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sexta-feira, 26 de junho de 2015

A Boa Nova pelas Mulheres


A Boa Nova pelas Mulheres
“O Senhor deu a palavra, grande é a falange das mensageiras das boas-novas”. (Sl 68.11)
Neste Salmo Davi fala de vitória sobre os inimigos. Não sabemos, precisamente, quem eles o são de fato, pois o salmista não os especificou, mas poderiam ser os amonitas, que, formando uma coalizão com diversos estados arameus por mil talentos de prata (1Cr 19.6), alugaram trinta e dois mil carros (1Cr 19.7), contudo, apesar dessa opulenta força hostil, foram dispersos.
Entretanto, o mais significativo é o que Davi quis evidenciar: suas vitórias não se deram por causa de seus estratagemas ou a sua perícia na batalha, mas pelo fato do Senhor ter dado a sua Palavra ou uma ordem (como traduz a Bíblia de Jerusalém). Davi reconhece que suas atitudes estão a serviço da vontade do Adonai, o Senhor soberano e poderoso.
Todo o preparo dos inimigos não pode evitar que o Senhor tenha êxito em seus intentos, pois quem pode impedir o agir de Deus? (Isaías 43.13). A vitória de Gideão e seus trezentos homens sobre os midianitas que com o povo de Amaleque e todos os povos do oriente eram como gafanhotos em multidão (Jz 6.12) é um perfeito exemplo bíblico de que não há situação desvantajosa para Deus.
1. Uma mensagem de submissão e esperança:
Calvino opta traduzir Salmo 68.11 como: “O Senhor dará a palavra às mulheres que anunciarão o grande exército”. A vontade de Deus para que a batalha seja vitoriosa se reflete no fato das mulheres anunciarem as boas novas dessa vitória. De fato, no Antigo Testamento, as filhas de Israel cantavam as glórias das batalhas. Contudo, o salmista não está dizendo que elas estavam no combate e foram enviadas para anunciar o bom termo das hostilidades, mas, quando as trombetas de prata batida tocavam a rebate para a peleja, foram essas esposas que animaram seus maridos, oraram pedindo ao Senhor misericórdia, esperaram com o coração perseverante em uma guerra velada vivida no arraial dos filhos de Deus, porém, quando viram a volta dos seus queridos (maridos e filhos) como o sorriso livrador de Deus, entoaram cânticos como Miriã (Êx 15.20) ou as mulheres que se alegravam com as vitorias de Davi: “Saul feriu os seus milhares, porém Davi, os seus dez milhares” (1Sm 18.7).
2. Uma mensagem de vitória plena
Fernando Pessoa (ele mesmo), no poema Mar Português, usa um hipérbole linda mostrando quando o Atlântico ficou mais salgado pelas lágrimas de mães, filhos, noivas que olharam ao leu esperando as caravelas alvissareiras. Igualmente, Davi nos mostra, nesse versículo, que as mulheres, apesar de guerreiras esperançosas não anunciam a sua vitória, mas proclamam que o grande exército vem vitorioso. Não foi à toa que Madalena é quem primeiro verá o Senhor ressurreto. Não para testemunhar (haja vista que o testemunho de uma mulher naqueles dias não era válido), mas para proclamar como mensageira bendita: “vi o Senhor”.
Cabe à mulher sábia como mãe ou esposa, no temor do Senhor, edificar todos os dias a sua casa consolando com a impactante mensagem do Evangelho no qual se põe a viver e é testemunha viva. Se as mulheres do Salmo 68 estão anunciando que Deus venceu por Davi os exércitos Amonitas que envergonharam os filhos de Israel que se dirigiam a Rabá em missão de paz (1Sm 10.1-4), muito maior é o exército do Cordeiro que não carrega em seus braços objetos de valor humano perecíveis à ação da traça, ferrugem ou malícia de ladrões, mas traz a própria igreja como noiva resgatada da morte.
3. Uma mensagem que não será compreendida por todos:
Esse triunfo de Cristo é doce perfume aos Cristãos fieis, todavia odor maligno àqueles que se recusaram em proceder corretamente. Dessa forma, a mensagem das mulheres não será ouvida por todos, tampouco se admirada pela geração que sente coceira nos seus ouvidos por ouvir a sã doutrina. Sempre que se proclamar nesses dias de “já e ainda não” a vitória de Jesus haverá perseguição, porquetodos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos” (2Tm 3.12).

Portanto, apesar dos esforços empreendidos nesses dias difíceis, todo empenho será recompensado por Jesus quando disser: “Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor” (Mt 25.21).

quarta-feira, 24 de junho de 2015

Caim em Node, uma contradição?


Caim em Node, uma contradição?
Na noite do dia 28 de julho de 1971, em São Paulo, no programa Pinga Fogo do Canal 4, o Pastor Manoel de Mello e Silva (organizador da Igreja O Brasil para Cristo) (1929-1990) fez a seguinte pergunta ao médium espírita Francisco Cândido Xavier (1910-2002): Deus criou Adão e Eva, todos nós concordamos, creio que você também, a maneira como foi criado e o mundo cristão inteiro. Muito bem. Mas logo após a criação de Adão e Eva, as duas primeiras criaturas humanas, surgiram as duas outras criaturas humanas; são os filhos de Adão e Eva: Abel e Caím. Você poderia, dentro da sistemática espiritualista, dentro da doutrina da reencarnação, dar uma explicação aceitável de onde vieram, qual a procedência de Caim e Abel, os dois primeiros filhos de Adão, isto é, pela ordem, a terceira e quarta pessoas humanas existentes?” (sic).
Dentro da resposta, Chico Xavier cita o que para ele seria uma contradição bíblica em Gênesis 4.16: “nos versículos 16 e 17, nós encontramos uma informação muito curiosa: a informação de que Caim, em se retirando da face de Deus, se dirigiu para uma cidade ou uma terra chamada Nod, onde ele desposou aquela que foi sua esposa e teve com ela uma grande descendência. Então estamos perguntando se determinados textos do Antigo Testamento não seriam códigos que nós precisamos estudar com mais segurança para não cairmos, por exemplo, em contradição do ponto de vista literal”.
Diante desse questionamento, um cristão com pouca experiência Bíblica pode comprar a inicial tentação de satanás, na qual vendeu a Eva a falsa convicção de que a Palavra de Deus possui erros e, por isso precisa ser desprezada ou levada em consideração com ressalvas.
Segundo Chico Xavier, até a morte de Abel, eram apenas Adão, Eva e seus dois filhos, Caim e Abel, contudo o líder espírita, que indicou nessa entrevista pouca intimidade com o Antigo Testamento (acreditando, erroneamente, que lá nada se fala de Jesus), ao ler Gênesis 4.14b Caim diz: “[...]serei fugitivo e errante pela terra; quem comigo se encontrar me matará”, deveria ter percebido que haviam pessoas capazes e ávidas por vingar o sangue de Abel, de tal maneira que Deus teve que colocar um sinal que funcionou como salvo conduto que garantiu a integridade de Caim. Precisamos entender que o fato de Abel e Caim levarem ofertas a Deus mostra que já não são crianças e essa ideia se reforça quando observamos que Adão já tinha 120 anos quando lhe nasceu Set para substituir Abel (Gn 4.25).
Segundo Kidner (1979, p.72), dos versículos 14 e 17 sugerem que o primogênito de já era casado, pois em Gênesis 5.4 Moisés afirma Adão viveu 930 anos e nesse período teve filhos e filhas, todavia a genealogia do capítulo 5 começa com Set e não cita o nome das mulheres, entretanto, como vimos no versículo 14, é evidente que tivesse irmãos (descendentes iguais a ele de Abel) e, por isso, ou Caim se casou com uma irmã ou uma sobrinha.
Segundo Harrison (1983, p.172), Levítico 18.9 tende a evitar que relações de irmãos com irmãos ou meia irmãs (legítimas ou não) tal como foi o caso de Abraão (Gn 20.12). Dessa maneira, até a lei mosaica o casamento entre irmãos não era considerado pecado e pelo fato de Jesus não ter desconsiderado essa regra continua em vigor.
Alguém pode questionar: “- Mas o texto fala que Caim conheceu em Node sua esposa”. O verbo hebraico yada (יָדַע) é usado para intimidade sexual (Gn 4.1, 17; Nm 31.17; Jz 11.39; 1Sm 1.19; 1Rs 1.4 na Almeida Revista e Corrigida). Dessa maneira, Gênesis 4.17 não está afirmando que Caim conheceu sua esposa em Node, mas que teve intimidade sexual com ela o que lhe gerou seu primogênito Enoque.
Segundo McKenzie (1983, p.655), a terra de Node, como afirma Gênesis 4.16, fica a oriente (oeste) do Éden, todavia não é uma cidade literal, pois a Palavra Node significa peregrinação ou fuga. Contudo, acreditamos que esse lugar era conhecido na época de Moisés, contudo desconhecido e uma cidade nessa época, mas não na época de Caim ou que havia um pequeno aglomerado de pessoas, seus parentes, com os quais conviveu. Optamos pela primeira posição Node é uma localização geográfica conhecida na época de Moisés onde ele constrói uma cidade para a qual dá o nome de seu filho Enoque (começo).

Portanto, quando alguém lhe disser que a Bíblia deve ser estudada como uma metáfora, porque Caim encontra pessoas na terra de Node, você poderá defender a literalidade da Palavra e consequentemente sua inspiração, inerrância e infalibilidade.

terça-feira, 23 de junho de 2015

Olá Comediante,


Veja neste link o texto em que me baseio para extrair minhas argumentações:
http://naofo.de/57pk


Olá Comediante,

Aqui quem fala é Jesus, talvez você não me conheça, porque faz um tempo que você ironizou meu nascimento fazendo de minha mãe uma adúltera. Acredito que se você lesse o livro que recomendou seria profundamente e passaria a citar fontes primárias e não a usar citações de interpretações distorcidas e facciosas.
Tenho alguns senões sobre sua fala:
1. Sobre o dinheiro que se coleta em meu nome, isso tem um nome é dízimo. Essa foi uma prática usual no Antigo Testamento e servia não para Deus, mas para manter a obra do templo, pois os Levitas (tribo de Israel que trabalhava no templo) não tiveram herança em Israel para se dedicarem exclusivamente as suas funções (Números 18.21-24). As igrejas possuem encargos como impostos, materiais didáticos, salário de funcionários, por isso, elas precisam de renda de renda para se manter, Apesar de existirem igrejas infiéis, as quais não me servem e praticam a simonia, nem todas são assim, saiba que aquelas se perderão nessa prática tal como Simão, o mágico de Atos 8 (ops, desculpe, você não sabe do que estou falando). Algumas igrejas não adotam a modalidade do dízimo, contudo não é condenável aquelas que o utilizam, pois jamais condenei tal práticas, mas o fazer por mero legalismo (veja lá em Mateus 23.23);
2. A Bíblia biografia não é minha biografia, porque, especialmente os evangelhos, não têm a preocupação cronológica, mas de expor a teologia em minha vida, por isso, os Evangelhos são um memorial teológico. A propósito pegou muito mal você dizer que eu só apareço na “segunda temporada” (parece que você acordou de manhã com um ideia fixa de falar mal de alguns cristãos que representam o todo, mas quem realmente leu a Bíblia percebeu que você mesmo não sabe nada dela). Eu estava com o pai e o Espírito na criação (João 1.3); sou a promessa em Gênesis 3.15; sou a pedra do sonho de Nabucodonosor (Daniel 2.34); sou o Servo sofredor em Isaías 53 e expus a meu respeito aos dois discípulos que iam para Emaús utilizando de Moisés aos Profetas
3. Jesus de esquerda por causa do jovem rico. De fato existia um grupo na minha época que julgava que o mal de Israel era Roma e ficavam instigando o povo a fazer uma revolução armada, mas quando Pedro decidiu tirar a espada e começar a botar para quebrar ordenei que guardasse a espada (João 18.11). Preguei a corruptos (publicanos) como Mateus e Zaqueu e eles se converteram. Aliás o problema daquele jovem rico não era ter dinheiro, mas era fazer dele a única razão para viver. Lembre-se de que não mandei Zaqueu dar todo seu dinheiro aos pobres, mas fiquei feliz quando ele disse que ira dar metade de seus bens aos pobres e restituir quatro vezes a quem defraudara (Lucas 19.8). Sabe sou Deus ciumento não aceito partilhar ninguém com nada senão o meu amor (Mateus 6.24). Elogiei em uma parábola pessoas que tomaram dinheiro, investiram e renderam mais ao seu patrão (Mateus 25.16-30), também fui favorável a se pagar impostos ao Estado (mesmo que fossem abusivos) (Mateus 17.24-27; 22.17-21). Se depois de tudo isso, você continua me rotulando como de “esquerda” (um termo bastante vago em nossos dias) acredito que você também não leu os autores que você citou.
4. Distribui peixe e pão para depois ensinar a pescar. Mas nunca me promovi por esse feito, quando quiseram me coroar pelo fato de ser um fazedor de pão me recusei e mostrei que eu sou  pão do céu.
5. Olhar as imagens? Cara fala sério, de onde você tirou essa?
6. Falou para os ladrões que iriam para o paraíso. Não falei que os dois iam para o paraíso, mas apenas aquele que se reconheceu pecador (Lucas 23.39-43);
7. Jesus voltou algumas vezes. Com certeza, orientei meus discípulos a servir como eu servi (João 13.14) e que algumas pessoas têm ficado aquém desse objetivo, mas tudo tem sido feito por muitos cristãos comprometidos, que não ficam publicando seu feitos (assim como eu também ensinei, Mateus 6.2). Mas eu não retornei a fim de julgar vivos e mortos, segundo meu evangelho (Romanos 2.16). Cara, quando você ler a Bíblia que você a tem em alta estima você verá que os que os verdadeiros cristãos vão se assentar com Cristo para julgar até os anjos (2 Coríntios 6.1-3).
Forte abraço e melhora seu texto da próxima vez.


sexta-feira, 19 de junho de 2015

Fanatismo, fundamentalismo e Preconceito, conceituando termos


Fanatismo, Fundamentalismo e Preconceito, conceituando termos
É comum ouvirmos pessoas, como o Dep. Jean Wyllys (ex-BBB), referindo-se a cristãos conservadores como fundamentalistas, com o objetivo de compará-los (nas entrelinhas) aos fundamentalistas islâmicos. O ideal desses liberais é criar no imaginário popular a mesma concepção distorcida que possuem dos cristãos, em especial os protestantes. Contudo, há alguém que não seja fundamentalista?
Segundo Karnal (Palalestra CPFL, 2013), o termo fundamentalismo foi cunhado pelo Pastor Batista Curtis Lee Laws (1868-1946) em 1920 no jornal Watchman-Examiner (O Atalaia Examinador, que n mesmo ano passou a se chamar O Fundamentalista), no qual era editor, contudo o termo é usado desde o século XIX.
Precisamos entender que o fundamentalismo cristão nasceu na defesa da ortodoxia frente ao avanço da teologia liberal (que desacreditava o sobrenatural), a alta crítica (que desacreditava a inerrância das Escrituras) e o darwinismo (desacreditava a criação). Quando propunham, como nossa presidente, que a Bíblia fosse lida como um mito, pastores e teólogos sérios se manifestaram contra essas perniciosas tendências apresentando os fundamentos da fé.
Segundo Boff (2002, p.12), em 1915, professores de teologia da Universidade de Princeton publicaram uma pequena coleção de doze livros chamados: Fundamentals, a testemony of the truth onde defendiam: 1.) a inerrância das Escrituras; 2.) o nascimento virginal de Cristo; 3.) A expiação vicária; 4.) A ressurreição corpórea e 5.) A historicidade dos milagres, conforme Ferreira (http://solascriptura-tt.org/SeparacaoEclesiastFundament/CristianismoFundamentalista-Laerton.htm).
Boff (2002, p.25) conceitua fundamentalismo como: “a atitude daquele que confere caráter absoluto ao seu ponto de vista”. Esse conceito é proveniente da visão liberal e relativista de Boff, para quem “todo ponto de vista é a visão de um ponto” (1997, p.4), ou seja, na visão dele o Fundamentalista é alguém que está apegado aos seus conceitos, porque não se coloca no lugar do outro.
Para o ex-religioso católico, os conceitos mais preciosos são mutáveis a partir das circunstâncias, todavia esse é um conceito do sofista Protágoras (480-410 a.C.), para quem “o homem é a medida de todas as coisas”.
Entretanto Jesus, ao concluir o sermão do monte afirma: todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as pratica será comparado a um homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha” (Mt 7.24). O Senhor continua essa ilustração, que encerra o sermão do monte afirmando que “todo aquele que ouve estas minhas palavras e não as pratica será comparado a um homem insensato que edificou a sua casa sobre a areia” (Mt 7.26). Dessa maneira, Cristo não vê como banal alguém não ter fundamento algum, mas que ele só será reconhecido como importante na realidade escatológica (Is 28.16,17; Ez 13.10-13; cf. Pv 12.7), segundo Carson (2010, p.235).
Segundo Jesus, é possível que alguém viva a vida toda sem se importar com onde sua vida está alicerçada. Pessoas que não conhecem a Palavra (em especial o sermão do monte) ou que conhecem, mas não colocam em prática são aqueles que possuem um fundamento extremamente frágil e que fatalmente ruirá. A areia com certeza é muito mais flexível e fácil de trabalhar que a rocha, mas apenas esta é resistível às calamidades vindouras. Portanto, todos são fundamentalistas, porque todos alicerçam seu conhecimento e sua vida em um terreno que julga seguro.
A ideia exposta por Boff sobre fundamentalismo cabe melhor na visão hebraica de parvo (פֶּתִי-peti) pode ser exemplificada por Provérbios 7.7 onde um jovem simples (cabeça aberta, sem padrões fixos, carente de juízo), por isso ia e vinha pela esquina da mulher estranha (Pv 7.8), se deixa beijar (Pv 7.13) e seduzir (Pv 7.21) por uma mulher casada (Pv 7.19). O simples é aquele que tem padrões flexíveis, cujos princípios se adaptam a cada ocasião e são suscetíveis à cultura e ao imaginar dos homens. Não possuem conceitos, mas dúzias de conceitos prévios que, por nunca se firmarem, nunca são testados. Contudo ter um conceito errado também não funciona. Apenas a Palavra pode tais pessoas sábias (Sl 19.7).
Frequentemente, a ortodoxia cristã é comparada aos sacerdotes e escribas que procuram meios de matar Jesus (Mc 11.8), contudo os escribas e fariseus foram condenados não pelo apego a Palavra, mas por estarem presos em suas tradições. Quando Jesus é questionado sobre a legalidade de se colher espigas no sábado, o Senhor não responde segundo as tradições judaicas, mas pela fiel e literal interpretação da Palavra, citando 1Samuel 21.5,6; Levítico 24.8 e Números 28.9,10.
Alguns podem questionar os fundamentalistas cristãos: de onde vem a certeza sobre o potencial de resistência dos seus fundamentos? A resposta é simples olhamos a Palavra (Antigo e Novo Testamentos) vemos se temos colocado em prática a Palavra de Jesus.
Vivemos dia maus, em que um rapaz de 21 anos entra em uma igreja, participa de um estudo bíblico por uma hora e depois atira em nove pessoas por motivos raciais; pessoas atiram pedras em um grupo de pessoas adeptas do candomblé e ferem uma garota e 11 anos. Segundo o dicionário Caldas Aulete, fanatismo é “um sentimento de adoração cega ou obstinada por alguém ou algo de cunho religioso ou político”. Contudo nossos conceitos de fé e moral, quando provenientes da Palavra, formam um coração cheio de misericórdia e bondade. Nossa adesão a Jesus não foi por considerarmos ou desconsiderar, porque não fomos a Cristo, mas fomos levados a ele (Jo 6.44).
Portanto, podemos dizer aqueles que nos tentam distorcer e confundir as pessoas dúbias: a menos que vocês provem para mim pela Escritura e pela razão que eu estou enganado, eu não posso e não me retratarei. Minha consciência é cativa à Palavra de Deus. Ir contra a minha consciência não é correto nem seguro. Aqui permaneço eu. Não há nada mais que eu possa fazer. Que Deus me ajude. Amém” (Lutero).


sexta-feira, 12 de junho de 2015

O verdadeiro combate


O verdadeiro combate
Nesse mês de junho, uma perfumaria famosa, lançou um comercial, no mínimo polêmico, pois mostrava dois homossexuais e duas lésbicas se presenteando com perfumes de determinada marca no dia dos namorados. Muitos evangélicos fizeram um boicote aos produtos dessa empresa. Contudo nossa luta não é para inibir a liberdade de expressão, tampouco combater ou humilhar pessoas com essa opção sexual, mas denunciar sua mensagem, porque todo ataque ao casamento bíblico atinge o modelo criado por Deus. A mensagem desse comercial visa distorcer a formatação familiar criada pelo Senhor. Portanto, nossa luta é para a maior glória de Deus.
A Palavra diz claramente: Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou (Gn 1.27). Dessa maneira, “a raça humana, em cada uma de suas partes e seu conjunto, é organicamente criada à imagem de Deus e semelhança de Deus” (BAVINCK, 1977, p.200) e nessa condição, como afirma Hoekema (1999, p.83), deveria funcionar como seu distinto embaixador. Assim como o embaixador almeja viabilizar os intentos de seu soberano, o homem, por carregar a imagem e semelhança de Deus deve lutar para que a vontade de seu Senhor seja feita aqui na terra como no céu. Entretanto somos propensos a rebeldia e precisamos que o Espírito Santo “tire de nós e dos demais toda a cegueira, fraqueza, indisposição e perversidade do coração, e pela sua graça nos faça capazes e prontos para conhecer, fazer e submeter-nos à sua vontade em tudo, com humildade, alegria, fidelidade, diligência, zelo, sinceridade e constância, como os anjos fazem no céu” (Pergunta 192 do Catecismo Maior de Westminster).
Depois do pecado tudo o que foi criado teve a direção alterada, ou seja, ao invés de render glória a Deus, passa a viver em rebeldia. A desobediência de nossos primeiros pais no Éden promoveu uma produção indiscriminada de ervas daninhas (Gn 3.18), de tal maneira que a própria natureza se junta ao homem nos gemidos e nas dores até agora esperando o dia em que será redimida (Rm 8.22), assim como colocou limites na vida do homem.
Diante do texto de Gênesis 1.27, compreendemos que a família é formada por um homem e por uma mulher, ou seja, o casamento deve ser heterossexual e monogâmico.
O ato de Deus retirar apenas uma costela para formar apenas uma mulher para Adão enfatiza o caráter monogâmico dessa relação (Gn 2.22). Quando Jesus é questionado sobre o divórcio, fundamenta o casamento na seguinte máxima das Escrituras: deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne (Gn 2.24). A queda trouxe mudanças nessa formatação, pois, com Lameque, se institui a poligamia tomando Ada e Zilá (Gn 4.19).
Segundo Harrison (1983, p.176), a homossexualidade era conhecida e praticada no Oriente próximo, especialmente, na relação cúltica dos Mesopotâmios a deusa Isnar (deusa do amor e da guerra). Em Sodoma os homens da cidade recusaram as filhas virgens de Ló para se deitarem com os anjos (Gn 19.4,5). Judas (7) afirma: Sodoma, e Gomorra, e as cidades circunvizinhas, que, havendo-se entregado à prostituição como aqueles, seguindo após outra carne, são postas para exemplo do fogo eterno, sofrendo punição. Vemos, a contra gosto daqueles que desejam uma religião aberta e infiel, toda prostituição, em especial o homossexualismo, atrai um fogo eterno.
A sodomia é condenada em Levítico 18.22 tendo como castigo a morte (Lv 20.13) e o Novo Testamento continua a condenar essa prática (Rm 1.27; 1Cor 6.9; 1Tm 1.10). Todavia, esses posicionamentos não podem ser entendidos como homofóbicos, mas que nos orientamos pela Palavra, que temos como única regra de fé e prática.
Não entendemos que o pecado seja um fator característico de um grupo de pessoas, mas uma realidade presente em todas as pessoas, pois o Apóstolo dos Gentios afirma: todos pecaram e carecem da glória de Deus (Rm 3.23), por isso, Calvino, comentando 1 Coríntios 6.11, afirma: “a natureza humana universalmente contém a semente de todos os males senão que alguns vícios prevalecem e se revelam mais em algumas pessoas do que em outras”.
Todos precisam lutar contra seu pecado e o homossexual, como qualquer outro pecador, uma vez lavado, santificados e justificados deixam suas antigas vidas mesmo que ainda nutram desejos impuros e precisem resistir até o sangue (Hb 12.4).

Boicotar uma marca é, sem dúvida nenhuma, um protesto pacífico, todavia nossa luta não pode ficar apenas em atitudes como essas, precisamos exalar o bom perfume de Cristo (2Cor 2.14) com nossa fidelidade, mesmo que para aqueles que nos rodeiam seja um odor de morte (2Cor 2.16). Apenas assim poderemos dizer no fim de nossa vida: Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé (2Tm 4.7).

sexta-feira, 5 de junho de 2015

O triste retrato da nossa geração


O triste retrato da nossa geração
Vivemos dias semelhantes àqueles dos Juízes onde cada qual faz o que julga mais reto (Jz 17.6). Vivemos em um momento de extrema crise dos padrões absolutos. Richard Sennett, na obra Authority (1980, p.15), afirma que “tememos a influência da autoridade como ameaças a nossas liberdades na família e na sociedade em geral”.
Essa visão pode ser percebida na postura da “filósofa”e psicóloga Viviane Mosé na XII Seminário LGBT quando afirma: “nossa luta é contra a verdade, porque a verdade é uma invenção, é uma ideia e qualquer verdade produz segmentação”.
Segundo Sennett (1980, p.16), três fatores contribuem para esse pavor pelos padrões absolutos que exercem autoridade: em parte o medo de ser seduzido pelo poder, depois o medo de, seduzido, perder a segurança da “liberdade” e passar a seduzir outras pessoas. Mohler, no livro Deus não está em silêncio (2014, p.80), entende que esse medo de forma histórica: “a cultura iluminista que deu origem à modernidade era subversiva a toda forma de autoridade”.
Dessa maneira quando pregamos ao ímpio a mensagem do evangelho ao ímpio, por mais lógica que ela seja, ele teme atendê-la e perder sua aparente liberdade, por isso, só a demonstração do Espírito e do poder podem atingir resultado eficiente (1Cor 2.4).
O homem mundano teme aderir à verdade e ficar aprisionado a ela. Vemos em todas as áreas da vida um deboche aos padrões absolutos como se fossem subversivos. Os pais estão limitados em sua maneira de educar os filhos, os professores em ensinar, as autoridades em estabelecer a ordem. Nessa triste realidade a ortodoxia é vista como uma heresia que deve ser perseguida e seus defensores, sempre retratados pela mídia como loucos ou hipócritas, precisam ser combatidos até as últimas consequências.
Köstenberger e Kruger, na obra A Heresia da Ortodoxia (2014, p.15), afirmam: “neste mundo às avessas do pluralismo e da pós-modernidade, no qual a razão como árbitro da verdade foi substituída pelo ponto de vista individual e pela autoridade irrestrita e intocável da experiência pessoal, os conceitos convencionais foram virados de ponta-cabeça. O que costumava ser considerado heresia é hoje a nova ortodoxia, e a única heresia que resta é a ortodoxia”.
A religião que possui espaço nesses dias maus é aquela, cujos pastores defendam a “doutrina da diversidade”, ou seja, que no princípio não havia um único cristianismo, mas diversas formas de cristianismos que foram suplantados pela visão romana que se tornou a forma padrão. Portanto, a própria Bíblia foi uma convenção humana que deve ser utilizada com cautela e toda diversidade deve ser aceita sem restrições, porque Jesus amou incondicionalmente. Contudo esse Jesus é uma invenção incapaz de salvar, porque tal como um irritante papagaio só sabe repetir aquilo que as pessoas querem.
Não estamos dizendo de maneira alguma que nunca existiu ou se possa encontrar no cristianismo diversidades legítimas (diferenças que podem ser conciliadas dentro daquilo que os apóstolos nomeados por Jesus disseram), mas que existem diversidades ilegítimas (“divergência doutrinária do ensino apostólico considerada inaceitável pelos autores neotestamentário”), tal como afirma Köstenberger e Kruger (2014, p.108-118).
Arrumar argumentos que visão desacreditar a Bíblia na são novos, pois ignorantes e instáveis deturpavam os escritos de Paulo (2Pe 3.16 Veja Jd 4), todavia, especialmente, nestes últimos dias não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos” (2Tm 4.3). Calvino afirma que, a partir dessa realidade, “mais zelosos devem ser os ministros em defendê-la e mais enérgicos seus esforços para preservá-la intacta; e não apenas nesta forma, mas principalmente por sua diligência em combater os ataques de Satanás”, por isso, Oseias culpa a negligência dos profetas pela destruição do povo (Os 4.6).
Atualmente muitos púlpitos não disseminam a sã doutrina ora porque seus pastores deixaram de confiar na inspiração das Escrituras, ora por que alguns ministros se acovardam e optam por despejar uma psicologia barata sobre seus fieis que não os leva a uma comunhão ais íntima com Deus. Enquanto cultos se parecerem co palestras motivacionais ou de autoajuda a igreja está longe de sua missão: fazer discípulos em todas as nações e batizá-los, ensiná-los a guardar todas as ordenanças de Jesus (Mt 28.19,20).

Shakespeare, na obra Rei Lear (Ato IV, Cena I), afirma na voz de Gloster (um nobre velho que caiu nas artimanhas de seu filho bastardo e deserdou seu filho legítimo): “esse é o castigo do tempo, conduzir ao cego o louco”. Vivemos em um mundo em que homens e mulheres cultos são capazes de acreditar em gnomos ou pensadores que viveram e morreram, mas colocam sérios empecilhos na observância da observância da Palavra inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça” (2 Tm 3.16). Eis o triste retrato de nossa geração, que inculcando-se sábia se tornou louca (Rm 1.22).