As lições do
Natal
O Natal é um momento especial. Durante o ano, muitas
pessoas optam pelo isolamento e se entregam à desenfreada correria daqueles que
precisam ganhar a vida. Contudo, nesse período específico, quando as luzes
natalinas iluminam as cidades, as pessoas querem se unir. Há troca de presentes
entre convivas que se preocupam com os interesses e gostos uns dos outros.
Nesses dias festivos, as mesas são abastecidas na proporção das condições,
porém, na maioria das vezes, regadas com alegria e gestos de carinho. Mas nos
cabe a pergunta: o que o natal tem para nos ensinar? Será que as mais ricas
instruções dessa data estão na culinária ou na economia na hora de comprar
presentes e gêneros alimentícios? Com certeza, NÃO! O Natal tem ensinamentos
preciosos para nossa vida inteira.
A primeira lição está no fato de que Deus cumpre sua
Palavra. A promessa do Salvador foi efetivada em Gênesis 3.15 (o
protoevangelho) mostrando que não há estado de miséria que não possa contar com
a graça divina (Romanos 5.20). O Senhor mostrou que sua promessa obedece a
padrões estabelecidos por ele, que faz todas as coisas segundo o conselho da
sua vontade (Efésios 1.11). Eva, por exemplo, se enganou nesse sentido, pois,
ao ver seu primeiro rebento, acredita que alcançou “um varão, o SENHOR” (Gênesis 4.1).
Eva entendeu que o seu descendente, incumbido de
esmagar a cabeça da serpente, seria igual ao SENHOR em substância e natureza,
contudo, quando viu que a única coisa que Caim esmagara era a cabeça de seu
irmão, submeteu-se aos designíos de Deus e acolheu Sete como bênção de Deus
para reiniciar a linhagem que iria chegar até Jesus (Gênesis 4.25).
A
segunda lição é que Deus, apesar de se revelar claramente desde a criação pelas
coisas que foram criadas (revelação geral, Romanos 1.20), e ter estabelecido
meios naturais pelos quais sustém, dirige, dispõe, dirige e governa todas as
coisas das menores até as maiores, o Senhor poder agir de maneira sobrenatural,
ou seja, fazendo a pedra jorrar água (Êxodo 17.6), o sol parar (Josué 10.3),
curando doenças mortais (2Reis 20.7) ou a virgem conceber e dar a luz (Isaías
7.14; Mateus 1.23). Segundo Berkhof, “se Jesus fosse gerado por um homem,
seria uma pessoa humana, incluída na aliança das obras, e, como tal,
partilharia da culpa comum da humanidade. Dessa maneira, temos certeza que
Jesus não tem contaminação alguma pelo pecado.
Deus, por meio dos milagres, mostra-nos que não vivemos
encerrados em padrões naturais, que não estamos sozinhos entregues a nossa
própria sorte, mas há o Senhor que zela pelos seus. Diante dos milagres,
reconhecemos a soberania divina frente a nossa parca sabedoria, mas também,
somos levados a glorificar o nome do Senhor. Cientificamente, era impossível
que a Isabel estéril viesse a dar à luz (Lucas 1.36). Biologicamente, é
impossível que alguém engravide sem relação sexual, mas “não há impossíveis para Deus em suas promessas” (Lucas 1.37).
Portanto, por mais validade que tenha um diagnóstico médico e
por mais que devamos lhe dar atenção, ele não é a palavra final. A Bíblia conta
a história de uma mulher que sofria de hemorragia (doença que lhe deixava
impura e, por isso, à margem do convívio social) há doze anos. Gastara todos os
seus bens com os médicos (como o doente imaginário de Moliére). Para a ciência
do primeiro século, na Palestina, essa mulher estava fadada a uma vida
solitária e de humilhação, mas tudo mudou quando tocou na orla do manto de
Jesus.
Não fique triste quando os recursos humanos fracassarem,
porque, na terceira lição do natal, vemos que não havia hospedagem para José e
Maria nas estalagens de Belém e o Senhor dos Senhores nasceu em uma manjedoura
sob os olhos atentos dos animais. Os grandes músicos não lhe tocaram, tampouco
lhe escreveram loas a sua divina majestade, mas a corte celestial cantava
glória. Os poderosos de sua época não lhe prestigiaram, mas os pastores vieram,
em detrimento da obrigação que tinham para com os rebanhos, vieram a Belém, à
vida do pão para ver o pão da vida. Seu nascimento não foi anunciado nas
praças, tampouco foi registrado nos documentos oficiais, mas na Palavra e nas
estrelas esse fato estava grafado. Dessa maneira, entenda, perto daquilo que o
Senhor tem para a sua vida, aquilo que os homens podem lhe oferecer são
pequenas migalhas.
Ninguém deveria ser humilhado ou desprezado, mas o Senhor
permite que enfrentemos as mais diversas adversidades, a fim de alcançarmos um
coração perseverante (Tiago 1.2,3), por isso, quando esses momentos maus nos
encontrarem, a quarta lição do natal mostra que Jesus, apesar de viver em
estado de glória pelo fato de ser eterna mente gerado do Pai, Jesus não se
importou ao se esvaziar para assumir a forma de um escravo (Filipenses 2.6,7).
Dessa maneira, não há ninguém tão importante que não possa ser humilhado e uma
vez nessa condição imitamos o nosso Salvador que perdoou até mesmo seus
algozes. O Reverendo Vicente Themudo Lessa, ao contar a história do pastor e
médico Wiliam Butler, narrara que passava por uma rua, quando sentiu que alguém
havia escarrado em sua cabeça. Diante dessa situação humilhante poderia
responder como os filhos do mundo falando impropérios, declarando imprecações
ou, como filho de Deus, analisando o escarro. Pois foi assim que procedeu e,
detectando tuberculose, tratou daquele que o humilhara, amontoando brasas vivas
na cabeça (Romanos 12.20) do pobre insensato. Inúmeras vezes, perdemos
oportunidades de testemunharmos o Senhor para angariarmos orgulho próprio.
Jesus nos ensina que todo aquele que se humilhar será exaltado (Filipenses
2.9-11).
Portanto, não deixe o seu natal virar um marco comercial e
uma festa de comilanças e bebedices, mas utilize-o como um testemunho vivo para
a sua vida. Fale dele aos seus parente e amigos e você verá que a suposta magia
do natal não se compara ao poder do evangelho. Que Deus o abençoe! Bom Natal!