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sexta-feira, 29 de julho de 2016

UMA NOVA PERSPECTIVA PARA A DOR



Uma nova perspectiva para a dor



“A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo” (2 Coríntios 12.9)



Esse versículo mostra a resposta do Senhor ao Apóstolo Paulo, que, por três vezes, pedira que lhe fosse tirado o que chama de “espinho na carne”. Percebamos que, apesar da intimidade desse piedoso homem, a resposta ao seu pedido veio depois de duas tentativas em que encontrou apenas o silêncio. Essa mostra de perseverança do Escritor bíblico deve nos incentivar sempre mais e mais a uma persistência inabalável nesse tão precioso meio de graça, a oração. Deus, muitas vezes, demora-se em responder nossas orações para nos educar nessa santa firmeza e, em uma confiança, cada vez mais inquebrantável. Observemos que a resposta não foi satisfatória, pois nem sempre o Senhor responde sim à nossas petições, mas sempre segundo sua vontade soberana.

Desde muito tempo os comentaristas se debruçam sobre os versículos desse capítulo a fim de explicar que seria esse espinho na carne. Paulo nos afirma, em 2 Coríntios 12.7, que ele tinha um propósito: para que “não se exaltasse demais”, isso, porque, com certeza, Paulo é o homem que foi até o terceiro céu (veja 2 Coríntios 12.2), o que era equivalente ao próprio paraíso (veja 2Coríntios 12.4) e lá ouviu “palavras inefáveis, as quais não é lícito ao homem referir”. Esse espinho é um mensageiro de Satanás encarregado de esbofeteá-lo, o que é uma severa penalidade até nos dias de hoje, o que fazia lembrando-o de suas fragilidades.

Essa experiência extraordinária aconteceu há quatorze anos, a contar de 56 d.C. (data em que essa carta foi escrita) isso equivale ao ano 42 d.C., quando, na segunda viagem missionária, anos depois de sua conversão, organizava igrejas na Síria e Cilícia (veja Atos 15.41 e Gálatas 1.21), contudo esse evento tão marcante aconteceu no silêncio de uma vida de intimidade com Deus, tampouco foi relatado, pois Lucas não mencionou nos Atos dos Apóstolos.

Atentemos para o fato de que, como em Jó, Satanás não está agindo fora, mas sob o controle do poder de Deus, porque o Diabo não é um cão raivoso e descontrolado, mas o Diabo subjudado pelo próprio Senhor que quer fazer seus intentos vis, mas, em última instância não consegue fazer fracassar os intentos do Criador de todas as coisas.

A palavra espinho (σκόλοψ skolops) utilizada aqui dá a ideia de algo sutil como o acúleo de uma rosa ou a ponta de um anzol e é usado no sentido figurado como acontece em Números 33.55, Ezequiel 28.24 e Oséias 2.8. Existem muitas sugestões para esse sofrimento alguns dizem que fora um problema de visão por causa de Gálatas 4.14,15, outros dizem que seja malária, lepra, reumatismo ou um problema de fala por causa de 2Coríntios 10.10; 11.6 ou inimigos devido a 2 Coríntios 11.13-15(KISTEMAKER, 2003, p.581). Contudo, ao meu ver, o mais provável é ligar esse sofrimento ao que ele se dispõe a se gloriar em 2 Coríntios 12.10: fraquezas, injúrias, necessidades, perseguições e angústias por amor de Cristo. Essa se parece com a posição de Calvino, quando afirma: “entendo que essa frase significa a soma de todos os diferentes tipos de provações com que Paulo era atormentado” (2008, p. 299).

Talvez, você, caro leitor, diga: eu não sou angustiado, perseguido, necessitado, injuriado e enfraquecido, por causa de Cristo, contudo gostaria de convidá-lo a entender que você observe a somatória dos obstáculos que lhe têm esbofeteado e feito você entender que é miserável e totalmente necessitado de Deus. Esse é o seu espinho na carne. Talvez, semelhante a Paulo, você esteja querendo se livrar dele. Com certeza, nas suas orações você tem pedido que seja liberto desse terrível sofrimento e vergonha, mas Deus nos convida a uma nova perspectiva sobre o sofrimento:

1. Suficiência da graça no sofrimento

“A minha graça te é suficiente”

Conta-se que o filósofo grego Sócrates, passando pelo mercado, disse: “vejam de quantas coisas os atenienses precisam para viver”. Quando estamos fortes muitas vezes preenchemos nossa vida e prazeres com as diversas propostas advindas do mundo que nos circunda. Contudo, no oscilar de nossas forças quando os melhores prazeres da vida nos causam fastio e incômodo apenas a graça pode nos preencher. Na verdade essa sempre foi nossa única e maior carência, mas nos iludíamos com vaidades de saciedade temporária.

Ao lidarmos com nosso “espinho na carne”, somos convidados a repararmos como nos momento mais adversos somos assistidos pela graça vinda do próprio Deus e capaz encher nossas expectativas.

2. O sofrimento como ambiente propício para o desenvolvimento da graça

“porque a força/graça de aperfeiçoa no sofrimento/espinho na carne”

Deus passa a usar o termo força equivalente ao termo graça, assim como, fraqueza para se referir ao “espinho na carne”. Dessa maneira, responde a pergunta que fazemos, quando nas horas mais dolorosas sentimo-nos amparados por essa paz que excede todo entendimento, e nos perguntamos, porque nos momentos calmos da vida não a sentíamos com tanta vivacidade.

Aprendemos que, nos momentos em que o espinho está mais cravado em nossa vida e queremos que seja extraído, esse é o mais propício para essa graça que nos fortalece de desenvolva, se aperfeiçoe, porque aprendemos que o Reino de Deus não é para homens impávidos e autossuficientes, mas pessoas quebradas, que se reconhecem miseráveis e carentes dessa doce e imerecida graça.

3. Aproveitar o sofrimento

“portanto, gloriar-me-ei com maior prazer e maior grau nas minhas fraquezas (espinho na carne) com a intenção de que a força/graça permaneça sobre mim”

Nossa sociedade utilitarista, que visa minimizar a todo custo os sofrimentos e maximizar os prazeres, o homem tem medo de sofrer. Na sociedade das mídias sociais é proibido ficar triste. Entretanto o Senhor manda Paulo se gloriar com maior prazer e em maior grau desse espinho que estava experimentando e tão ávido de que lhe fosse tirado. Precisamos entender que não murmuramos diante das adversidades as tornarão apenas mais duras e longas, apenas quando compreendemos que os sofrimentos procedem do Senhor e são dados na medida exata, que ele, singular conhecedor de nós mesmos, nos dá, porque sabe que podemos suportar. Se encararmos o sofrimento como um doce aprendizado suas agruras serão mais leves e suportáveis.

Deveríamos, como Paulo, ter a mesma disposição em aceitar a resposta divina, mesmo que ela não seja aquela que intencionávamos quando começávamos a orar afirmando “por essa razão tenho prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias pelo nome de Cristo, porque, quando sou fraco, então sou forte” (2 Coríntios 12.10). Assim teremos uma vida mais íntima com Deus livres de ressentimentos que não se harmonizam com o reto ensino das Escrituras.

terça-feira, 19 de julho de 2016

Os três cuidados ao procurar um pastor e uma igreja


Os três cuidados ao procurar um pastor e uma igreja
 "Disse, porém, Josafá: Não há, aqui, ainda algum profeta do Senhor, para que o consultemos? Respondeu o rei de Israel a Josafá; Há um ainda, porque podemos consultar o Senhor; porém eu o aborreço, porque nunca profetiza de mim o que é bom, mas somente o que é mau". (2Crônicas 18.6,7)

Caro leitor, gostaria de propor-lhe uma pergunta no início dessa reflexão: é saudável e seguro buscar um médico pelos mesmos critérios pelos quais eu busco um restaurante?
Obviamente, há semelhanças nessas procuras: procuramos um médico credenciado e especialista, assim como um restaurante higiênico e bem estabelecido. Contudo, você, também, percebeu o quão perigoso é esse critério, porque o melhor restaurante é aquele que melhor satisfaz os meus desejos, enquanto o melhor médico é aquele que da melhor maneira apresenta-me a minha doença e aponta o melhor tratamento possível. Imagine que tivéssemos médicos que não nos apresentem nossa doença, mas dissessem que tudo é normal, ou no mínimo comum, e que não precisamos nos preocupar com nada. Entende isso seria um caso de polícia.
1º cuidado: pastores seguidos por multidões não convertidas
O versículo proposto trabalha com um tema semelhante, pois nós deveríamos, deferente de Acabe, buscar igrejas e pastores (entenda semelhante a profeta) não com os critérios do prazer e do entretenimento (aqueles pelos quais buscamos restaurantes), mas pela responsabilidade de conhecer a verdade e ser liberto (aquele pelo qual buscamos bons médicos).
O melhor pastor e a melhor igreja são aqueles que apresentam o meu pecado pela fiel exposição da Palavra (1Cor 1.21), mostra-me o que equivalência na medicina a doença, ou seja, o pecado, a doença da alma, e leva-me a Jesus, que com o seu sangue derramado cura esse terrível problema, mas também apresenta-me a melhor recuperação, o Espírito Santo, que progressivamente, convence-me do meu pecado (e da constante influencia deste), assim como da justiça e do juízo de Deus (Jo 16.8).
Josafá (rei do Reino de Judá, Reino do Sul, capital Jerusalém) e Acabe (rei do Reino de Israel, Reino do Norte, capital Samaria) estão reunidos para lutar contra Ramote-Gileade (2 Crônicas 18.1-3) e, por causa dessa guerra, ambos estão consultando os profetas para certificarem se do êxito ou do fracasso dessa empreitada. Acabe é um rei que fez aquilo que era mau perante o Senhor (como todos os rei do Norte), mas com um agravante: “mais do que todos os que o antecederam” (1Reis 16.30), pois além de idólatra casou-se com uma mulher pagão, dos sidônios, servidora e adoradora de Baal, que perseguia e matava (sob o aval de Acabe) os profetas do Senhor. Ele busca quatrocentas profetas para auxiliá-los, que estão usando e profetizando o nome do Senhor. Veja, em 2Crônicas 18.10: “Zedequias, filho de Quenaaná, fez para si uns chifres de ferro, e disse: Assim diz o SENHOR: Com estes ferirás os sírios, até que sejam consumidos” (grifo meu). Perceba que Zedequias está usando a clássica expressão usada no Antigo Testamento para introduzir uma profecia (usada inclusive pelos profetas fiéis), assim como utiliza o termo Yavéh, o nome de Deus dado a Moisés.
Contudo Josafá, apesar das boas predições dos Profetas (2Crônicas 18.11), percebeu que eles não eram profetas do Senhor. Não basta usar o nome de Deus para legitimar tudo o que se falou. Existem igrejas midiáticas que, apesar de usarem o nome do Senhor pregam o que não está na Bíblia e segundo os seus corações pecaminosos. O profeta Jeremias, falando sobre os falsos profetas dos seus dias, afirma: “Dizem continuamente aos que desprezam a palavra do Senhor: Paz tereis; e a todo o que anda na teimosia do seu coração, dizem: Não virá mal sobre vós” (Jeremias 23.17) e “não mandei esses profetas, contudo eles foram correndo; não lhes falei a eles, todavia eles profetizaram” (Jeremias 23.21).
A nossa única regra de fé e prática é a Bíblia Sagrada, porque é inspirada (veio do próprio Deus), é inerrante (não contém erros), é plena (não tem nenhuma deficiência) e suficiente (tudo o que precisamos saber para nossa salvação e para termos reta vida com Deus está em suas páginas). Deus não se compromete com o pregador, mas com sua Palavra, por isso, quando o Pregador não fala a Palavra e não a aplica adequadamente ele se transforma em um falso profeta, tão perigoso como um falso médico. Os quatrocentos profetas de Acabe profetizavam sob um espírito de mentira (2Crônicas 18.22).
Perceba que para Acabe acreditava existir apenas um profeta do Senhor, assim como Elias se via como o último profeta do Senhor, mas existiam sete mil “todos os joelhos que não se dobraram a Baal, e toda boca que não o beijou” (1Reis 19.18). Ainda hoje os profetas fiéis estarão sempre em numero inferior aquele dos falsos profetas, porque o Pregador fiel da Palavra não condiciona seu discurso ao que agradará seus ouvintes (assim como o médico não pode agir assim), mas ao Senhor. Veja em 2 Crônicas 18.12, o conselho do mensageiro de Acabe a Micaías, “eis que as palavras dos profetas, a uma voz, são favoráveis ao rei: seja, pois, também a tua palavra como a de um deles, e fala o que é bom” (2Crônicas 18.12), ouve a resposta “Assim como vive, o SENHOR, o que meu Deus me revelar, isso declararei” (2Crônicas 18.13). O mesmo acontece ainda hoje, pois Paulo diz a Timóteo: “chegará o tempo em que não suportarão o santo ensino; ao contrário, sentindo coceira nos ouvidos, reunirão mestres para si” (2 Timôteo 4.3).
Cuidado, quando um pastor prega apenas prosperidade e não fala de pecado e santidade, não convida a mudar de vida. Portanto, cuidado com Profetas que são seguidos por multidões que não vivem a Palavra.
2º cuidado: pastores carismáticos, o livro não se compra pela capa
Acabe não gostava de Micaías por dois motivos: não profetiza coisas boas e todos os dias profetiza-lhe o mal. Obviamente, Acabe não poderia encontrar nenhuma Palavra agradável diante do Senhor, pois era mau, idólatra, casado com uma mulher que perseguia e matava mensageiros de Deus. O ímpio sempre encarará a Bíblia como um livro ingênuo, porque está sempre expondo-lhe o seu pecado e exortando a uma vida nova.
3º cuidado: o que conta não é o seu prazer na igreja, mas o pazer de Deus em sua vida
Assim como hospitais não foram feitos para serem colônias de férias (exceto Campos do Jordão), igrejas não foram feitas para o entretenimento, mas para oferecerem da melhor maneira o que importa: a exposição fiel da Palavra.
Existem muitos métodos para atrair pessoas a igreja. Existem até aqueles que se valem de propostas da propaganda e da vida empresarial. Querem pescar com rede, o que deve ser pescado com anzol. Ao se pescar com rede, fazendo arrastão se pesca muito, mas com pouca qualidade. O objetivo desse método é encher. Enquanto, com anzol visa atrair o peixe, pesca-lo, avalia-lo para depois coloca-lo no cesto.
A igreja não foi feita para o ímpio, mas para o ímpio convertido, que teve seu coração aberto pelo Espíriro santo e, por isso, busca a Deus. Josafá, ouvindo a constatação que Acabe fizera de Micaías exortou-o a não falar daquela maneira. A busca pela Palavra fiel será pequena, mas aqueles que a buscarem terão suas vidas transformadas.
Jesus, em João 6, depois de ter multiplicado os pães, é seguido por uma grande multidão, que querem apenas mais, pão, quando ele mostra que Ele é o pão da vida, maior que Moisés, porque quem comia dele, ou seja, o recebi como único e suficiente salvador não seria mais fome nem sede. Muitos se escandalizaram e deixaram de o seguir (João 6.66). O Mestre não mudou seu procedimento, mas olhou para os doze e disse: “quereis, também, vós outros retirar-vos?” (João 6.67), mas Pedro, como todos os leitos, respondeu: “Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna!” (João 6.68).

Portanto, cuidado se você busca uma igreja pela multidão que a procura, pela música que ela oferece, pelo carisma do pregador ou pelos supostos milagres que lá se realizam (vá a Apocalipse 13 e veja que Satanás pode fazer tudo isso e enganar aqueles que tais coisas procuram). Busque a Jesus somente e isso basta.

terça-feira, 12 de julho de 2016

O inútil esforço de justiça




O inútil esforço de justiça

“Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo” (Romanos 5.1)

Um grande problema que existe entre o homem e a Bíblia está na maneira como nos vemos e como a ela, a revelação específica de Deus, nos vê. Iludimo-nos em acreditar que somos, de alguma maneira, bons e justos e que, de alguma forma, somos úteis para Deus. Enganamo-nos com o pensamento do filosofo francês Jean Jacque Rousseau (1712-1778) de que o homem nasceu bom, mas se tornou mau em contato com o mundo ai seu redor. É mera ingenuidade crer que o homem é mal em uma circunstância ou por algum tempo. Davi afirma no Salmo 51.5: eu nasci na iniquidade, e em pecado me concebeu minha mãe”. Dessa maneira, o pecado não é um deslize imposto pela sociedade, tampouco uma tendência que adotamos quando crescemos. Assim como pequenas serpentes possuem tanto ou maior veneno que as adultas, até as crianças mais doces nascem mergulhadas no pecado que só poderão vencer pela graça sobrenatural de Jesus Cristo. Não há idade em que somos menos susceptíveis às investidas do mundo, pois, em cada idade, temos desafios diferentes, tampouco pecados fáceis.

Uma história que ilustra essa realidade é O Retrato de Dorian Gray do autor inglês Oscar Wilde (1854-1900). Nessa história, Dorian é um rapaz muito bonito que tem seu quadro pintado, mas, quando vê sua beleza no quadro pede para que o quadro envelheça, mas ele continue jovem. Entrega-se a uma vida de devassidão. Como pedido, o desenho registra toda a sua deterioração, por isso, o trancafia em um dos quartos de sua casa. Parte a fim de morar no campo e buscar uma vida de abnegação para ver se pelas boas obras poderia modificar a sinistra imagem de sua ama que o quadro lhe gritava. Depois de tempos mergulhado em conduta exemplar. Quando volta a sua casa e entra no quarto constata uma verdade difícil nenhuma boa disposição ou ação humana pode mudar o coração onde só Deus pode operar.

1.      Justificados

Existe um momento em que, como Dorian, constatamos o deplorável estado de nossa alma. Percebemo-nos injustos. Nessas horas, há somente duas atitudes possíveis: buscar nossa própria justiça ou nos entregarmos à justiça de outra pessoa. Segundo a Confissão de Westminster (XI.1) “a justificação não consiste em Deus infundir neles a justiça, mas em perdoar os seus pecados e em considerar e aceitar as suas pessoas como justas”. Portanto, podemos nos fiar em desculpas esfarrapadas, nas quais colocamos a culpa de nossos pecados nas circunstâncias ou na nossa pouca experiência? Obviamente, não.

O pecado é como uma conta, que só pode ser paga. Essa conta chamada pecado foi contraída por nossos primeiros pais no Éden quando comeram do fruto do conhecimento do bem e do mal. Paulo afirma que o salário do pecado é a morte (Romanos 6.23). Dessa maneira, não temos condições de pagar essa dívida. Seria como se devêssemos a um rei o equivalente a 164.000 dias de trabalhos (contando sábados, domingos e feriados). Jamais pagaríamos sem morrer. Contudo Jesus, o único que poderia pagar esse débito em nosso lugar, porque é Deus e homem ao mesmo tempo, “Deus fez daquele que não tinha pecado algum a oferta por todos os nossos pecados, a fim de que nele nos tornássemos justiça de Deus” (2Cor 5.21).

Deus é justo e misericordioso. Não poderia nos perdoar sem corromper sua justiça, então, porque “amou o mundo de tal maneira deu seu Filho ao mundo para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3.16). A ira de Deus que estava destinada a nós caiu sobre Jesus, por isso, o Pai se agradou em moer o próprio filho para que a sua posteridade tenha seus dias prolongados (Isaías 53.10).

O homem não é justo, não pode existir nenhum justo sequer (Romanos 3.10), mas ele é justificado nos méritos de Jesus Cristo e no seu sangue derramado na cruz do calvário. Esse é o aspecto negativo da justificação: Deus não leva em consideração os nossos pecados.

2.      Mediante a fé

A fé é “o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se veem” (Hebreus 11.1), assim como um dom de Deus aos eleitos (Efésios 2.8). A fé em Jesus Cristo é o único meio de alcançar a essa justiça, o fim dos débitos contraídos no Éden por nossos primeiros pais. Segundo a Confissão de Westminster “Esta fé é de diferentes graus, é fraca ou forte; pode ser muitas vezes e de muitos modos assaltada e enfraquecida, mas sempre alcança a vitória, atingindo em muitos a uma perfeita segurança em Cristo, que é não somente o autor, como também o consumador da fé” (XIV.3). Paulo mostra em Romanos 4 que Abraão creu e isso foi lhe imputado (foi declarado) como justiça (Romanos 4.3)

3.      Temos paz com Deus

Quem saboreou o doce gosto da paz? A paz que conhecemos é sempre um sonho que dura enquanto as pessoas recarregam suas armas. Um bem perecível a tantas oscilações internas e externas. O missionário indiano Sundar Singh, ainda no hinduísmo pagão de sua juventude, buscava esse bem tão raro. Procurou no Alcorão (livro sagrados dos Mulçumanos) e nos Vedas (livro sagrados do Hinduísmo), a qual encontrou apenas em Jesus Cristo como declarou: “caí ao seus pés e senti essa paz maravilhosa que não havia encontrado em outro lugar. Era essa a paz que eu buscava. Aquilo era o próprio céu. Quando me levantei, a visão tinha desaparecido, mas a paz e a alegria permaneceram comigo ara sempre”.

Esse é o aspecto positivo da justificação: ter paz com Deus. Nós éramos filhos da desobediência (Efésios 2.2), andávamos segundo os desejos de nossa carne (Efésios 2.3), “mas Deus, sendo rico em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossos delitos, nos vivificou juntamente com Cristo pela graça sois salvos” (Efésios 2.4,5).

Estávamos correndo quais bandidos correndo do polícia. Um dia vimos que não adiantava mais correr por isso nos entregamos e a arma que nos ameaçava foi abaixada. Não adiante corrermos do Senhor, se continuarmos nessa trajetória seremos surpreendidos por um juiz a quem não se pode enganar, nem subornar, mas se nos rendermos ao seu amor infinito seremos novas criaturas imbuídas da paz inabalável, a paz com Deus. O contrário seria um inútil esforço de justiça.