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quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Paz, paz, mas há paz?


Paz, paz, mas há paz?
Um fato de 2014 que certamente entrará nos livros de história é o fim do embarco econômico entre EUA e Cuba que começou em 1961 com o então presidente Dwight D. Eisenhower, pois o movimento que derrubou o ditador Fugêncio Batista, em 1959, adotou posturas comunistas e começou a se alinhar com a União Soviética em plena Guerra Fria.
A discussão entre EUA e Cuba corria travada, pois aqueles exigiam, destes, democratização, direitos humanos e mudança do regime político para encerrar as restrições[1], todavia estes impunham o fim do embargo como condição para qualquer discussão diplomática.
Contudo a comunidade internacional havia indicado o fim das restrições diplomáticas com Cuba na última Assembleia Geral da ONU quando dos 193 países que participaram 188 votaram a favor dessa medida[2]. Outro motivo para o fim do embargo está na fala do próprio Obama: “deve se preocupar com ameaças reais, como os grupos extremistas Al Qaeda e Estado Islâmico[3]. Desde o atentado de 11 de setembro as preocupações Norte-Americanas se desviaram da pequena ilha de Fidel regido pela cartilha de “Marx” para se concentrar no vasto e complexo Oriente Médio que segue piamente o Alcorão.
Esse acordo, que ainda depende do Senado americano, teve boa aceitação na Comunidade internacional e deu um rosto positivo a desgastada política de Obama, todavia existem pessoas que condenam o acordo, porque Cuba não se democratizou, tampouco apurou seus crimes, todavia os EUA, também acusados de abusos em Guantánamo, entendem quem usa da violência extrema para uma suposta justiça. Obama afirmou: vamos tentar deixar para trás esse passado. Nosso futuro é de paz e segurança. Vamos trabalhar não para manter o poder, mas para avançar nos sonhos dos cidadãos[4].
Esse é o nítido exemplo da paz que o mundo busca e valoriza, porque não impõem mudança alguma e se une nas conveniências mais baixas, ou seja, o simples fato de parecer algo que realmente não é, pois ninguém é ingênuo ao ponto de acreditar que EUA ou Cuba reviram seus erros do passado e assumiram novos posicionamentos para o futuro. Em um nível menor, vemos inúmeras pessoas almejando a mesma paz mágica e superficial que vemos nesse cenário político. Uma paz sentimentalóide que se conquista por aquilo que se veste a aquilo que se come e acaba com o pular da última onda e se apaga como último fogo de artifício.
Jamais entenderemos a paz se não analisarmos quando ela foi extinta do coração humano. No Éden, o homem gozava de plena paz com Deus, com o ambiente ao seu redor e consigo mesmo. Segundo Schaeffer, “minha separação de Deus é sanada pela justificação, porém logo em seguida deve haver uma realidade existencial”[5], ou seja, o processo de santificação deve levar o ser humano a uma postura diferente com seus problemas existenciais, assim como, adotar a postura de mordomo para com a criação que o circunda.
No coração do homem pós-queda, há uma guerra que é fonte e origem de todas, tal como Tiago afirma: de onde procedem guerras e contendas que há entre vós? De onde, senão dos prazeres (hedonéἡδονή) que militam na vossa[6] carne? (Tg 4.1). Lopes, comentando Tiago 4.1, afirma que somos tentados a culpar as circunstâncias como motivadores dos conflitos, todavia Tiago, tal como Paulo em 1Cor 3.1-4, que a origem deles está na natureza caída dos homens. Dessa maneira, ainda que o cristão esteja regenerado pela Palavra de Deus ainda em seu coração habita a semente de Adão, ou seja, os prazeres que militam na carne[7].
Nesse texto percebemos que a origem da falta de paz está no termo grego hedonéἡδονή, que, segundo Coenen et al[8], significa prazeres, aquilo que é agradável, doce ao paladar. Pau David Tripp opta traduzir ἡδονή por desejo e afirma: “o coração de toda e qualquer pessoa é uma fonte de desejos que competem entre si”[9]. Nesse conflito há o desejo de fazer a vontade de Deus ou a vontade o mundo, o desejo mais forte fatalmente controlará meu comportamento.
Está sobre nós a mesma máxima que pairava sobre Caim: “eis que o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo” (Gn 4.7b). Dessa maneira, a paz que almejamos só pode ser conquistada se declararmos guerra contra aqueles desejos que não coadunam com a Palavra.
No Peregrino de John Bunyan, Cristão diz a Ignorância:
Quando conseguimos julgar nossa vida da mesma forma que a Palavra a julga. Veja bem, que a Palavra, falando do homem natural, afirma que não há um justo, nem um sequer. Também diz que toda a imaginação do homem é má continuamente. Pois bem, quando em nós mesmos do jeito que realmente somos, então nossos pensamentos são bons porque concordam com a Palavra de Deus[10].
Quando os parâmetros pelos quais analisamos nossa alma estão distorcidos os resultados não serão confiáveis. O que se diria se um cego de nascença analisa-se uma paisagem ou um surde de nascença sobre a melodia de uma canção. Ludwing Von Beethoven (1770-1827), apesar de surdo foi um gênio da música, porém ele não nasceu surdo (a perdeu entre os 20 ao 50 anos) e, por isso, possuía memória auditiva (parâmetros que o ajudaram a compor)[11].
Se olharmos para as nossas vida a partir daquilo que o mundo valoriza certamente nos veremos como justos e merecedores da eternidade, todavia isso penas mostra duas realidades: que houve um afastamento de Deus e que não sé verdadeiro temor (Pv 3.7). Kistemaker, alisando Tiago 4.1, entende que “quando Deus não governa a vida do homem, a busca do prazer controla a situação e a paz fica perturbada por causa de brigas e contendas”[12]. Dessa maneira, qualquer tentativa de paz que não venha da genuína conversão e de uma guerra contra os desejos pecaminosos de nosso coração é apenas superficial e nociva.
Existem igrejas que pregam essa paz paliativa. Induzem as pessoas a confiarem em supostos méritos e oferecem um consolo falso, porque não parte da graça, mas de uma autoajuda que só traz benefícios para essa vida. Esses falsos profetas procedem como afirma Jeremias (6.14): “Curam superficialmente a ferida do meu povo, dizendo: Paz, paz; quando não há paz”.
Neville Chamberlain (1869-1940) foi o primeiro ministro inglês de 28 de maio de 1937 a 10 de maio de 1940. Ele foi quem intercedeu junto a Hitler uma forma de evitar as hostilidades que levariam o mundo a uma 2ª Guerra mundial. O chamado pacto de Munique de 29 de setembro de 1938 foi assinado pelo Reino Unido (tendo como representante Neville Chamberlain), França (tendo como representante o primeiro ministro Édouard Daladier), Alemanha (tendo como representante Adolf Hitler) e Itália (tendo como representante Benito Mussolini)[13]. Chamberlain desembarcou no aeroporto de Heston trazendo o documento do pacto dizendo: “Acredito que ele é a paz em nosso tempo”, todavia Winston Churchill (1874-1965) afirmara: “entre a desonra e a guerra, escolheste a desonra e terás a guerra”. De fato esse pacto só serviu para dar tempo a Hitler manejar suas tropas com liberdade e invadir a Polônia no dia 10 de março de 1939, invalidando o que firmara.
A paz que os homens esperam é sempre fugaz e depende dos desejos pecaminosos do coração. Confiar na paz que o mundo oferece é necessariamente confiar no homem e quem age assim faz da carne mortal o seu braço e aparta o seu coração do SENHOR! (Jr 17.5b). Todavia Paulo afirma que Jesus é a nossa paz (Ef 2.14), por isso, afirma Calvino: “se Cristo é a nossa paz, segue-se que todos que se acham fora dele permanecem em estado de inimizade com Deus”[14]. A paz proposta por Jesus não é a ausência de guerras, perseguições e adversidades, mas “justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus (Rm 5.1).
Que adiantaria uma vida abastada e sem sofrimentos se, depois da morte, nos estivesse reservada a ira eterna? Asafe, no Salmo 73, descreve os ímpios da seguinte maneira: a.) Saúde: “para eles não há preocupações, o seu corpo é sadio e nédio” (v.4); b.) Trabalho: “não partilham das canseiras dos mortais, nem são afligidos como os outros homens”. (v.5); c.) Vida Financeira: “eis que são estes os ímpios; e, sempre tranqüilos, aumentam suas riquezas”. (v.12), mas no santuário o Salmista atenta para o fim dos ímpios e entende: “Tu certamente os pões em lugares escorregadios e os fazes cair na destruição” (Sl 73.18). Compreende que todas essas facilidades adulam e fazem mais fortes seus desejos pecaminosos.
Os ímpios, que confiam em seu poder, estão aliceçados sobre o mesmo terreno escorregadio de Nabucodonosor, que, depois de se exaltar dizendo: “Não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei para a casa real, com o meu grandioso poder e para glória da minha majestade?” (Dn 4.30), teve sua sanidade usurpada pelo céu convivendo com os animais do campo (Dn 4.31-33) até que ele olha para o céu e louva o Altíssimo (Dn 4.35). Só pode exaltar a Deus quem reconhece a sua miséria, assim como só se reconhece miserável aquele que engrandece a Deus. Quem assim procede a Palavra promete: “humilhai-vos na presença do Senhor, e ele vos exaltará” (Tg 4.10).
Jesus antes de subir aos céus nos advertiu: deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize(Jo 14.27). A paz de Jesus não é feita por um acordo de conveniência como entre EUA e Cuba, tampouco uma ilusão como aquele que Chamberlain portava no aeroporto de Heaston que traz esperanças infundadas, mas essa é a paz que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus (Fl 4.7).
Portanto, a paz que Jesus tem para seu povo em 2015 e até a sua volta não a ausência de problemas, a prosperidade insana ou uma ilusão, mas uma paz que faz sentir a presença de Deus, mesmo nos mais terríveis momentos, confiando que “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm 8.28). Essa paz não depende do seu vestuário, muito menos do cardápio da ceia, mas da soberania do Senhor que a dá por meio de Jesus e que durará muito além da meia noite.
Feliz 2015!




[1] HELLER, Claude. Análise: acordo com Cuba melhora a posição dos EUA na América Latina. http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2014/12/1568590-analise-acordo-com-cuba-melhora-posicao-dos-eua-na-america-latina.shtml.
[2] http://epocanegocios.globo.com/Informacao/Acao/noticia/2014/12/entenda-como-comecou-o-embargo-economico-dos-eua-cuba.html.
[3] http://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2014/12/17/esses-50-anos-mostraram-que-isolamento-nao-funcionou-diz-obama-sobre-cuba.htm.
[4] http://epocanegocios.globo.com/Informacao/Acao/noticia/2014/12/entenda-como-comecou-o-embargo-economico-dos-eua-cuba.html.
[5] SCHAEFFER, Francis. Poluição e Morte do Homem. São Paulo: Cultura Cristã, 2003, p.74.
[6] Segundo Lopes, esse vós se refere aos candidatos a mestre (pessoas que instruíam continuamente a igreja na Palavra e que possuía uma posição de liderança e autoridade) de Tiago 3.1 por causa da rivalidade que existia entre eles, o que não era uma característica da igreja de Tiago (veja Mc 9.34; Mt 23.8,9, Jo 13.13,14, 3Jo 9), todavia esses princípios podem ser aplicados a igreja em geral. (LOPES, Augustus Nicodemus. Interpretando o Novo Testamento: Tiago. São Paulo: Cultura Cristã, 2006, 95,96, 120)
[7] LOPES, Augustus Nicodemus. Interpretando o Novo Testamento: Tiago. São Paulo: Cultura Cristã, 2009, p.120,121.
[8] COENEN, Lothar; BROWN, Colin. Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2000, p.526.
[9] TRIPP, Paul David. Instrumentos nas Mãos do Redentor. São Paulo: NUTRA, 2009, p.116.
[10] BUNYAN, John. O Peregrino. Rio Verde-GO: Publicadora Menonita, 2009, p.165.
[11] http://revistagalileu.globo.com/Galileu/0,6993,ECT611093-1716-5,00.html.
[12] KISTEMAKER, S. Comentario Del Nuevo Testamento: Santiago y 1-3 Juan. Grand Rapids: Desafío, 2007, p.113.
[13] http://segundaguerra.net/o-pacto-de-munique-anexacao-do-territorio-dos-sudetas/.
[14] CALVINO, João. Efésios. São José dos Campos-SP: Fiel, 2007, p.55.

domingo, 28 de dezembro de 2014

RESUMO DA BIOGRAFIA DO REVERENDO JOSÉ MANOEL DA CONCEIÇÃO

RESUMO DA BIOGRAFIA DO REVERENDO JOSÉ MANOEL DA CONCEIÇÃO

Introdução
Essa é uma obra assinada pelo Reverendo Boanerges Ribeiro e não pode ser ignorada pelas poucas páginas, pois concentra uma visão arguta da vida de um dos grandes pastores de nossa denominação. Também não é uma produção hagiográfica marcada pelo lendarismo, mas um texto histórico marcado pela fidelidade aos fatos devidamente relatados em suas fontes.
Esse texto, além dos subsídios históricos que incrementam nosso conhecimento e compreensão de como se deu, no princípio, o desenvolvimento da Igreja Presbiteriana do Brasil, também é um material que deve fomentar o evangelismo centrado na Palavra.

RIBEIRO, B. José Manoel da Conceição e a Reforma Evangélica. São Paulo: O Semeador, 1995.

José Manoel da Conceição (JMC) nasceu na cidade de São Paulo em 11 de março de 1822, filho de Manuel da Costa Santos, português, canteiro e Cândida Flora de Oliveira Mascarenhas, carioca, neta de açorianos. Foi batizado na Sé em São Paulo em 24 de março de 1822, sendo seu padrinho seu tio-avô, Padre José Francisco de Mendonça.
Parece ao Rev. Boanerges Ribeiro, biógrafo de JMC, que Cândida Flora tenha morrido quando o seu filho era pequeno, por isso, o pai o deixou o o Padre Mendonça de quem José Manoel diz: “O padre José Francisco de Mendonça, irmão de meu avô, Manuel Francisco de Mendonça, criou-me e educou-me”. Dessa maneira o padrinho exerceu grande influência sobre eu afilhado.
Padre Mendonça consciencioso quando aos dogmas da igreja, enérgico em suas obrigações e instruído, pois era dono de uma bela caligrafia, tal como foi requisitado por seus superiores para fazer um estudo geográfico e toponímico da cidade de Sorocaba onde exercia o sacerdócio.
José Manoel estudou as primeiras letras e Sorocaba, no Catecismo de Montpellier profundamente marcado pelo Jansenismo. Depois do ensino infantil começou a aprender latim com o Padre José Gonçalves, que lhe colocou à mão autores como César, Ovídio, Horácio e Virgílio. Começou a ler a Bíblia aos 18 anos e é influenciado por Carlos Leão Bailot, pintor francês que conhecia a Bíblia e decorava a Matriz de Sorocaba.
Segundo Boanerges (1995, p. 18), em uma época que não havia seminário, no Brasil, um candidato ao sacerdócio entre1840 e 1842 os cursos preparatórios, antes do Governo nomear professores, eram oferecidos na Sé ou na casa dos professores. Depois da nomeação passaram a ser oferecidos anexo a Academia Jurídica, na qual José Manoel, talvez tenha conhecido o professor de história protestante Julio Frank.
No Largo de São Francisco, foi aluno do professor Francisco de Paulo Oliveira que mesclava Kant e Antônio Genuvesi, também de Idelfonso Xavier Ferreira, que as 20 anos deu viva a Dom Pedro I como imperador do Brasil.
No dia 30 de abril de 1842, José Manoel foi aprovados nos exames episcopais e foi tonsurado e ordenado sub-diácono. Nessa época, Padre Mendonça, com 67 anos, foi convocado com seu afilhado a depor em um inquérito policial contra Diogo Antônio Feijó, mas em nada o prejudicaram. Tio e sobrinho também estiveram envolvidos como signatários de uma ata que registrava uma rebelião em 1942, encabeçada por Rafael Tobias de Aguiar, contra o imperador. Essa atitude não trouxe grandes conseqüências ao Padre Mendonça, mas a ordenação de Conceição passou a ser adiada.
Passou a atender, como sub-diácono, Ipanema, perto de Sorocaba, onde funcionava uma fábrica de ferro e onde haviam escravos e 27 famílias alemães evangélicas. Residia nessa localidade o médico dinamarquês Langaard com quem permutou aulas de alemão e tomou contato com a literatura protestante. Outro fato importante era que, aos domingos, procurava se confraternizar com os protestantes.
Por ocasião do seu segundo casamento, Dom Pedro I, em 1944, deu anistia irrestrita aos rebeldes de 1842 e, por isso, José Manuel foi ordenado diácono no dia 29 de setembro de 1844 quando contava com 23 anos. Chegou mesmo a celebrar batismos em Sorocaba.
Em 29 de junho de 1845 tornou-se Presbítero (Padre) da igreja Romana e foi enviado para Limeira, que, provavelmente, Segundo Boanerges (1995, p. 25), a Matriz era feita de pau a pique. Nessa cidade Nicolau Vergueiro havia colocado açorianos para trabalhar em sua fazenda.
O jovem Padre queria uma Reforma da igreja e os seus fiéis ficavam maravilhados com sua dedicação em atender chamados nas vilas, mesmo quando não recebia as devidas espórtulas. Suas ideias o obrigaram a ser transferido muitas vezes passando por Constituição (Piracicaba), Água Choca (Monte Mor), Ubatuba, Taubaté e Brotas. Tirou licença em 1852 por conta da morte do Tio (5 de setembro de 1852).
Em 1855, seu pai morreu deixando Gertrudes (Tudica), sua esposa, e quatro filhos desassistidos que foram morar com Conceição que também acolheu a viúva (Mana Antônia) e os filhos do mais velhos dos meio-irmãos, Mateus.
Deixou suas funções como sacerdote para ser vigário da vara e passou a residir em um sítio em Corumbataí. Com o falecimento de D. Antônio Joaquim de Melo que em seu episcopado construíra o Seminário Diocesano e abolindo o Catecismo Jansenista pelo tridentino, assim como disciplinou diversos reformistas de Conceição cada vez mais distantes e ele frustrado e, como afirma Boanerges (1995, p.30) perdido em um labirinto sem saída visível.
Assume a Diocese D. Sebastião Pinto do Rego, um bispo mais maleável, todavia José Manuel em 1863 pede afastamento da paróquia de Brotas indo se retirar em Corumbataí, isolado em sua inconformidade realizando algumas funções sacerdotais como casamentos (o último foi em junho de 1864). Nesse momento o Rev. Blackford houve falar de um Padre Protestante e vai visitá-lo. Conceição ao relatar essa visita diz que o pastor lhe apareceu como um mensageiro de Deus.
Blackford começam a conversar a própria dona Elizabeth (Lillie) convidou-o, embaraçosamente, a tomar a fé reformada. Conceição começa a sair de seu labirinto e, no dia 20 de setembro de 1864, em audiência com D. Sebastião, entrega o cargo de vigário da vara e expõe suas razões para abandonar o Catolicismo.
No dia 9 de outubro de 1964, no salão de cultos do Rio, prega, antes mesmo de ser recebido como membro. No dia 23, Blackford o batiza e o ex-padre e, agora, protestante faz sua pública profissão fé. Um problema de JMC está em como ganhar a vida nisso encontrou grande apoio dos irmãos
Como membro da igreja presbiteriana ajuda em traduções para o jornal Imprensa. Leva Chamberlain para pregar em Brotas e percebe que, pelo Protestantismo, poderia empreender uma Reforma em seu país. Blackford também assumiu essa trajetória que Conceição conhecia muito bem. O ex-padre levou os pastores para pregar entre as pessoas para quem ele fora Padre.
Contudo essa Reforma em terras tupiniquins seria perseguida por pessoas que contavam com o poder público e indivíduos capazes de atos violentos. Também o populacho tinha o costume de impor o nome dos líderes protestantes a cachorrada da roça. Porém isso não esmoreceu o ilustre neófito.
Em 16 de dezembro 1865, com igrejas no Rio, São Paulo e Brotas, formou-se o Presbitério do Rio de Janeiro e, no dia 17, sob a imposição das mãos dos Reverendos Simonton, Blackford e Schneider, Conceição foi ordenado o primeiro ministro presbiteriano nascido nessas terras de Santa Cruz e recebeu a destra dos irmãos pastores para tomar parte reja com eles no pastoreio da Igreja que nascia e se desenvolvia pela graça de Deus.
No dia 28 de fevereiro, desapareceu por cinco dias sem aviso pregando o evangelho cruzando à pé do Rio a São Paulo. Aos 16 de dezembro de 1866 saiu a sentença de excomunhão e exautorização de José Manoel e nessa momento, devido ao grande esforço pela causa do evangelho a saúde de Conceição começa a ficar frágil, porém encontra forças para responder acusações públicas pelo Correio Paulistano em 23 de abril de 1867.
Simonton e Blackford, para retirar o irmão José Manoel do cento desse momento turbulento e para prover-lhe o devido tratamento de saúde, enviam-no para Nova York no dia 3 de agosto de 1867, onde foi convidado para pastorear, todavia preferiu retornar ao Brasil, mesmo que em nossa nação fosse alvo de maldosos ataques e a tentativa de arrebanhá-lo novamente para Roma pelo seu amigo Frei Joaquim do Monte Carmelo.
Na estada de Conceição em solo norte-americano, Simonton morre em 8 de dezembro de 1867. Voltou em 20 de julho de 1868 a contragosto de Blackford e Schneider que preferiam que ficasse mais tempo nos Estados Unidos. Após a reunião do Presbitério do dia 11 de agosto de 1868 embrenha-se no seu caminho favorito, o caminho do sul a fim de pregar o evangelho.
Boanerger (1995, p. 87) afirma que, a última reunião de Presbitério de Conceição (12-8-1869) seu relatório caiu como água em areia seca, pois já havia preparado campos ao longo da estrada do sul. Os colegas norte-americanos preferiam que se dedicasse a atividades mais compatíveis com sua saúde. Ficava dias incapacitado, mas assim que melhorava voltava às viagem agressivas a sua saúde.
O tempo de José Manoel da Conceição ficou quatro anos e meio no ministério marcado por grandes peregrinações. Boanerges (1995, p. 95) afirma: “nesses quatro anos e meio sua pregação da reforma evangélica continuou a ser feita e repetida de São Paulo a Sorocaba, Itapetininga, Faxina; talvez até Castro no Paraná [...] de Campinas a Limeira, Santa Bárbara, Rio Claro, até Brotas e Jaú; no Vale do Paraíba de São Paulo a Piraí; no Litoral Norte de São Paulo de São Paulo; na estrada de Atibaia, Itatiba, até Bragança, até Borda da Mata e Pouso Alegre; nas Serras de Piracicaba, Nazaré Paulista; na corte, seus arrebaldes e vilas suburbanas a caminho de São Paulo”. Era homem frugal e que sempre pagava seu pouso como um favor doméstico como varrer um quintal ou algo parecido.
Sobre a vida desse bandeirante da fé, Boanerges (1995, p. 95) constata: “há muitas décadas em quatro anos e meio, e há muitas histórias nessa estrada de tantos caminhos”.
Apesar de Blackford ter lhe alugado casa em Santa Tereza no Rio, em 1873, só e à pé pôs-se a peregrinar e embarcou em Piraí. À noite, muito cansado e maltrapilho, pedindo pouso em uma casa na estrada foi preso por um policial e libertado depois de três dias. No posto policial, gastou todo o seu dinheiro reservado para a passagem de trem com alimentos.
Muito enfraquecido na viagem à pé caiu gravemente enfermo e foi internado na Enfermaria Militar do Campinho. Apesar de doente, descalço e maltrapilho tinha boa expressão no rosto e impunha respeito. Depois dos cuidados hospitalares e ter tomado um caldo, o médico perguntou-lhe se desejava mais alguma coisa e ele responde: “agora queria ficar a só com Deus”. Enquanto o médico caminhava para a missa, o servo de Deu se virou para a parede e adormeceu e morreu assim, nessa tranquilidade.
Muitos boatos surgiram após a morte de Conceição mostrando tentando mostrar que tinha voltado para a fé romana ou tinha morrido em tragédia ou suicídio, por isso, a pedido de Blackford e Trajano, o responsável pela enfermaria Major Augusto Fausto de Souza, o sub-delgado do Irajá Honório Gurgel e até mesmo o vigário daquela localidade Padre Lourenço da Cruz Penedo forneceram declarações detalhadas das últimas horas do humilde pastor, que foi exumado de onde havia sido enterrado (a pedido da igreja romana) e foi levado para o Cemitério dos Protestantes, onde jaz.

Considerações finais
Nas páginas dessa obra de referência, encontramos algo interessante um autor escrevendo de forma coerente com boa fundamentação, mas capaz de mostrar nas suas linhas uma piedade doce e sem exageros e acima de tudo que sabe contar a respeito da vida de um servo de Deus sem fazer dela um semi-deus. Ao concluir essa leitura o que fica na nossa cabeça e coração não é como o Reverendo José Manoel da Conceição foi bom, mas como foi bom e misericordioso o Deus do Reverendo José Manoel da Conceição.
Acreditamos que esse trabalho é resultado de um desafio: escrever uma biografia em um país marcado pela tradição católica que exalta de maneira idolátrica seus expoentes. A solução esta em fazer um texto fundamentado em fatos históricos, pois contra os tais não há argumento, porém essa saída obriga o relato a uma frisa acadêmica que atinge ma minoria e, dificilmente, adentra a igreja. Entretanto o que vemos é um texto caloroso, sábio e bem fundamentado exaurido de uma das mais célebres penas da safra de mente iluminadas em nossa denominação.
A leitura é edificante e nos leva a uma atitude constante de louvo ao Pai celestial que chama graciosamente os seus e os capacita para os labores mais difíceis e trabalho feliz mesmo nas searas mais inóspitas.


RESUMO DO DIÁRIO DE SIMONTON

RESUMO DO DIÁRIO DE SIMONTON

INTRODUÇÃO
Ashbel Green Simonton nasceu em West Hanover, em Dauphin no sul da Pensilvânia aos vinte de janeiro de 1833, filho do médico Dr. William Simonton e Martha Davis Snodgrass. Recebeu o nomem em homenagem ao líder presbiteriano e presidente do Colégio de New Jersey Ashebel Green (1762-1848). Eram membros da Igreja Presbiteriana de Derry, onde o pai de Simonton era presbítero.
Nesse pequeno opúsculo podemos perceber a grandeza do trabalho missionário e tomarmos subsídios que podem nortear nossa ação evangelística, especialmente em um país profundamente católico e com sérios preconceitos para com os protestantes.

SIMONTON, A.G. Diário de Simonton. Trad. Daisy Ribeiro de Moraes Barros. 2 ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2002.

O Diário de Simonton abarca o período de 1852 a 1866 e tem como seu primeiro registro com a seguinte identificação: Norfolk, 5 de novembro de 1852. Relata quando deixou, pela primeira vez sua casa e se aventurou pelo sul de seu país.
Norfolk era uma cidade, abastada, confortável e luxuosa, assim como, bem grande com de 16 mil habitantes, a qual Ashebel precisou descobrir a própria custa, pois tinha como ofício vender assinaturas da Revista Presbyterian e achar presbiterianos nessa multidão era como caçar uma agulha em um palheiro.
Outro problema era o fato de que na hora em que o irmão visitava as casas só encontrava as mulheres que não faziam assinaturas, pois os homens de negócio estavam trabalhando. Todavia conseguiu vender duas assinaturas o que lhe vinte e nove dólares e cinqüenta centavos.
Cansado de comer ostras em Norfolk (principal iguaria natural desse região) ruma para Petersburg, mas não encontrou melhores condições de trabalho e, por isso, seguiu para Raleigh com seu irmão James (o encontrou em Petersburg) que ficou em Hicksford (atual Emporia na Virgínia). Em Raleigh, conseguiu uma audiência com Rev. Lacy com quem conversou sobre Escolas e este lhe indicou três senadores que poderiam ajudá-lo, mas não encontrando êxito foi para lecionar decidiu permanecer no ofício para o qual havia se proposto e segui para Faytteville, uma região com casas esparsas e que precisava de esforço para se chegar de uma a outra.
Simonton vai para Columbia, onde vê como uma novidade uma mulher pregando, depois foi para Winsboro, terra de umas duas mil almas que achavam mais barato comprar novas terras do que preparar as antigas para o plantio. Em Atlanta descobriu que sua empreitada de vender assinaturas seria cada vez mais difícil, pois os sulistas receavam de qualquer coisa publicada pelo norte na linha Mason-Dixon.
Teve boa impressão da Georgia e perambulou por outras cidades até chegar em Starkville no Mississipe onde começou a lecionar latim em uma escola agradável que não lhe criava problemas, porém sobre isso ele afirma: “olhei o futuro e previ longos dias e horas mergulhados na rotina pouco atraente da vida de pedagogo.
Em 15 de abril de 1854, Simonton registra em seu diário que sua estada no sul estava chegando ao fim. Encerrou antecipadamente as aulas do primeiro semestre afirmando que iria passar as férias com a sua família e que sua volta incerta. Muitos amigos tentaram dissuadi-lo, mas voltou e não tendo grandes motivos para continuar em casa ou voltar para o sul pendeu para a opiniaao de sua mãe que foi enfática para sua permanência.
Vendo a inaptidão para o magistério e o fim de sua aventura pelo sul, Ashebel passa a pensar em seu futuro, especialmente, na carreira que seguiria. A mãe de Simonton se esforçava para que o filho seguisse o ministério, para o qual o havia consagrado. De fato ele reconhecia que essa carreira detinha a mais segura e sublime das recompensas. Sobre o direito não se sentia animado, porque parecia-lhe “difícil conciliar sucesso na carreira de advogado com honesta adesão à verdade e à justiça”.
No dia 10 de março de 1855, o diário indica um avivamento que atingiu seu autor. Simonton não se sente emocionado como outros crentes, mas entende que o Espírito Santo está trabalhando em sua vida pelo fato de estar buscando o Senhor a ponto de fazer um compromisso público. Sobre essa convicção faz sua pública profissão de fé
Em maio de 1855, decidiu assumir o compromisso de seus pais e caminhou para Princenton a fim de se preparar paro ministério. Chegou no dia 29 de junho de 1855. Antes de ir, no dia quatro, preparou um guia para orientá-lo no curso de teologia:
  1. “Frequência constante aos exercícios devocionais do Seminário”;
  2. “Vigilância constante sobre o meu coração e contra os pecados que o rodeiam”;
  3. “Estudo das devocionais da Bíblia e leitura de obras de experiência religiosa”;
  4. “Comunhão constante e íntima com Deus para alcançar grandes vitórias na vida espiritual”;
  5. “O ‘cultivo do dom da oração’”;
  6. “Na realização dos estudos não posso esquecer a saúde, pois preservá-la é da maior importância”;
  7. “Em relação ao meu comportamento exterior, preciso ser mais cuidadoso que nunca”.
No dia 14 de outubro de 1855, ouviu um sermão do Rev. Charles Hodge sobre a necessidade de se evangelizar os pagãos de tal maneira que afirma: “Esse sermão teve efeito de levar-me a pensar seriamente no trabalho missionário no estrangeiro [...] se a maioria prefere ficar não seria meu dever partir?”.
Simonton foi nomeado missionário no dia 6 de dezembro de 1857; licenciado pelo Presbitério de Carlisle em 14 de 1858; ordenado no dia 14 de abril de 1859 no templo da Igreja Reformada Alemã em Harrisburg, seu sermão de prova baseou-se em Atos 16.9. No dia 19 de outubro de 1857, Ashebel transcreveu em seu diário a carta de sua mãe em que mostrava dificuldade em se separar de seu filho, sentia-se orgulhosa e o recomendava em orações.
No dia 27 de novembro de 1858, levou proposta a Junta de Missões Estrangeiras apresentando o Brasil como possibilidade, mas deixando a decisão final para os responsáveis.
O Rev. Simonton chegou no Brasil no dia 12 de agosto de 1859 estasiado com a beleza da Bahia de Guanabara. O grande problema do jovm missionário está no aprendizado da língua que lhe causou muita dificuldade. Registrou em 2 de dezembro de 1859, progresso no estudo da língua quando encontrou o secretário da educação pública, Sr. Leon, e trocaram aulas, este lhe ensinou português e aquele inglês.
Sabendo que desde Atos a igreja não está isente a possíveis problemas de relacionamento, Ashebel enfrentou problema como Rev. Robert Kalley, que lhe fez acusações pessoais sem mesmo conhecer-lhe. Simonton o procurou, conversaram, oraram juntos e fizeram as pazes, de tal forma que o valiará como um homem de fé (11 de abril de 1860).
No dia 12 de abril de 1860, realizou sua primeira escola dominical em sua casa utilizando a Bíblia e o Peregrino de Bunyan com duas crianças. Os cultos de quinta-feira e domingo variavam entre três e vinte pessoas, sendo o mais frequente de seis a dez pessoas O irmão James e o cunhado Blackford enviaram cartas dizendo que viriam, o que se realizou em 19 de julho de 1861. A Junta de Missões enviou também o Rev. Schneider que ajudaria com os colonos alemães.
O clima dos trópicos, em que o natal se apresentava no natal e não no inverno, assim como a questão de qualidade de vida. Na casa João Carlos Nogeira/Nogueiro, um homem piedoso de Itu, interior do Estado de São Paulo, afirma: “nunca vi família tão excelente, com tais recursos ao seu dispor, viver de modo tão deplorável”.
No dia 12 de janeiro de 1862, realizou-se a primeira ceia com recebimento de membros: Henry E. Milford e Camilo Cardoso de Jesus. Em 31 de março de 1862, Simonton está no Barco Henrietta para passar um período nos Estados Unidos. Soube que a mãe estava endferma, mas quando chega ela já havia falecido.
Nesse período na terra natal se casa com Helen Murdoch no dia 19 de março de 1863. Chega com ela no Brasil em 15 de maio de 1863, mas faleceu 9 meses depois do casamento com 30 anos no dia 28 de junho de 1864 devido a complicações no parto. Sobre essa situação registra: "Deus tenha piedade de mim agora, pois águas profundas rolaram sobre mim. Helen está estendida em seu caixão na salinha da entrada. Deus a levou tão de repente que ando como quem sonha" (Terça-feira, 28 de junho de 1864)
A pequena Helen Murdoch Simonton passa a ser cuidada pela irmã Elizabeth, esposa de Blackford. Contudo Apesar dos diversos problemas pessoais, Simonton recebeu no dia 23 de outubro o ex-padre José Manoel da Conceição; lançou a Imprensa Evangélica no dia 5 de novembro (durou até 1892) e organizou o primeiro presbitério no da 16 de dezembro de 1865.

Considerações finais
Quando Simonton chegou em nosso país encontrou um território profundamente marcado pelo catolicismo e com um forte preconceito para com os protestantes. Depois de mais de cento e cinqüenta anos o romanismo não tem a mesma força dos tempos de outrora, o protestantismo evoluiu por caminhos tortuosos, em algumas circunstâncias, ficando bastante descaracterizado, mas o fato é que, em outras proporções, encontramos condições semelhantes.
Enquanto nos dias dos pioneiros, o carro chefe da ação missionária estava na instrução nas Sagradas Escrituras, hoje as igrejas emergentes fazem vultosos investimentos em pesquisas de público, campanhas sem bases bíblicas e em uma variedade de experiências.
O ateísmo e uma massa de pessoas decepcionadas com igrejas crescem. Uma grande parcela dessas pessoas, pelos anos freqüentados em uma denominação, às vezes de fama duvidosa ou com líderes despreparados, julgam-se entendidos no cristianismo, mas, na prática, pouco sabem das Escrituras que conhecem por caixinhas de promessas ou artifícios desse gênero.
A julgar pela maneira que o evangelho fiel se desenvolveu em nossas terras podemos perceber que a solução para esses dias mãos está na intensiva instrução na Palavra. Esse é o jeito mais difícil e demorado, mas não há outro, pois os diversos caminhos são infiéis.


O Noé que não é!

Para todos nós que veremos Moisés, vale a pena relembrar as críticas da produção Noé:


O Noé que não é!
Graças a bondade de um colega no Jumper fui assitir ao filme Noé e fiquei muito preocupado com aquilo que eu vi. Pensei que veria uma produção semelhante à Paixão de Cristo do Mel Gibson ou o Príncipe do Egito com uma ou outra distorção proveniente do pensamento liberal, mas assisti ao extrato da filosofia humanística misturada a um filme bem produzido, todavia com o propósito de promover uma completa profanação das Sagradas Escrituras.
De fato o filme apresentou uma história de Noé, mas aquela que é suportável aos ouvidos ímpios e que não lhes causa coceira (2Tm 4.13). Muitas pessoas vão argumentar que o simples fato de Holywood endossar uma superprodução baseada nas Sagradas Escrituras já é um ponto positivo e quem convence em última instância o coração do homem do seus pecado e da justiça e do juízo de Deus é o Espírito Santo (Jo 16.8), porém não há mérito algum em se pregar uma Palavra falsa.
O filme Noé é um exemplo de como falsos profetas podem penetrar os arraiais evangélicos sem despertar muitas suspeitas, porque veem travestidos com peles de cordeiro (Mt 7.15). Essa produção cinematográfica tem o poder de enganar a muitos (Mt 24.11), introduzir heresias destruidoras (2Pe 2.1). Entretanto, podemos nos precaver a esses perigos observando os frutos malignos ou que possuem sérias deficiências (Mt 7.17,18).
Se não se colhe bons frutos de árvores más, pode-se colher bons filmes de Holywood? Partindo do pressposto de que todas as coisas me são lícitas, mas nem todas me convém (1Cor 6.12) é necessário fazer uma análise no conteúdo do filme que está sendo assisitido sabendo que precisamos reter o que é bom (1Ts 5.21), porém sabendo se aquilo que estamos presenciando não possui o pérfido poder de me escravizar.
Dessa maneira apresento alguns cuidados que precisamos ter ao assistir esse filme maligno. Talvez, você perceba no final que se tirar todas esse senões todo o filme se perdeu e foi uma tremenda perda de tempo assisti-lo:
1. O filme elimina a revelação: a Bíblia afirma que Deus disse a Noé claramente o que ira fazer: “Resolvi dar cabo de toda carne”, tal como faria isso: “porque a terra está cheia da violência dos homens” (Gn 6.13). Essa revelação foi tão precisa que Deus mostra como a arca deveria ser construída inclusive em suas medidas (Gn 6.14-16). O filme tenta aproximar a Noé o máximo possível de nossos dias e, dessa maneira, seus produtores julgando que Deus não fala dessa maneira em nossos dias decidiram eliminá-la, todavia o autor de hebreus é bastante enfático ao afirmar: “Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo” (Hb 1.1,2). O fato de Deus não se comunicar conosco como o fez com Noé ou com a intimidade que o fez com Moisés (Êx 33.11) não quer dizer que não faça hoje com tanta intimidade, pois nesses últmos dias nos falou por meio do Filho de tal maneira que essa mensagem que recebemos pela Palavra está vedada até mesmo aos anjos (1Pe 1.12). Noé fica em dúvida sobre a revelação do Senhor, todavia quando Deus comunica sua vontade nas Escrituras ela sempre é clara e possível ao entendimento daquele que a recebe. José queria repudiar Maria em segredo ao saber que ela estava grávida, porém quando orientado em sonho pelo anjo procede segundo o querer de Deus (Mt 1.20-24).
2. O filme defende o evolucionismo: claramente o filme tenta fazer uma aproximação da teoria do Big Bang ao relato bíblico, assim mostra Noé contando a seus filhos a história da criação e juntamente a esse relato imagens da evolução vão aparecendo. Para o mundo, e inadmissível que Deus tenha criado tudo conforme o ensinamento das Sagradas Escrituras. O filme mostra uma postura deísta, ou seja, admite a existência de Deus, mas desde que ele não interfira na criação pela sua providência.
3. O filme é profundamente humanista e antirreligioso: no filme Noé não entendeu profundamente o chamado divino, pois, para ele, toda a humanidade deveria morrer, mas Deus afirma na Palavra: “Entra na arca, tu e toda a tua casa, porque reconheço que tens sido justo diante de mim no meio desta geração” (Gn 7.1). Com essa dúvida e uma ausência da revelação divina, passa a ser retratado como um fanático que rompe a paz da arca, assim como ameaça toda a sua família. Ele só volta a si quando olha para suas netas. A mensagem do filme é: quando o homem se foca na revelação divina ele se torna um fanático, mas quando se foca na humanidade reassume seu bom senso, por isso firmamos que essa produção é humanista, pois coloca o homem no lugar de Deus.
4. Total incoerência com as Escrituras: o filme insiste em eliminar a linhagem de Cam e Jafé fazendo-os entrar em mulheres na arca, meso que a Bíblia afirme o contrário (Gn 6.18; 7.13; 2Pe 2.5). O problema de Cam é tratado como uma má convivência com o Pai e não um problema na essência, ou seja, ele não era um eleito. O filme mostra que os ímpios queriam se apoderar da arca, porém Jesus afirma que nos dias de Noé as pessoas: “comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, e veio o dilúvio e destruiu a todos” (Lc 17.27).
Noé é um filme que gerou muita expectativa, mas foram frustradas diante de um resultado que visa apenas enganar o povo de Deus levado a focar mais nos homem do que em Deus e sua Palavra, todavia como compreenderemos o ser humano sem o auxílio fundamental daquela que nos é apresentada como única regra de fé e prática.



sábado, 27 de dezembro de 2014

O Poslúdio de Natal


O Poslúdio de Natal
Tirando aqueles que partilham da fé romana que começaram o natal na vigília do dia 24 e vão concluir as celebrações desse tempo litúrgico apenas no dia 11 de janeiro (festa do batismo do Senhor). Sem contar que a igreja romana celebra o natal do dia 25 ao dia 1º de janeiro (as oitavas do natal). Contudo, nós que não partilhamos da mesma visão litúrgica e teológica, já começamos a encaixotar árvores artificiais, penduricalhos e as luzes, que nos serviram de ternos enfeites, porque conhecemos Jesus, todavia àqueles, cuja finalidade dessa data é comer e beber, só serviram de decoração para uma festa que passa no tempo do efeito dos remédios para o fígado e má digestão.
Muitos cristãos têm investido tempo em um combate inútil a essa comemoração apontando suas origens pagãs, porém não percebem como o cristianismo tem se corrompido em estruturas distantes do verdadeiro evangelho. Resgatar a mensagem do natal implica em uma busca pertinente para preservar a genuína mensagem cristã.
Estamos acostumados a ouvir sermões que condenam o Papai Noel, todavia ele é a fábula que constantes gerações optaram ouvir que dar atenção à verdade (2Tm 4.3,4). A popularidade do “bom” velhinho está atrelada a omissão da igreja em oferecer o devido testemunho, pois nossas congregações podem se enveredar pelas mazelas do partidarismo, da vanglória ou do egoísmo (veja Fl 2.3,4).
Calvino defende que partidarismo (eritheía – ἐριθεία) é quando “cada um se dispõe a manter com persistência sua opinião pessoal”[1]. Esse problema era visível na igreja de Corinto (1Cor 1.11-13), pois homens como Pedro, Apolo e Paulo estavam sendo honrados de tal maneira que prejudicavam a honra de Cristo, que “só reina em nosso meio quando ele constitui os elos que nos ligam a ele numa unidade sacra e inviolável”[2].
Algumas igrejas buscam a mesma glória vã/vazia (kenodoxia – κενοδοξία), que “assanha a mente dos homens, de modo que cada um se deleita com suas invenções pessoais”[3]. Ananias e Safira queriam a glória vazia de serem vistos pela igreja como doadores que sacrificaram tudo, mas, secretamente, reservarem parte do dinheiro[4] isso é visto como uma ação perniciosa de satanás (At 5.3,4).
Para esses dias que pessoas buscam as igrejas para ficarem ricas ou a procura de sentimentos paliativos, John Bunyan afirma que “o homem que assume uma religião por motivos mundanos, também a abandonará pelos mesmos motivos”[5].
O egoísmo de atentar-se para as posses e títulos é outro câncer da igreja fiel. Segundo Boor, a igreja não necessita de pessoas que negligencie suas obrigações, pois isso traria encargos que a comunidade da fé não poderia suprir, mas lembrar-se do próximo de tal forma que ninguém fique desassistido ou sobrecarregado[6] deve ser uma característica da família da fé. Só podemos pensar nos outros sem sermos meramente altruístas ou paternalistas imitando a disposição de Jesus de assumir nossa humanidade para nos salvar.
As estruturas corrompidas, no conselho de Paulo, devem encontrar remédio na humildade de Jesus na manjedoura de Belém. A igreja é convidada a imitar a humildade de Jesus no natal não se apegando, se esvaziando e se humilhando.
Paulo, inspirado pelo Espírito Santo, ordena a comunidade da fé a imitar a mesma estrutura mental de Cristo (froneístho – φρονείσθω), porque tanto nossas atitudes boas como as ruins começam em nosso coração, ou seja, na nossa disposição de enxergar a vida. Não é à toa que Salomão disse: “sobre tudo o que deve guardar, guarda o coração, porque dele procedem as fontes da vida” (Pv 4.23). Paul David Tripp afirma: “o coração é o você ‘verdadeiro’. É a essência de quem você é. Apesar de colocarmos muita ênfase na pessoa exterior, todos nós reconhecemos que a pessoa verdadeira é a de dentro”[7].
Segundo Tripp[8], os incentivos ou a pressão externa podem mudar temporariamente o comportamento e as circunstâncias, mas se a mudança não for radical e acontecer no coração, pela graça de Jesus, não se perpetuarão. Se do íntimo do homem procedem “os maus desígnios, a prostituição, os furtos, os homicídios, os adultérios, a avareza, as malícias, o dolo, a lascívia, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura” (Mc 7.21,22), urge buscarmos aquele que muda o coração de pedra em coração de carne.
A primeira lição que Jesus nos dá no natal e, que tem o poder que reformar nossa visão do mundo ao nosso redor, é o desapego. Conta-se que um dia Sócrates, certo dia, diante de uma tenda do mercado, disse: “Vede quantas coisas os atenienses precisam para viver”[9]. Quantas coisas foram inventadas para nos escravizar. Daqui a pouco tempo uma criança imaginará como nossa geração viveu sem celular, tal como pensamos como nossos ancestrais viveram sem geladeira. Os confortos são bons e necessários, mas eles não podem nos engessar em um comodismo vicioso.
Nossa sociedade consumista nos impregnou de uma concepção absurda que mede quem somos por aquilo que temos. Dessa maneira, não conseguimos negar a nós mesmos para tomar a cruz que é imposta àqueles que desejam seguir o Salvador (Mc 8.34), tampouco somos capazes de dar a outra face, ou nossa capa ou andar a segunda milha (Mt 5.39-41). Encastelamo-nos em um feudo de prazeres e vaidades que nos dão um conforto fugaz e, também, nos mata pouco a pouco.
Calvino traduz Filipenses 2.6 da seguinte maneira: subsistindo na forma de Deus, não considerou 0 ser igual a Deus coisa a que se devia apegar[10], pois o termo ἁρπαγμός, que na Almeida Revista e Atualizada está traduzido como “usurpou”, significa, segundo o Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, para a maioria dos exegetas, “coisa agarrada como desposo”[11]. Barclay[12] entende duas possibilidades de tradução: 1.) Jesus não precisa se desfazer da igualdade com Deus, porque esse é seu direito e ninguém pode tirar essa realidade dele, 2.) Jesus não reteve sua igualdade se recusando a entregá-la.
Entendemos que Jesus não reteve sua majestade, glória e autoridade orgulhosamente se negando ao plano redentor estabelecido antes da fundação do mundo, tampouco sua encarnação não foi capaz de fazê-lo menos Deus do que foi desde a origem, porque o autor de Hebreus diz que Jesus é “o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser” (Hb 1.3)[13].
Jesus não reteve sua igualdade com Deus para estabelecer um padrão de conduta, pois nos ensina que podemos. Calvino, da mesma maneira, afirma: A humildade de Cristo consistiu em ele descer, do pináculo mais elevado de glória à ignomínia mais baixa; nossa humildade consiste em refrear-nos de uma exaltação egoísta por uma falsa estima. Ele renunciou ao seu direito; tudo o que se requer de nós é que não assumamos para nós mesmos mais do que devemos[14]. Nosso orgulho e o desejo de nos apegarmos a coisas efêmeras nos levam para longe do verdadeiro sentido do natal.
A segunda lição que recebemos de Jesus, que nos faz engajar em uma vida comprometida com o evangelho fiel, é o seu esvaziamento (kenoo – κενόω). Jesus, diferente do que alguns liberais afirmam como Barclay, Jesus não deixou sua divindade. Berkhof defende que esse esvaziamento implica “renunciar Ele a Sua majestade do supremo Governador do universo, e assumir a natureza humana de um servo”[15]. Calvino entende que nesse período de humilhação, que vai da manjedoura à descida ao hades, Jesus não perdeu, nem diminuiu sua divindade, mas apenas o ocultou na carne[16].
No ventre de Maria Jesus recebe a humanidade e, por ser gerado do Espírito (Lc 1.35), “as duas naturezas inteiras, perfeitas e distintas – a divindade e a humanidade – foram inseparavelmente unidas em uma só pessoa, sem CONVERSÃO, COMPOSIÇÃO ou CONFUSÃO”[17] (Cl 2.9; Rm 9.5).
O esvaziamento implicou Jesus assumir a forma de um servo, o que se torna inegavelmente evidente quando lava os pés dos seus discípulos (Jo 13.14,15) assumindo a tarefa de um escravo, tornando-se um padrão de conduta para todos os seus discípulos. Talvez um dos grandes entraves do “cristianismo” de nossos dias esteja no fato de que algumas pessoas não estão dispostas a servir, mas serem servidas. Carson afirma: “o zelo cristão divorciado da humildade transparente soa como vazio e até mesmo patético”[18]. Servir não pode ser um simples rito, um ideal ou uma expressão lingüística, mas uma prática. O termo grego δοῦλος (doulos) significa escravo.
Jesus assumiu nossa humanidade em todos os aspectos exceto o pecado, mostrando-nos que nossas atitudes pecaminosas não fazem parte de nossa natureza, mas da atitude idolátrica de colocar um ídolo no lugar de Deus[19]. Dessa maneira, Jesus amou o Jovem Rico (Mc 10.21), se compadeceu da viúva de Naim (Lc 7.13), chorou diante do túmulo de Lázaro (Jo 11.15) e se irritou com os vendilhões do templo (Jo 2.15), mas sem nenhum pecado. Dessa forma, não podemos culpar nossa natureza para as nossas mazelas, mas mortificar-nos aos pés da cruz.
Existem duas formas de desapego: material e emocional. Tenho duas filhas. Quase sempre uma quer o brinquedo da outra e é comum uma dar de livre e espontânea vontade, mas, ao sentir falta do que perdeu, começar a chorar. Isso mostra que uma ou outra está disposta a se desfazer fisicamente do brinquedo, mas não emocionalmente. Jesus se esvaziou de sua relação favorável com a lei, se fazeno pecado em nosso lugar (2Cor 5.21); suas riquezas (2Cor 8.7); sua glória celestial e o livre exercício de sua autoridade[20]. Da mesma maneira, não ficou se lamentando o que se desapegou quando passou fome no deserto (Mt 4.2) ou sedo no poço de Jacó (Jo 4.7) e no alto da cruz (Jo 19.28). O Senhor nos ensinou a nos desapegarmos física e emocionalmente das coisas desse mundo.
A terceira lição que reformadora de nossa vida cristã é a humilhação. O esvaziamento do Senhor é visto em sua humilhação (tapeinóo – ταπεινόω), cuja essência “está no fato de que o supremo legislador se coloca sob a lei” (Gl 4.4). O orgulho não edifica ninguém, porque Jesus nos mostra, em parábola, que um publicano e um fariseu subiram ao templo. Este orava de maneira orgulhosa, enquanto aquele se reconhecia como indigno. O publicano foi justificado e o fariseu não, porque todo o que se exalta será humilhado; mas o que se humilha será exaltado (Lc 18.14).
A humilhação de Jesus se dá no fato de obedecer até a cruz. Igualmente, vencemos o orgulho quando somos capazes de obedecer até a morte (Ap 2.10). Jesus não recebe galardão algum em obedecer, porque ele é o galardoador, tampouco tem posição, mais elevada, pois é Deus com o Pai e o Espírito Santo, mas obedece como novo Adão (1Cor 15.45) para nos ensinar o valor da obediência.
Se soubermos nos desapegar, esvaziar e humilhar conseguiremos fazer uma reforma profunda em nossas vidas alicerçando-a à Palavra, assim como dando o real sentido para o Natal que vai muito além de decorações e comilanças, mas de imitarmos Jesus na sua humildade. Esse artigo deseja ser um poslúdio que encerra as celebrações que executamos em nossas igrejas, mas um prelúdio de uma nossa concepção de ser cristão.



[1] CALVINO, João. Filipenses. São José dos Campos-SP: Fiel, 2010, p. 40.
[2] CALVINO, João. 1Coríntios. São José dos Campos-SP: Fiel, 2003, p. 46.
[3] CALVINO, João. Filipenses. São José dos Campos-SP: Fiel, 2010, p. 41.
[4] BOOR, Werner. Comentário Esperança: Atos. Curitiba-PR: Esperança, 2002, p.52.
[5] BUNYAN, John. O Peregrino. Boituva-SP: Publicadora Menonita, 2009, p. 121,122.
[6] BOOR, Werner. Comentário Esperança: Filipenses. Curutiba-PR: Esperança, 2006, p. 33.
[7] TRIPP, Paul David. Instrumentos nas Mãos do Redentor. São Paulo: NUTRA, 2009, p. 92.
[8] Ibidem, p.96.
[9] https://sites.google.com/site/filosofiapopular/filosofia/filosofia-classica. Acessado no dia 27 de dezembro de 2014 às 03h26.
[10] CALVINO, João. Filipenses. São José dos Campos-SP: Fiel, 2010, p. 42.
[11] COENEN, Lothar; BROWN, Colin. Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2000, verbetes 159, 162.
[12] BARCLAY, William.Comentário do Novo Testamento. Disponível em http://pt.slideshare.net/OBREIRO/barclay-13316771
[13] Segundo Calvino, “embora não seja o propósito do Apóstolo, aqui, discutir a natureza de Cristo propriamente dita, mas sua natureza como nos é revelada, não obstante ele refuta suficientemente os arianos [Jesus é inferior ao Pai] e os sebelianos [Jesus e Deus são aspectos ou modos do agir de Deus], atribuindo a Cristo o que pertence exclusivamente a Deus e distinguido, ao mesmo tempo, as duas pessoas separadamente – o Pai e Filho. Consequentemente, inferimos que o Filho é um só Deus com o Pai, ainda que seja, não obstante, apropriadamente de tal maneira distinto, que cada um mantém sua própria substância” (CALVINO, João. Hebreus. São José dos Campos-SP: Fiel, 2012, p.34.
[14] CALVINO, João. Filipenses. São José dos Campos-SP: Fiel, 2010, p.43.
[15] BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. São Paulo: Cultura Cristã, 2003, p. 306.
[16] CALVINO, João. Filipenses. São José dos Campos-SP: Fiel, 2010, p.45.
[17] Confissão de Fé de Westminster, VIII, 2.
[18] CARSON, D.A. Comentário de João. São Paulo: Shedd, 2007, p.468.
[19] TRIPP, Paul David. Instrumentos nas Mãos do Redentor. São Paulo: NUTRA, 2009, p. 100.
[20] HENDRIKSEN, W. Filipenses. São Paulo: Cultura Cristã, 2005, p. 477, 478.