5.25). Apesar desse amor ser requerido do ao marido para com sua esposa, pois o
Apóstolo dos Gentios entende o casamento como uma parábola da relação que Jesus
tem com a igreja, precisamos nos questionar: por qual igreja Jesus se entregou?
A pergunta pode parecer estranha em um primeiro
momento, mas devemos nos lembrar de que existem duas igrejas: a visível e a
invisível. Aquela é formada por todos que têm seus nomes inscritos no rol de
membros, esta é aquela formada pelos eleitos, aqueles que Deus escolheu antes
da fundação do mundo (Efésios 1.4).
Essa é a razão pela qual, embora alguém esteja na comunidade, mas não
viva ou em algum momento demonstre que suas atitudes não são santas e
irrepreensíveis. Jesus explica essa realidade quando nos conta a parábola do
joio e do trigo (Mateus 13.24-30), ou seja, em uma mesma congregação convivem
juntos o eleito e aquele que, apesar de se parecer salvo, orar, cantar, exercer
funções como ta,l não tem parte nem sorte nesse ministério. Não foi à toa que o
Salmista afirma: “os ímpios não
sobreviverão ao Julgamento, nem os pecadores na congregação dos justos” (Salmo
1.5) ou Paulo, advertindo os Presbíteros dede Éfeso, entende que “dentre vós mesmos surgirão homens que
torcerão a verdade, com o propósito de conquistar os discípulos para si” (Atos 20.30). Dessa maneira, o Último Apóstolo
mostra que dentro dessa igreja visível para quem ele pregou o Reino tanto em público
quanto de casa em casa (Atos 20.20,25) há salvos e inconversos.
Paulo mostra que serviu ao Senhor e não a
igreja com lágrimas (Atos 20.19). Seria muito perigoso se o Convertido da
Estrada de Damasco servisse e amasse a igreja, porque, não conseguindo enxergar
o comunidade dos eleitos, que só Deus pode ver, pois só Ele pode sondar mente e
coração, aplicaria uma distinção nociva ao Evangelho. Muitos podem argumentar
que o verdadeiro cristão anda em novidade de vida (Romanos 6.4) e que a
conversão deve ser vista em frutos produzidos na alma pela ação do próprio
Espírito Santo. Entretanto existem escolhidos como o ladrão da cruz que, mesmo
sendo chamado desde antes da fundação do mundo, produziu o mais preciso fruto
do Espírito nos últimos momentos da vida, assim como, há pessoas como Simão, o
mágico, que, embora tenham apresentado aparentes frutos de conversão, quando
menos se espera, revelam que não abandonaram, tampouco crucificaram o velho
homem (Atos 8.9-24).
Portanto, partindo dos pressupostos de que todos os eleitos estão na
igreja, mas, na igreja, não existem apenas cristãos verdadeiros e que somente
Deus pode fazer a devida distinção entre eles, não é lícito aos presbíteros
amarem a igreja, mas a Cristo, para que pastoreiem o rebanho com fidelidade à
Palavra e não às pessoas. Da mesma maneira, o crente não pode amar a igreja
mais que a Jesus, pois correm o risco de permanecerem em uma comunidade
idólatra por pérfida simpatia.
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