Carnaval,
dias que passam?
Nestes dias de festa que se aproximam muitos se entregam aos
prazeres dessa vida sem pensar nas alegrias eternas do céu. Ímpios e cristãos
superficiais fazem da cultura mundana sua própria expressão de alegria,
entretanto a Palavra nos adverte que podemos aproveitar todo o sabor da
juventude, seguir os desejos do nosso coração e aquilo que atrai o nosso olhar,
mas nos adverte: “de todas essas coisas Deus te pedirá conta” (Ec 11.9).
Seguir os desígnios do coração, certamente, não é coisa boa,
pois ele é enganoso,
mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto (ou donte) (Jr 17.9). Deus não nos criou para sermos
felizes aos moldes humanos, mas para servi-lo e, assim, adquirirmos a
felicidade eterna que não está sujeita às pessoas e circunstâncias. Dean
Ulrich, comentando o livro de Rute, afirma: “Deus não entra em
relacionamento conosco para nos dar tudo o que queremos. Ele nos atrai para si
para que possamos encontrar segurança, contentamento, paz e alegria nele”
(p.38).
Dessa maneira, o apóstolo Paulo nos ensinou que a alegria
cristã ela é contínua, porque está no Senhor (Fl 4.4). Quantas pessoas se
iludem de que viver a vida é se embebedar-se ou entregar-se a uma vida sexual
desregrada, porém as consequências desses atos impensados nessa vida são: a
própria degradação da saúde, a estabilidade emocional e a morte, porque o “o salário do pecado é a
morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus , nosso
Senhor” (Rm 6.23).
No livro O Contrabandista de Deus, no qual se relata
como o Irmão André contrabandeava Bíblias pelos países comunistas, André, antes
de sua conversão estava internado, depois de ser ferido na guerra. Até aquele
momento vivera atormentado pelas coisas que vira nos campos de batalha e desafiara
a morte infinitas vezes. No Hospital, recuperando-se para voltar à Holanda –
sua terra natal – entregava-se ao álcool sempre que podia sair.
Um dia
antes de ter alta, uma freira Francisca chamada de Irmã Patrícia, lhe contou como
se caçavam macacos na floresta: os nativos sabem que um macaco jamais larga
algo que deseja, mesmo que isso signifique perder a liberdade, por isso, pegam
um coco, abrem um pequeno buraco grande o suficiente para passar tão somente a
pata de um macaquinho e jogam uma pedrinha lá dentro. Quando o macaco pega o
coco e percebe que há algo dentro dele, enfia a pata e pega a pedra sem soltá-la.
A freira concluiu de maneira sábia: “aquele macaco nunca largará o que pensa
ser uma coisa preciosa e a coisa mais fácil do mundo é apanhar alguém que age
assim” (p.44).
Quantas pessoas que estão se preparando para o carnaval com
bebidas, drogas e “preservativos”, estão agarradas a esses vícios como se
fossem bens preciosos, todavia são emoções passageiras que terminam em
acidentes, aumento no índice de DSTs (doenças sexualmente transmissíveis),
mortes ou, no mínimo, em uma forte ressaca na quarta-feira. Conta-se que o
bandeirante Fernão Dias Paes Leme morreu agarrado a pedras que julgava como
esmeraldas, mas eram apenas turmalinas (pedra que se parece com a esmeralda,
mas tem pouquíssimo valor). Os prazeres dessa vida parecem preciosos, porque são
saborosos e aparentemente belos, todavia não podem se comparar com as riquezas
que o Senhor tem par oferecer aqueles que o seguem. Assim como o bandeirante,
por não ter sólido conhecimento de geologia se enganou, todos aqueles que não conhecem
a Palavra podem se iludir e morrer agarrados a meras pedrinhas sem valor.
Há duas palavras na Bíblia
para se referir a coroa: diadema (διάδημα),
a coroa do rei; e o stéfanos (Στέφανος),
a coroa que o atleta recebe ao chegar vitorioso. Jesus promete: “Sê fiel até à morte, e
dar-te-ei a coroa (stéfanos) da vida” (Ap 2.10). Paulo afirma: “Todo atleta em tudo se
domina; aqueles, para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, a
incorruptível” (1Cor 9.25). Um atleta faz tantas renúncias pessoais
para atingir objetivos olímpicos e conseguir uma medalha, muito mais nós deveríamos
nos esforçar em nossa vida renunciando o jugo dos vícios e prazeres desse mundo
para perseguirmos aquela coroa eterna.
O stéfanos dos atletas na Antiguidade era uma coroa feita de folhas
de oliveiras, por isso depois de alguns dias estava murcha e sem vida. Talvez
isso causasse frustração ao esportista que se esforçou de forma intensa por
palmas que se dissiparam e uma coroa que será jogada fora, por isso Pedro fala
da imarcescível (que não murcha) coroa da glória (1Pd 5.4). Da mesma maneira,
muitos podem nos final da vida olhar para as conquistas, a luxúria, as
bebedices, as comilanças, os títulos pendurados na parede e os trabalhos
empreendidos e reconhecer como Salomão: “tudo é vaidade e correr atrás do
vento” (Ec 1.17b).
Screwtape, um diabo que tenta ensinar seu sobrinho – Wormwood – a arte de
tentar, da obra Cartas do Inferno de C.S. Lewis, explica que o inferno
não pode criar o prazer, mas tentar o homem a tomar o prazer criado por Deus e usa-lo
em formas ou intensidades que Ele proíbe. Nesses dias muitos estão dando uma
direção pecaminosa a ímpetos de seus corações, porém esses lampejos fugazes dos
desejos pecaminosos do homem só o afastam de Deus (Is 59.2) e levam a um vazio
terrível e desolador, porque não há quem esteja longe de Jesus e encontre
prazer, pois “na tua presença há plenitude de alegria, na tua destra,
delícias perpetuamente” (Sl 16.11b).
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