A FRAGILIDADE DESSA VIDA
Essa semana
nosso pais parou consternado devido à morte trágica do ator Domingos Montagner
(1962-2016). Diante dessa triste realidade, longe das Escrituras a única
maneira de avaliar a vida é como Shakespeare (1564-1616) “A vida é sombra passageira. Um pobre ator que chega, agita a cena
inteira, diz seu papel e sai. E ninguém mais o nota. É um conto narrado por um
idiota, Cheio de sons, de fúria e não dizendo nada” (Macbeth, Ato V, cena
V).
A consternação
das pessoas está em perceber quão frágil é a vida, quão fútil é a maior parte
de nossos projetos e incompreensíveis muitos dos eventos que se amontoam
freneticamente em nossas histórias. Se olharmos para essa tragédia com olhos
mundanos, fatalmente, tomaremos a via do ceticismo. A única maneira de não
sermos esse ator irrelevante, dirigido por um idiota é entendermos que o texto
de nossa existência foi escrito pelo Criador de tudo e tudo está no controle de
sua sábia e imutável vontade.
Calvino
afirma: “por mais que ao homem, com sério
propósito, convenha volver os olhos a considerar as obras de Deus, uma vez que
foi colocado neste esplendíssimo teatro para que fosse seu espectador, todavia,
para que fruísse maior proveito, convém-lhe, sobretudo, inclinar os ouvidos à
Palavra” (Intitutas, Livro I,
Cap. IV, p. 79).
Apenas as
poderosas lentes da Palavra podem corrigir nossa míope perspectiva sobre a
vida. O homem tem a inclinação de vê-la como maior do que realmente é, assim
como, supervaloriza-la. A Bíblia afirma que a vida do homem é como a erva que
pela manhã viceja e floresce, mas à tarde é cortada e seca (Salmo 90. 5,6),
assim como, o resumo dessa biografia é canseira e enfado (Salmo 90.10). Contudo
somos condicionados a acreditar que a vida humana segue um ciclo natural e nada
pode impedir isso. Os deístas acreditavam dessa maneira: o Senhor criou leis e
nem Ele pode
mudá-las, ou seja, Deus pode existir,
mas jamais ser providente. Contudo é certo que dirige, coverne e sustém todoas
as coisas desde a menor até a maior (CFW 5,1).
Mas e quando
as coisas não saem dessa maneira como imaginávamos? Quando esse ciclo natural
de nascer, crescer se reproduzir e morrer é quebrado tragicamente? A
consternação é geral e completa. Por exemplo, a mesma teledramarturgia, em que
atuava Domingos Montagner (“Velho Chico”),
perdeu um ator, Umberto Magnani, aos 75 anos vítima de um acidente vascular
encefálico (AVE) que não teve a mesma proporção, tampouco a mesma carga
sentimental. Domingos, no imaginário popular, ele é aquele que morreu cedo (54
anos) no campo de batalha, a própria imagem do herói. É perfeitamente
compreensível que um idoso morra (mesmo que provoque tristeza), mas um jovem em
circunstâncias trágicas é inadmissível. É perfeitamente admissível que nos entristeçamos,
mas sempre pelo prisma da esperança que temo em Cristo (1Tessalonicenses 4.13).
Quando olhamos
para a realidade da morte pela sabedoria advinda do homem, no máximo iremos, ao
niilismo (nada tem valor e, por isso, tudo é permitido). Entretanto, quando lha
avaliamos pela Palavra vemo-la como a consequência do pecado (nossos primeiros
pais comeram do fruto proibido – Gênesis 2.16,1) e a solução para esse terrível
mal é Jesus Cristo (Romanos 5.12). Obviamente, inúmeras vezes, ficamos
perplexos e sem todas as respostas que gostaríamos, mas vivemos para
glorificarmos a Deus e nos alegramos nEle para sempre e não para entender todas
as coisas. Essa nem é o objetivo da Palavra (Veja Deuteronômio 29.29), antes o
que o homem deve crer acerta de Deus e o que Ele requer de nós (pergunta 5 do
CM)
Dessa maneira,
quando Jesus é o bem mais precioso que temos, viver para nós é Cristo e morrer
é lucro (Filipenses 1.21) e, por isso, não buscamos tesouros nessa vida, mas na
vindoura onde não seremos frustrados pela ação das traças, da ferrugem ou da
astúcia de ladrões (Mateus 6.19-21).
Perceba que
Domingos, homem forte, professor de educação física, bom nadador, estava tentando
percorrer o Rio São Francisco com a atriz Camila Pitanga teria mais condições
que ele de lograr êxito. Ambos poderiam morrer, contudo ela sobreviveu e ele
não, porque o dia de nossa morte não é uma mera consequência da ação de vírus,
parasitas e bactérias ou da ação de adversidades naturais, mas da ação soberana
de Deus. O rei Ezequias estava para morrer, mas o Senhor lhe concede mais
quinze anos de vida (2Reis 20.6).
Domingos e
Camila percorriam o rio estavam cumprindo um trabalho, divertiam-se e tinham
planos, mas apenas um deles saiu com vida daquelas águas. Tiveram tempo para
pensar em suas vidas? Nenhum deles queria morrer, mas viver e viver. Nunca
haverá tempo para pensarmos em nosso Senhor, pois as águas vorazes da vida
podem ceifar, segundo a vontade divina, qualquer pessoa a qualquer tempo.
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